O diário de Sophie

Capítulo 1: A Descoberta

 - Já saíram os resultados dos exames. Está pronta pra ouvir? Claro que não eu não queria ouvir um má notícia. - Sim doutor, diga-me, eu tenho algum problema?

- Sophie você é uma jovem bonita e inteligente, o que eu tenho para te dizer não é nada bom. Você tem leucemia linfoblástica aguda, algo raro para alguém da sua idade. É algo raro alguém da sua idade ter esse tipo de leucemia, o que pressupõe que talvez você já a tivesse. Ele faz uma pausa e suspirou. - De acordo com os exames Sophie, você tem pouquíssimas chances devido ao estágio avançado da doença e sem tratamento correto você terá aproximadamente um ano de vida.

Quando o ouvir falar, sento todo meu corpo adormecer e minha respiração ficar pesada, pareciam que as paredes daquela sala se estreitavam sobre mim. Eu estava em choque, tinha dificuldade que organizar meu pensamentos. Não tinha medo de morrer, sempre tive uma opinião positiva em relação á morte. Todos nós morremos um dia, e nem por isso estamos esperando esse dia chegar. Mas saber que sua vida está limitada há 365 dias nos faz ter medo da morte, nos faz querer viver.

Começou quando eu tinha 17 anos. No início era só tonteira, depois vieram os enjoos e os desmaios. Meus pais não sabiam  o que havia comigo, pensaram que eu estivesse grávida, mas depois descartaram essa possibilidade, afinal eu ainda era virgem (e que ideia, eu grávida?!). Até que um dia pela manhã depois que um leve mal estar, tive uma hemorragia e desmaiei logo em seguida. Nem eu sabia o que tinha. Fui levada para o hospital, mas parecia que não era nada de mais.

Fiquei lá apenas uma noite e depois pude voltar pra casa. Os médicos disseram que na verdade eu poderia ter tido distúrbio hormonal devido ao excesso de fadiga, por causa de minhas múltiplas atividades escolares. Apesar de não ter acreditado nem um pouco nesse diagnóstico, nunca mais houve qualquer problema despois que deixei algumas atividades de lado.

Passei o restante do semestre estudando, quase não tinha tempo para nada. Não podia ir ás festas, porque tinha que ajudar o comitê de limpezas. Minhas amigas sempre me chamavam para ir ao shopping ou a praia, nem sempre eu ia, mas ás vezes arrumava um tempinho.

Morávamos no litoral de Lisboa, numa casa que só de olhá-la, veríamos a história de Portugal no meado do século XIX. Meus pais se mudaram para Portugal quando eu tinha 2 anos, Mas nunca falavam em voltar ao país de origem. Sempre tive vontade de voltar e  conhecer o Brasil, minha terra natal, afinal, com minha pouca idade não tive a oportunidade de conhecer nada.

Foi no final de Novembro que algo surpreendente aconteceu, e que mudaria minha vida para sempre. Eu estava sentada no sofá quando meu pai me chamou dizendo que alguém queria falar comigo urgente. Levantei correndo e peguei o telefone, quem poderia querer falar comigo urgentemente?

- Sophie. Ouvi uma voz rouca dizer. - Sou a mãe da Matilde. Falou com um pensar. Não pude deixar de ficar preocupada, então perguntei:

- Algum problema dona Marta? Falei preocupada com sua agonia. Mas era evidente que havia algum problema.