A Ligação

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  Acordei com meu celular tocando. Olhei para o lado e constatei que eram 2 da manhã. Decidi ignorar a porra do celular, mas quem quer fosse era insistente. Tinha dó de quem fosse ao telefone, pois a grosseria na minha voz era evidente. 

"O que faz uma pessoa me liga no meio da madrugada?" indaguei nervosa, sendo respondida por uma voz calma e suave, e ah claro muito familiar também. "Rose, você não mudou nada pelo visto." E eu podia apostar que ela sorria do outro lado. 

"Liss?" perguntei com cautela, afinal, fazia alguns bons anos que eu não via minha melhor amiga (quase irmã). "eu mesma. E me desculpe por ligar a essa hora, eu esqueci-me completamente do fuso horário."

 "Não foi nada, mas me conta como você está?" Disse animando minha voz, mesmo morrendo de sono. 

"Estou ótima e noiva." Fechei minha boca antes que meu queixo alcançasse o chão. "como assim Vasilisa Dragomir?" alterei minha voz e fiz uma nota mental para me acalmar. "Chris me pediu em casamento e eu aceitei" respondeu com a maior cara de pau. 

Liss e eu nos conhecemos no jardim de infância, e desde então não nos desgrudamos. Quer dizer mais ou menos, há cinco anos ela foi pra Roma estudar com o namorado, Christian, e desde então perdemos muito contato.

 "E com ele ainda por cima?" perguntei ainda irritada. 

"É, não mudou mesmo" disse com divertimento na voz. "Eu o amo e parem de implicância, vocês dois estão bem grandinhos." O tom dela parecia de uma mãe que pega os filhos fazendo arte. 

"Ok, quando é o casamento?" derrotada, acabei cedendo. Não adiantaria brigar com ela por causa dele. 

"No fim de semana" ela disse cautelosa. "Como assim fim de semana?" elevei a voz de novo. "está muito perto".

 "Eu não conseguia falar com você, está sempre tão ocupada no seu trabalho que não tem tempo para nada." ela se explicava. "Aposto que está solteira". 

"Golpe baixo, Liss." Esse era um assunto delicado, porque eu sempre tive os homens que eu quisesse aos meus pés. O corpo escultural e seios fartos, cabelos castanhos quase negros e muito longos, olhos de cores iguais e grandes. Isso tudo ajudava muito, mas eu não tinha tempo para nada e era por isso que todos os meus namorados terminavam comigo. 

"Golpe certo, Rose" disse exasperada. "Você vai me agradecer um dia, você vai ver." 

"Eu estou sem tempo para isso agora. Tenho uma matéria superimportante para fazer, que vai decidir meu futuro nessa revista. Vou ocupar o lugar de uma das editoras, Camilla Conta para ser mais exata. Ela se casou com um jogador de futebol e se mudou, e eu sou a mais indicada para o cargo. Eu não posso pegar um voo para Roma nesse fim de semana". 

"Se vira Rosemarie, eu quero você no meu casamento sábado as 19h00min," Ela disse brava "e impecável para ser nossa madrinha. Eu te mandei o convite por e-mail, se você entrasse no seu 'pessoal' você saberia. Tchau!" 

Ótimo. Eu preciso terminar minha matéria e pegar um voo para Itália. Kivora vai me matar. Vendo que eu não tinha mais opções resolvi ir dormir. Afinal, amanhã será um longo dia. Adormeci no mesmo instante, para ter pesadelos de minha nada querida chefa, chutando meu traseiro de inúmeras formas diferentes.

                                                  ------------------------ VA ------------------------ 

No dia seguinte, acordei um pouco atrasada pela interrupção do meu sono na noite passada. No entanto, eu não deixaria de estar bem arrumada. Coloquei uma camisa social de seda bege, saia justa e preta, saltos e passei uma maquiagem leve. Peguei as minhas coisas e voei para a editora. Um atraso e uma viagem inesperada eram tudo que eu não precisava.  

Love in RomeOnde histórias criam vida. Descubra agora