RENDIDOS POR UM CASAMENTO

VIII

MAS ELE SEMPRE CHEGA.

Mais tarde, apesar das dores nos membros superiores, a casa estava limpa e organizada. A sala de estar carregava um estilo clean com a nova estante, mas recebia uma leve sobriedade com o sofá cinza e as almofadas amadeiradas tal como o taco que adornava o chão. Mesa posta por bombom de mignon e tartar de banana, arte escolhida por Jonas e um dos pratos mais optado no menu do Romanzza Bar.

— Estou descendo, já passa das dezenove e quinze, hulkinha. Eduardo e Maju estão subindo com meus pais e minha avó. Sabe como dona Margareth odeia esperar. — Avisou parado na porta do banheiro dispunha o relógio no pulso direito tal como a aliança que comprara mais cedo, ao pedir que Tenório parasse na Vivara do Leblon. Deixou a pequena caixinha em veludo vermelho na escrivaninha e mais uma vez bateu na porta: — Abra a caixinha que está no armarinho do quarto, acho que irá gostar.

— Certo, não vou demorar. — Gritou de volta, terminando de enxaguar o corpo. — Veja se a comida está quente e coloque o Charlie para dentro. — Balbuciou novamente, ouvindo passos pelo quarto, o empresário se vislumbrava no espelho extenso em um conjunto casual de short acima do joelho e camisa de manga em estampa lisa, cheio de estilo em tonalidade bege contrastando com a pele morena. Alarmou-se ao ouvir o som da tranca e então a porta do banheiro se abrindo para uma Fernanda ainda enrolada na toalha passar. — Gostei.

— Vou usar um branco no nosso casamento.

— Seu pai vai enfartar. — Brincou jogando o cabelo curto molhado para frente, chacoalhando uma e outra antes de retornar a postura ereta, perdendo o tecido molhado que enrolava seu corpo no percurso.

— Talvez eu enfarte. — Murmurou Edgar segurando o riso nervoso, pela segunda vez no dia a via molhada e nua, uma vez que lingerie branca molhada não contava como inibidor de nudez. — Vou recepcioná-los. Não demore.

Pediu saindo do quarto rapidamente. Fernanda apenas revirou os olhos atravessando o espaço até a caixinha, tocando-a com cuidado, abrindo-a e revelando um anel em ouro branco e pequenos diamantes da linha Eternity. Ao lado um bilhete com a letra cursiva de Edgar: Brilhante e emotivo, como a força da natureza, achei a sua cara, espero que goste, hulkinha.

Sorriu ao passar a delicada joia em seu anelar direito. Observando como combinava com sua unha rendada e longa, no entanto não deixou-se perder ali, agitou-se pelo espaço se vestindo rapidamente e seguiu pelo corredor. Ouvia Margareth rindo a torto e a direita e pelo espelho da sala foi possível captar Gregório e Sandra perambulando pela sala de estar observando as fotografias, que inclusive estavam presentes. Perpassava pela cozinha quando Maria Júlia anunciou que Eduardo e Edgar haviam saído para buscar outras bebidas.

— Sua sogra gosta de vinho branco porque é mais suave. — Explicou, olhando-a de cima a baixo, Maria Júlia era consideravelmente mais alta que si, também tinha os cabelos negros lisos e em corte pixie, se vestia elegantemente com calça alfaiate e blusa social, ambos branco e ousava nos detalhes, brincos e pulseira tão vermelhos quanto seu batom em boca carnuda, salto alto tal como o da anfitriã.

— Aquilo nos pés do Gregório são chinelos? — Inquiriu confusa e de olhos arregalados, recebendo um sorriso de escanteio também surpreso e um dar de ombros. — Meu Deus, que esquisito.

— Nem me fale, o Eduardo quase caiu pra trás já o Edgar não parecia assim tão surpreso. Amei esse vestido longo e esses saltos.

Não estava habituada a saltos, gostava de navegar entre as possibilidades e considerando a ocasião, ali estava. Em vestido justo longo, preto, salto e cabelo ainda molhado, deixaria que secassem naturalmente. Cruzou a cozinha, se serviu de suco, ofertou a Maju e se preparava para adentrar a sala quando a porta rompeu num baixo zunido e seu pais atravessavam o portal com os Monteiro Lagos no encalço.