"Amei você em cada um dos dias que me foram restantes. Creio em mim que amava até antes de conhecê-lo. Amei você quando o vi parado nos arredores de minha escola, usando óculos escuros e encostado no carro. Braços cruzados, sorriso ladino e parecendo inalcançável para alguém como eu era. Você era exatamente o contrário de mim. Safado, descontraído, incorreto. Mamãe diria que você não era flor que se cheire.
Não pude ouvir o que ela disse quando fugimos de casa.
Você me salvou. Me salvou da futilidade, de uma vida medíocre lendo biografias e teorias de vida de pensadores mortos. Me salvou de viver como outra pessoa qualquer. Me salvou e me trouxe à vida. Você era tudo. Ainda é. Não há um dia sequer que eu acorde e meu primeiro pensamento seja você. Você foi o primeiro, único. Está enraizado em minhas veias, parte de mim.
Lembro de nossa última briga todos os dias. Quando vi você caído, inerte em meio ao sangue. Lembro-me da sensação de tomar você em meus braços. Da aspereza das mãos cheias de sangue em atrito com suas roupas. Eu esperava que você estivesse vivo. Tua pele ainda estava quente, a branqueza e suavidade de tua derme em minhas mãos. Supliquei aos céus, esperando qualquer tipo de milagre ou atitude que o traria de volta pra mim. Chorei até não sentir mais meus pulmões. Até que a dor seja sufocante a ponto de não sentir nada além daquilo. Ao sentir tal estado de torpor, eu não via nada além de você. Tuas pálpebras caídas, impedindo-me de olhar uma última vez nos teus olhos. Teus significativos olhos. Nunca me cansarei de dizer o quanto os amava. Na verdade, eu amo você por inteiro, babe. Amo cada célula do teu corpo, cada centímetro de pele e cada canto escuro do teu coração. Você é meu. Pertencemo-nos.
Zayn, aquele seu amigo traficante que eu odiava, achou-me primeiro. Debruçado sobre o teu corpo, os braços, roupas e rosto manchados de sangue coagulado e desmaiado. Levaram-me ao hospital, sem saber o que fazer. Eu não estava machucado. Não fisicamente.
Sentimentos e perdas machucam muito mais do que qualquer outra coisa. Dor tal que não se consegue respirar, disposto em quase estado vegetativo, onde se vê vermelho e não parece haver saída senão a morte. Algumas vezes, nem ela.
Implorei para quem pudesse ouvir para me levar junto de ti. Para arranjar um jeito de me aproximar outra vez de você, uma última vez de tocar seu rosto e olhar fundo nos teus olhos. Gostávamos de fazer isso, lembra? Quando passávamos horas a fio apenas trocando olhares. Conectando almas. Conhecendo-nos. Amando-nos. Incondicionalmente e infinitamente.
Eu amava cada um dos teus atos. Amava todas as vezes em que me tocava. Quando apertava, mordia e beijava, sussurrando juras de amor, levando-me à loucura. Entregava-me totalmente a você. Me tornava seu sem hesitar, todas as vezes. Possuíamos um laço maior do que éramos capazes dever, maior do que éramos capazes de expressar um ao outro.
Amava quando entrávamos dando voz de assalto, e você virava-se para mim sorrindo e dizia o costumeiro "dividir e conquistar", para no mesmo segundo ir na direção contrária, pegando todo o dinheiro que os sacos eram capazes de aguentar. Amava ver seus olhos brilhando quando segurava a minha mão forte para irmos embora quando acabávamos. Todas as vezes foram assim.
Amava quando você tirava a balaclava e ria, me olhando. Tua risada era a minha endorfina. Anestesiava-me. Extasiava-me. Adorava vê-lo suado, sorrindo como uma criança no Natal e comemorando mais um sucesso. Adorava ajudá-lo a contar o lucro, jogando notas e notas para o alto e gritando sem se importar com nada. Você me ensinou o que era viver de verdade. Porque viver era isso.
Viver para si, viver para a pessoa que ama. É amar, chorar, rir, sentir. Dirigir louco pela rua, gritando a plenos pulmões e rindo como loucos. É beber até não se lembrar de como andar corretamente e depois foder como animais a noite toda. É sentir o sangue correndo por suas veias. Sentir a vida percorrer seus membros, ligando-o, eletrizando-o. Estar disposto a fazer o que quiser, sem importar-se com quem vai ouvir, ver ou o que vai dizer. É ser sem pensar em parecer.
