Love in Rome

Desempregada?

Entrei no edifício da editora praticamente correndo, o que resultou em um quase esbarrão em Mia, minha secretária. Mia era magra e alta, cachinhos loiros e olhos azuis, se parecia com uma boneca.

"Srta. Hathaway você está atrasada, 7 minutos para ser mais exato." Aquele tom de negócios ficava extremamente engraçado na sua voz, levando em consideração sua aparência.

"Mia!" A saldei alegremente abrindo um sorriso divertido. "Houve um contra tempo. Liss vai se casar, com Christian!" Revirei os olhos para a última parte.

"Own, ela foi enfeitiçada pelo amor!"  Ela parecia com uma boba apaixonada, e isso me fez sorrir em divertimento.

"Essa coisa de amor e magia não existe, e eles estão juntos há algum tempo." A expressão dela se tornou preocupada enquanto caminhávamos para o ultimo andar.

"Você ainda encontrará um amor e será muito fez, eu posso sentir." Toda vez que ela dizia isso eu gargalhava, e dessa vez não foi diferente. Essa esperança tinha se esvaído de mim há muito tempo.

Mia era minha secretaria a pouco menos de um ano, quando fui promovida, o que não mudou muito. Eu gostava dela, ala conhecia Liss e um pouco do meu drama em relacionamentos.

"Ai você caiu da cama e acordou. Isso aqui..." Disse abrangendo ao redor com as mãos. "É o mundo real, e a única coisa que eu vou encontrar é uma matéria gigante para ser feita. Eu adoro meu trabalho!" disse a ultima parte com um sorrindo e uma expressão um pouco sonhadora, mas o mesmo se desfez assim que abri a porta da sala de reunião e me deparei com uma expressão fechada e brava, a de Kivora.

"Está atrasada, como sempre." Disse minha chefe se levantando. "Srta. Hathaway, eu creio que a senhorita não saiba o tamanho da responsabilidade que tem em mãos. Essa revista não é o jardim de infância. Você foi encarregada de cumprir a matéria de capa, se conseguir será promovida, mas é claro que não tem idade e responsabilidade para tal." A minha vontade era de mandar aquela velha chata para puta que pariu, principalmente por me julgar pela minha idade. Mas claro que eu não faria isso, afinal eu não podia perder meu emprego. Então, engolindo meu orgulho e quaisquer outros xingamentos, coloquei minha máscara - como eu mesma costumava dizer.

"A senhora não vai se arrepender pela confiança depositada. A matéria será entregue na data certa e estará perfeita." Disse em tom de negócios.

"Ótimo. Eu vou esperar por isso e acho bom a senhorita não me decepcionar, se não eu mesma vou me encarregar de que a única referência de moda que você chegue perto será nos camelôs do Brooklin. Fui pouco clara?"

"Não, senhora." Meus nervos estavam à flor da pele, eu queria poder mostrar a aquela velha chata como se quebra um nariz. Mas me preparando para a parte mais difícil, que viria a seguir, fechei os olhos e respirei fundo. "Só tem um pequeno probleminha. Minha quase irmã vai se casar no sábado, em Roma." Um silêncio esmagador instalou-se no ambiente, enquanto Kivora se virava, ficando de frente para mim. Foi com um olhar afiado na minha direção que ela disse:

"Está fora de cogitação!" Sustentei meu olhar no seu de maneira firme. "Quase irmã?"

"Fomos criadas juntas." isso era uma meia verdade. Não fomos criadas juntas, só que na adolescência Liss perdeu sua família em um acidente de carro e passou a morar comigo e com a minha mãe, conheci meu 'pai' bem depois disso. "Eu preciso ir ao casamento. Por favor, senhora Kivora. Eu vou e volto em 48 horas e a matéria estará pronta na sua mesa quinta-feira, sem falta ou atrasos." Lancei um olhar de suplica a ela.

"Sem falta ou atrasos, Srta. Hathaway" Ela desviou o olhar antes mesmo de terminar a frase, claro, ela não podia se deixar dobrar por uma funcionária.

"Obrigada, a Senhora não irá se decepcionar!" Sentei-me à mesa para dar inicio a reunião, mas não sem antes escutar um murmúrio vindo da minha chefa.

"Eu espero."

...

Meu dia passou voando. Entre algumas matérias pequenas, revisões e respostas no blog. E é claro, entre ligações, uma Lissa me infernizando sobre o seu casamento e Mia sobre relacionamentos. Mas cheguei a meu apartamento viva e por volta das 20h00min. Estava morrendo de fome, para variar, e decidi pedir uma pizza. Enquanto minha comida não chegava, fui tomar banho, optando pela banheira, precisava relaxar e esquecer tudo isso. Enchi a banheira e coloquei alguns sais, acendi algumas velas aromáticas e servi-me de uma taça de vinho. Enquanto tomava meu banho, me vi embargada em devaneios e pensamentos, inclusive a frase de Mia, que ficava ecoando na minha cabeça: Você ainda vai encontrar um amor e ser muito fez, você verá. Será? Apesar de me fazer de durona, eu sentia saudades de uma boa companhia, como agora. Deus, eu sinto falta de um homem na minha cama. É Hathaway, a que ponto você chegou, pensei comigo. Isso era irônico, considerando que na escola eu tinha uma fama de garota fácil, o que não era bem verdade, afinal, só perdi minha virgindade na faculdade com um namorado.

O destino é um pregador de peças.

Terminei meu banho e logo minha comida chegou. Quando terminei o jantar resolvi revisar uma matéria, organizar e decidir algumas coisas e comprar a passagem aérea. Mas a cada minuto ficava martelando na minha cabeça que eu veria o Adrian, meu ultimo namorado, e algumas outras pessoas que eu bem conhecia, mas acabei perdendo o contato, a verdade é que eu estava me sentindo bem sozinha. Tirei logo esses pensamentos da minha cabeça, eu estava começando a ficar nostálgica e depressiva.

Naquela noite eu dormi cedo, decidindo que era melhor eu estar bem descansada, teria um longo dia de trabalho e uma viaje no sábado.

...

Na manhã seguinte acordei com meu despertador tocando e constatei que eu tinha hora suficiente, afinal eu só entrava as oito e ainda eram seis da manhã. Decidi então, tomar um banho e me arrumar. Coloquei uma blusa de peplum manga longa, calça jeans e saltos, maquiagem leve e cabelo solto. Peguei minhas coisas e dirigi-me a editora, optando por passar no Starbucks, afinal era caminho.

Quando eu finalmente sentei na cadeira destinada a mim e vejo que estou adiantada me permito fechar os olhos e ter um pouco de sossego, mas o mesmo durou pouco, também pudera com meu celular tocando feito louco. Esperava que não fosse Liss me enchendo com o assunto "casamento"...

"Alô?" Eu tenho uma maldita mania de atender o celular sem olhar no identificador.

"Kiz?" Eu definitivamente sentia saudades daquele apelido, daquela voz também.