Julian e eu estaríamos sozinhos em nossa casa nova está noite. Esse fato nos deixara um tanto ansiosos e assustados, não que um de nós fosse assumir isso. Mamãe e papai estariam em um de seus congressos chatos e não havia ninguém para cuidar de nós na cidade nova. Mas é claro que nenhum dos dois estava reclamando, uma oportunidade dessas não se encontra em toda a esquina. Eu já bolava planos maquiavélicos, minha cachola estava a mil.
Meus pais saíram as 18h00min e nos fizeram prometer que não faríamos nada que comprometesse nossa integridade física, cá entre nós quem em tempos de hoje ainda fala "integridade física"? Ainda mais para os filhos pré-adolescentes. Poupe-me. Logicamente que eu e meu irmãozinho concordamos com tudo, obedientes como robozinhos. Mas nossos planos não eram nada "saudáveis".
Esperamos trinta minutos após a partida dos velhos, como meu pai diz um pouco de precaução não faz mal a ninguém. Então, como duas hienas ensandecidas do Discovery Chanel, começamos nossa sessão de diversão. Ligamos o som no volume máximo, esvaziamos a geladeira e armário de tudo que fosse gostoso, ou seja, altos índices de gordura, sal e açúcar. E então começamos a algazarra. Menos de vinte minutos depois a casa tinha se tornado o nosso templo sagrado. O chão estava repleto de sacos vazios de salgadinhos, penas de ganso (resultado de uma fabulosa guerra de travesseiros) e vários CDs e DVDs. Eu já prévia desmaios da parte de minha mãe e gritos do meu pai quando vissem o resultado de nossa noite de liberdade. Mas o que eu podia fazer!? Até os bons meninos merecem um pouco de diversão. Mais algumas notas A resolveriam o caso.
Já fazia umas duas horas desde a partida dos meus pais e nos já apresentávamos sintomas de cansaço. Droga, a noite não podia acabar tão cedo. Fomos até a cozinha procurar café, tentando assim prolongar nosso êxtase. Nada, nenhuma migalha. Não havia nenhum grão de café pra contar história. A cafeteira também estava vazia. Só nos restava desce até a dispensa.
A casa era velha e a madeira rangia frequentemente, senti meu irmão tremular atrás de mim. Perguntei-me porque a dispensa tinha de ficar tão longe. No fim de um corredor escuro, descendo uma escada, bem perto do porão.
Havia acabado de colocar o pé no primeiro degrau da escadinha quando ouvimos o barulho. Ele vinha do lado esquerdo do corredor. Onde havia outra escada, essa um pouco maior que a da despensa. Era a escada do porão.
O porão da nossa casa nova era velho e acabado e meu pai disse haver pouca serventia para ele. Por tanto o deixaram como estava. Trancaram a velha porta e esqueceram sua existência. Então como agora se ouvia aquele som que vinha daquela direção!? O que podia haver naquele lugar sombrio? Ignorei as batidas medrosas do meu coração e segui em frente na escada, puxando pela camisa meu irmão que parecia em estado de choque, gaguejando tão baixo que parecia um animal desfalecendo.
Foi quando eu estava no terceiro degrau que o barulho se intensificou. Parecia que algo de metal estava sendo arrastado sobre a madeira. Meu corpo tremeu diante do som. Engoli em seco e cochichos pro meu irmão:
-Você também ouviu isso?
Sua cabeça tremia enquanto ele a movimentava de cima para baixo sinalizando um sim amedrontado. Juntei toda a minha coragem de onze anos e disse:
-Vamos lá verificar.
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Jardim de Ossos - Conto
HorrorConto escrito por mim para um trabalho da escola. "Quando John e seu irmão mais novo Julian ficaram sozinhos em sua casa nova naquela noite esperavam encontrar uma fonte inesgotável de diversão. Ficar acordado até tarde e quebrar todas as regras. M...