Foi o melhor ano de minha existência. Você trouxe a mim mais do que eu jamais fui capaz de imaginar para a minha vida. Eu costumava ter tudo planejado, cada dia da minha vida. Terminar o colegial, fazer a esperada faculdade de direito e me tornaria um juiz, para caçar, julgar e prender sujeitos como você. Como eu me tornei um pouco mais tarde. E quer saber? Não me arrependo de nenhum dos meus atos.
Orgulho-me de cada um dos dias que fui o cara mais sortudo do mundo acordando ao teu lado e olhando no mais puro e profundo verde dos teus olhos. Cada dia costumava ser uma aventura diferente, você me surpreendendo de jeitos novos e inimagináveis. Espero que nunca se esqueça de cada um dos nossos momentos.
Como quando você me levou até o ponto mais alto da cidade e me mostrou o que era um cigarro de verdade. Nicotina era para bichas, você dizia. Cigarros de verdade eram os de maconha. Você era maluco! Mas não tive tempo de pensar muito sobre isso, sentindo teus lábios passeando por meu corpo e teu corpo sobre o meu. Não há droga que me deixasse tão extasiado quanto você me deixava.
Já faz algum tempo que você se foi, babe. Cada dia passa arrastado e longo como uma eternidade quando abro meus olhos e você não está deitado ao meu lado. Passei a dormir do seu lado da cama, abraçado ao teu travesseiro, que há muito não tem mais o teu cheiro. Niall vem me ver algumas vezes, para garantir que tudo está certo e eu estou me cuidando. Ele alega que você iria ficar bravo comigo se eu não estivesse comendo direito e sendo responsável. A verdade é que ninguém nunca vai entender. Não há como explicar a eles o quão intenso nosso relacionamento foi e o quão injusto foi ter acabado desse jeito. Tenho tentado manter você vivo em minha memória, fazendo o que você fazia, fuçando em suas coisas. Você se lembra de quando brigou comigo quando eu tentei arrumar suas roupas no armário, honey? Eu o fiz, já que não podia me impedir.
Achei um caderno surrado seu, cheio de escritas malfeitas e surradas, palavras jogadas aos montes e que falavam sobre alguém. Minhas iniciais estavam ali, no entanto. Você escreveu tudo aquilo pra mim, amor? Deus, aquele foi o único momento que eu senti você ao meu lado outra vez. Senti-me abraçado por aquelas palavras, confortado como há muito não estava. Guardo-o comigo e o leio todas as noites, desde que o encontrei.
Estou cansado, Harry. Cansado de esperar que eu um dia acorde e seja surpreendido por você gritando no meu ouvido e me enchendo de beijos, dizendo que havia me enganado e que eu caí em sua pegadinha como um patinho. Cansado de repassar os últimos momentos do enterro, quando vi seu semblante ser lentamente apagado e levado ao esquecimento assim que a terra cobrisse teu corpo. Estou definhando, amor. Em jeitos inimagináveis, que eu nunca soube que poderiam existir e o quanto doeriam. Sinto como se estivesse apagando, a pouca luz que irradiava indo embora junto com o tempo que passa. Você levou tudo de mim, porque você era tudo pra mim. Sei que nunca serei capaz de expressar com clareza o que eu sempre senti e o quão feliz você me fez, mas quero que pense sobre isso. Não sei onde está agora, não sei se pode me ver daí e o que está pensando sobre mim. Não me culpe, estou apenas aceitando o que há muito tenho tentado evitar. Quero que com o pouco que me sobrou, se esvaia com a última vez que eu pensar em você.
Serei teu pra sempre Harry. Amarei você até que o próprio universo definhe e acabe. Infinitamente, totalmente e cegamente.
Para sempre no meu coração seu sincero,
Louis."
Carta encontrada entre a brecha da lápide de Harry Styles, 13 de abril de 2012. Ao seu lado repousa o remetente, Louis Tomlinson, 23 de setembro de 2013.
eu nao consigo ler isso sem chorar, eu estou me engasgando nas minhas proprias lagrimas
mas enfim, eu quero agradecer a TODOS VCS que leram até aqui e principalmente a thingslarrycan por ter me dado a oportunidade de adaptar pra vcs essa historia maravilhosa. Obrigada por todo carinho e espero que fiquem bem com este final
vejo voces por aí.
All the Love, Betsy.
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robbers | larry version
Fanfictionbut if you never shoot you'll never know copyright © 2015 {thingslarrycan}