-Ande sua insolente! Sua alteza está esperando!
É o que me diz a arrumadeira chefe, querendo ou não, sou obrigada a obedecer suas ordens, afinal ela está a mando de sua majestade, o rei.Ela quer que eu vá ao mercado comprar pães frescos para o café real, como se já não basta-se a quantidade de comida que o rei há de possuir.
-Sim senhora, estou indo agora mesmo
-Tome, leves contigo está cesta para colocar os pães e junto estas moedas. Apresse-se!
O castelo é enorme, para cada lado que se olhe a corredores, tapetes vermelhos e tochas incendeiam o local, flores e lustres de 2 metros varrem o teto e as janelas. O local é perturbadoramente bonito, as vezes me pego pensando se dei sorte ou azar de estar aqui. A noite desfruto de uma cama quente se desejar, mas ao mesmo tempo sou feita de carrasco a coices de mula. Não vejo felicidade nem tristeza no que sou, então, o que há de ser de mim?
O caminho da cozinha até os portões do castelo não demoram muito a serem percorridos, ao sair dou-me de cara diretamente com a cidade, o que já é um alívio pois não sou do tipo de pessoa que há de gostar de caminhar por ai. Principalmente em uma cidade como Safin, ela possui lá seus encantos mas ao entardecer também revela seus perigos, estupradores e ladrões rondam estes muros ao qual me esgueiro para passar.
Enquanto caminho pelo mercado não deixo de desfrutar a boa companhia, amigos meus acenam para mim. Feirantes, vendedores, comerciantes e até simples conhecidos. Conforme ando também aceno de volta e as vezes acuso um ''bom dia''. Como dizes minha madrinha: Sejas sempre gentil com todos, nunca se sabes de quem vamos precisar amanhã
E assim chego a padaria. Gosto de vir aqui de vez em quando apenas para visitar Peter, meu velho amigo de infância. Ao passar pela porta sinto de imediato o aroma agradável de pães recém assados junto de manteiga derretida.
-Bom dia Peter- digo ao recostar-me no balcão apreciando a vista de bolos,pães e tortas dos mais variados tipos
-Bom dia Sophy, então o que vens fazer aqui? Pelas tuas vestes garanto que não deve ser me visitar
Peter nunca foi um homem de muita sorte na vida. Aos 16 anos seu pai veio a falecer, deixando apenas dividas e uma padaria como herança, sua mãe não podia trabalhar nela pois já estava em outro ramo. Os impostos aumentavam e o dinheiro diminuía, até que ela adoeceu por exaustão ao trabalho. Peter trabalhou duro na padaria para poder conseguir dinheiro suficiente para comprar os remédios que ela necessitava. Após muito suor e noites em claro ele conseguiu curar sua mãe e também garantiu o futuro sustento da família.
-Não sabia que para ver-te precisava estar em bons trajes
-Tens razão não precisa, sua presença já me agrada
-Fico feliz em saber mas ficarei mais feliz ainda, se me der pra já uma duzia de pães recém assados
-Mais alguma coisa minha senhora?- ele diz com um sorriso em seus lábios
-No momento é só, e se me adiantares com isso venho amanhã a tarde para conversar contigo- falo sorrindo e jogando a cesta em sua direção
-Nossa, porque toda esta pressa?
-Estou a mando de sua majestade
-O rei?
-Não! O carteiro!... Vamos Peter adianta-me com isso se não serei jogada da torre
-Tudo bem- ele diz sorrindo enquanto se dirige ao forno e retira de lá 12 pães dourados,em seguida passa manteiga sobre ele
Assim como eu ele é jovem, não deve passar dos 18 anos, é incrivelmente belo e forte e possui um coração tão doce quanto mel. Nunca o vi como além de um amigo, e espero que continue assim, não sei como pode ser minha vida dentro de um relacionamento amoroso. E acho que nem quero descobrir...
-Aqui está- diz enquanto entrega-me a cesta com os pães dentro
-Obrigada, quanto lhe devo?
-5 moedas
Dou-lhe as moedas e pego a cesta
-De-me também um destes bolinhos recheados com creme
-É para a Valery?
-Aham
-Então leves um de morango, sei que ela gosta mais destes- diz entregando- me um bolinho rosa com um morango em seu topo
-Ok, quanto?
-Não tudo bem, é um presente
-Não Peter, não precisa...- começo a insistir mas sou interrompida no meio da frase
-OK tens razão, podes me pagar mas não quero dinheiro- ele diz erguendo suas mãos em um gesto de redenção
Semicerro meus olhos em sua direção e faço um biquinho
-E o que tu queres Peter Blanc?
-Uma massagem não serias má ideia, MAS, já tenho algo em mente
-E o que seria?- pergunto curiosa
-Vá amanhã em minha casa, antes do por do sol
-Para que?
-Você verá. A! e antes que eu me esqueça, vá com uma roupa agradável aos olhos
-Roupa agradável e quase despida são coisa diferentes senhor Peter
-Eu não ia sugerir isso mas já que tu insistes...
-Não! Ok, eu entendi. Roupa decente e simples,nada mais nada menos
-Muito bem dito
-Peter- chamo-o já saindo pela porta
-Sim?
-É um encontro?
-Não, a menos que queira- ele responde de uma forma tão calma que por alguns segundos cogito a ideia de dizer que sim
-Ok,até Peter
-Até Sophy
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Esse Amor Me Mata
Romance''Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.'' -William Shakespeare Sophy, apenas Sophy. Sem um sobrenome ou nada que me seja digno de ser dado, meus pais, não tiveram tempo de escolher um pois faleceram antes disso...