With Love, Alyssa

Capítulo 2

[ MENSAGEM DE LANA ] Aly? Acorde! Hoje temos prova do Sr. Nelson e não consegui estudar. Preciso de você. Estarei no corredor três. Xx

...

Bufei ao ler a mensagem. Lana é minha primeira amiga desde que me mudei, há cinco anos. Sua dificuldade em matérias veio se tornando frequente desde quando começou a namorar Robert. Ainda poderia dormir mais uma horinha, mas me apressei em me vestir e pegar carona com minha mãe, assim chegaria a tempo suficiente de colocar a matéria na cabeça de Lana.

- Já? – Perguntou minha mãe mordiscando uma torrada.

- Uhum – Concordei roubando uma de suas torradas.

- Anda tomando algum energético? Eu não conseguiria viver nesse pique. – Mamãe mexia com a cabeça negativamente.

- Gosto de aproveitar o dia! – Esbocei um sorriso sapeca e tomei alguns goles de suco.

- Uma hora essa bateria não aguentará.

Não respondi e continuei tomando meu café com os poucos minutos de calma que teria aquele dia. Terminamos de nos arrumar e saímos. Nossa cidade, ao contrário da antiga, é pequena e calma, sem trânsitos. Minha mãe dirigia devagar ao som de alguma música lenta e enjoativa enquanto eu tentava ignorar observando as casas e as poucas que transitava pela manhã. Próxima a escola avistei umas meninas de minha idade, atraentes de cabelos soltos, blusas decotadas e calças apertas. As encarei curiosa e as mesmas agora também me encaravam de forma estranha. Desviei o olhar depressa e olhei para minha calça jeans desbotada e amarrotada, inclinei os pés para cima e minha bota marrom mostrava que eu não tinha nada de sensual. Puxei minha blusa branca de manga longa para baixo tentando ver algum decote e minha mãe me despertou com sua voz, me fazendo subir a blusa novamente.

- Boa aula filha!

- Obrigada pela carona mãe!

Sai do carro erguendo minha bolsa pesada e fui à busca de Lana. A escola estava pouco movimentada, somente alguns funcionários, professores e alunos. Apressei os passos e não acreditei no que via.

- Lana! – Exclamei com os lábios sem voz quando seu olhar encontrou o meu. Respirei fundo e marchei em sua direção.

- Calma! Eu não te usei para vir mais cedo com Rob. – Lana falou depressa, justificando.

- Ally! – Acenou Robert. Retribui com um sorriso furioso.

- Ele já está de saída, não é bebê? – Ela deu um selinho nos lábios de seu namorado e o mesmo levantou na mesma hora.

- Estudem ai garotas! – Ele sorriu com ar de galã. Franzi a testa e soltei um riso inteiro.

- Lana! – Gritei.

- Tá, eu sei! – Ela resmungou.

Pegamos nossos livros e ficamos a revisar a matéria de biologia do Sr. e temido Nelson.

Enquanto passava resumos feitos por mim quando estudei em casa, fiquei a analisar a quadra da escola. Alguns garotos usuários de drogas, em completo mundo secreto, somente deles.

Eu custava a entender porque a escola não tomava atitudes, simplesmente faziam vista grossa ao que estava acontecendo.

- Eu não sei como sairei dessa! – Lamentou Lana.

- Talvez devesse pensar na formatura, não quer tê-la esse ano? – Perguntei.

- Não haja como uma adulta careta Ally! – Lana revirou os olhos. – Não começa!

- Não resisti. – Minha tentativa de segurar o riso fez que eu soltasse um escandaloso.

Lana é tão diferente de mim. No começo de nossa amizade ela insistia em mudar meu estilo. Como ela dizia: "Ainda irei sequestrá-la, amarrá-la e tirar esses trapos horríveis do seu corpo!". Realmente ela tentou, mas sem sucesso. Acabou desistindo. Lembrar-me disso me fazia dar boas risadas.

- Vamos! – Guardamos nossos livros e nos levantamos.

Avistamos alguns garotos em completo alvoroço quando o sinal tocou. Andamos encostadas no armário para não esbarrar com eles, porém, um garoto enorme empurrou um magricelo contra o armário, por consequência me atingindo em cheio. Bati os braços e cabeça, fazendo ecoar em meu ouvido o barulho de lata das portas dos armários.

- Cuidado porra! – Ouvi os gritos de Lana.

- Você está bem? – Se aproximou um garoto com a feição animada. Não entendi o motivo de sua animação. E o olhei confusa.

- Drogados, olhem por onde andam! – Lana ainda gritava incrédula.

- Chega Lana! – Me recompus e encarei aquele garoto que agora se afastava rindo.

- Ogros! –Lana me olhava preocupada.

- São uns coitados! – Falei em voz baixa enquanto seguíamos para nosso corredor.

- Coitados?

- Eles estão drogados! Acha que estão conscientes? Eles precisam mesmo é de ajuda!

- Só falta você ir convidá-los para o centro de apoio! – Lana ria debochada.

- Boa ideia! – Pensei.

- Eu falei brincando viu? – Lana virou bruscamente para mim, desconfiada.

- Eu não!

Entramos na sala de aula e o professor separava as provas ainda em sua mesa. Lana sentava na carteira ao lado, cumprimentamos alguns colegas e ela logo ela me puxou pelo braço.

- Eles não são como cachorros de rua que você simplesmente pretende ajudá-los e leva para casa! – Sua voz em sussurro saia rouca, agora quem levava bronca era eu.

- Eu só vou ajudá-los Lana! – Revirei os olhos. – Relaxa! – Sussurrei esboçando um sorriso tranquilo.

O professor logo se colocou a frente da classe e iniciou a prova. Ao trocar alguns olhares com Lana, seu olhar desesperado me arrancava sorrisos involuntários. Lana é uma dramática nata.