1 - Rapaz do aeroporto

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Perder amigos? Já tinha noção que iria acontecer pois os meus pais já tinham falado da nossa mudança para a América antes do Verão, mas nunca pensei que seria tão difícil. Neste momento estou no avião sentada ao lado da minha mãe enquanto o meu pai dorme no banco ao lado do dela. Estou a olhar pela janela e vejo o meu país a afastar-se cada vez mais. É triste como tudo pode mudar de um momento para o outro. Perdi a minha melhor amiga, a Rosie e nunca vou encontrar uma amiga tão divertida, tão bem disposta e tão compreensiva como ela. Estou a tentar conter as lágrimas, sinto aquela sensação desagradável na garganta. As músicas deprimentes que estava a ouvir com os meus fones também não estavam a ajudar. Decidi tirá-los e tentei adormecer.
Quando acordei voltei a lembrar-me de todas as pessoas maravilhosas que eu perdi e lembrei-me ainda da minha separação com o Brandon. Eu e o Brandon namoravamos á 2 anos e meio, acabamos devido á distância porque ambos sabemos que quando ele precisasse eu não estaria lá para ele nem ele estaria aqui para mim. Decidimos ficar amigos mas sinceramente não sei se vou conseguir alguma vez olhar para ele apenas como apenas um amigo. O que tivemos foi demasiado especial para fingir que não aconteceu.
Afastei os pensamentos maus da minha cabeça e perguntei á minha mãe que horas eram. Faltavam 3 horas para chegarmos para o nosso destino.
Decidi ler, pode parecer estranho mas ler acalma-me e distrái-me.
Depois de ler uns capítulos do "Divergente", o meu livro favorito, serviram o jantar. Não nos deram um prato normal, mas sim um de plástico, a comida era uma massa com ótimo aspeto. A minha mãe decidiu acordar o meu pai e logo começámos a falar sobre as nossas expectativas sobre esta mudança, enquanto jantavamos. Apesar de não ter esperanças de arranjar amigos tão bons como tinha na Europa eu disse aos meus pais que tinha a certeza que os Americanos seriam simpáticos.
Voltei a colocar os meus fones de ouvido e desta vez, em vez de olhar para o outro lado da janela, decidi observar o que estava mesmo á minha volta, os passageiros daquele voo. Haviam pessoas de todas as idades, notei num rapaz que estava concentrado no seu iPhone ele tinha o cabelo castanho claro, olhos castanhos escuros, tinha ainda um sorriso lindo, parecia ter uns 17 anos ou assim. A verdade é que eu achei-o giro mas lembrei me logo que este ano apenas me quero dedicar aos estudos e nada mais. Coloquei os fones de ouvido, liguei a música e desliguei-me do mundo. Mais tarde fui acordada pela minha mãe.

"Kylie chegámos!! Acorda!"

Abri os olhos e fui ajuda-la a tirar as malas das bagajeiras. Peguei na minha mala e mal saimos no avião, choquei contra uma pessoa, deixando assim cair a os livros que o indivíduo tinha na mão. Atrapalhada disse:

"Pesso imensa desculpa, senhor, vou ajudá-lo a apanhar tudo"

O tal "indivíduo" levanto a cabeça e era o mesmo rapaz que eu estava a admirar umas horas atrás dentro do avião. Apanhei-lhe 2 cadernos e entreguei-lhe:
"Aqui tens, pesso desculpa"

"Não faz mal" - disse-me com um sorriso - "toma isto é para ti, espero voltar a ver-te mas tenho de ir" - disse entregando-me um papel dobrado em 2. Tinha um número de telefone e eu sorri e disse:

"Mas nem sei o teu nome"

"Não precissas" - piscou-me o olho e foi embora. Que rapaz mais misterioso, mas provavelmente não nos vamos voltar a ver, mas adicionei o número na minha lista da contactos. Logo a seguir fui ter com os meus pais que estavam á espera de um táxi no exterior do aeroporto.

"Já se iam esquecer de mim" - disse-lhes a brincar.

"Onde estavas?"- perguntou-me o meu pai.

"Digamos que tive um incidente"

"O táxi chegou" - interrompeu a minha mãe. Entrámos no táxi e esperamos até chegarmos á casa do melhor amigo do meu pai onde iamos ficar até a nossa casa estar pronta a ser habitada. Á entrada do prédio estava um homem alto com barba por fazer e cabelos escuros á nossa espera.

"Deves ser a Kylie"- disse beijando-me a mão.

"Sou eu mesma" - respondi.

O Fred, o amigo do meu pai, levou-nos até á porta de um apartamento. Ele contou-nos que tinha gémeos falsos da minha idade e que tinha esperanças que nós nos dessemos muito bem. Entrámos no apartamento e pareceu-me pequeno, porque também estava habituada a uma casa enorme com jardim e tudo. Mas apesar de pequena pareceu-me acolhedora. Veio ter connosco uma senhora muito sorridente de cabelos loiros, que logo me cumprimentou e foi muito simpática. Essa era Anne, a mulher de Fred, ela disse que me queria apresentar a Stella a filha dela, então confuziu-me até ao último quarto daquele pequeno apartamento. Abriu a porta e os meus olhos foram ofuscados pela quantidade de cor-de-rosa que existia naquele quarto.
Uma rapariga de cabelos loiros encaracolados voltou-se e disse:

"Esta é aquela rapariga que vai passar cá uns dias?" - disse com cara desinteressada.

"Stella, esta é a Kylie, é filha dos Hayles!" - disse Anne

"Boa! Agora podem sair as duas?" - respondeu outra vez desinteressada.

"Não te preocupes, ela não é sempre assim, agora deixa-me mostrar-te o teu novo quarto. Já agora deves ter reparado que não te apresentei o irmão da Stella, bem ele só vai aparecer ao jantar"

"Ok, obrigada por tudo" - respondi agradecida.

Anne deixou-me arrumar as minhas coisas, até que me lembrei do número que aquele rapaz me deu no aeroporto. Decidi mandar mensagem, porque afinal nem sabia o nome do rapaz. Então mandei:

"Já me podes dizer o teu nome?"

Passado uns segundos recebi uma resposta: "Eu sou o Matt"

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