Menina do Ônibus

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Capítulo um
O primeiro contato

Era um dia ensolarado como qualquer outro, daqueles que você pode usufruir aí mesmo da varanda da sua casa. Mas aquele dia! Não estava com cara de um dia qualquer - não mesmo. Entrei no ônibus como faço todas as tardes, das quais nesse momento não me agrado nem um pouco, ao entrar, vejo algo diferente uma menina, e você poderia pensa "uau" uma menina o que tem de diferente nisso? Ouça a história com bastante atenção e você vai saber o por quê.
O fato é que nesse dia - não havia ninguém no ônibus - senão eu e ela. Quando me aproximei, sentei bem perto, e a cumprimentei com um "oi" ela com delicadeza, e certa graça, respondeu com um gesto, olhei para ela com mais atenção que de costume pude nota os contornos do seu corpo, os lábios que era de um tom rosado e convidativos, olhos perfeitamente redondos porém distantes, cabelos lisos puxados para o lado, sua pele era morena. Aparentava não ser muito mais nova do que eu ou mais velha. Tentei puxar conversa, com uma pergunta só e básica, mas como ela não parecia muito a vontade, desisti logo no início. Trazia um livro comigo, as vezes gostava de levar um livro na mão, nunca se sabe quando se vai ficar numa caverna escura e úmida (se bem que não havia lógica ler um livro no escuro) por isso, sempre trazia também uma micro-lanterna comigo. Quando ela reparou que eu estava lendo um livro que por acaso é de um dos meus autores, ela se mostrou com um raro interesse e pediu para dá uma olhada, fiquei meio intrigado, Mas dei na sua mão - como se tivesse recebendo uma ordem - em seguida ela com delicadeza colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e pôs-se a olhar o livro, com um silêncio que poderia ser capturado no ar, sem ao menos perguntar nada. Parecia que de alguma forma ela queria investigar do que se tratava, observando eu a possível investigadora. Fiz a pergunta mais óbvia, se ela tinha interesse em livros? Ela respondeu, ainda prendendo atenção na leitura e assentiu que sim, dizendo: que lia um pouco de tudo. E com um olhar tímido, ela inclinou a cabeça e deixou salta a pergunta, se eu tinha muitos livros? E com um leve sorriso no rosto falei que "sim... claro," diversos e colecionava um arsenal dos meus autores prediletos que considerava os melhores de todo o mundo - alguém tinha que considerar. Ela ficou entusiasmada com a minha possível biblioteca. O que me deixou interessado já que eu diferenciava as meninas que liam, e as que não: (1) as que não liam absolutamente nada, eram meninas ignorantes ou (2) simplesmente não eram tão inteligentes e (3) uma que lia era o contrário dos dois casos. Ela concerteza não poderia se encaixar nos dois primeiros ou pelo menos era o que eu esperava.
Enquanto isso, ela estava quase chegando ao seu ponto de parada (foi então que notei que não havia pegado o número dela) perguntei se ela poderia me dar? Usando a desculpa de podemos revisar um com o outro, como uma espécie de alternância -mas como ela não tinha celular - o que era bem estranho já que todo mundo em sua sã consciência possuía um aparelho como aquele, no entanto, ela me parecia ter sua consciência intacta. Levando em consideração, deveria ter acontecido alguma coisa que justificasse esse desapego com a modernidade! Com isso fiquei cogitando os possíveis motivos (a) ela simplesmente não se importava; (b) poderia ter dado defeito no celular; (c) poderia ter sido roubada ou (d) ela simplesmente não queria dar o número dela. Mas não me preocupei muito em perguntar, em geral por que achava que não tinha o direito de colocá-la em um interrogatório afinal de contas era uma garota que eu mau conhecia, e no ônibus. Ao me despedi, como ela não tinha número, dei o meu a ela, achando duvidoso que ela fosse ligar, por que nesse caso existia uma política das meninas, a garota em hipótese alguma ligava, uma regra irrefutável no manual das meninas - se é que existe - o que me deixava em posição de defesa. Quando ela estava próxima do ponto de partida me despedi, com um leve aceno, prendendo a atenção no seu corpo escultural, enquanto ela saia vagarosamente, os passos sendo dado de um a um, com uma certa lentidão, meus olhos presos nos seus passos. Esperando que ela pudesse olhar para trás, para um último aceno. Mas não aconteceu mais nada, -só ela saindo sem sequer olhar para trás - enquanto gravava ela na minha mente. Tentando capturar, uma visão dela o mais nítida o possível.

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