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- Com a Spencer, nada? - Perguntou Emily a Toby em um tom meio retórico. Pelo bem de sua amiga, ela desejava que a resposta fosse diferente da que já esperava.
Toby permaneceu em silêncio, como estava desde que Emily chegara. Falar de Spencer o deprimia. Principalmente porque sabia que ele tinha culpa de tudo que estava sofrendo e de tudo que havia feito Spencer sofrer. Mas ainda que aquilo lhe machucasse pelo resto da vida, sabia que precisara daquele tempo, que nunca haveria cicatrizado tantas feridas se não fosse como havia sido.
- Nunca vamos entender ou esquecer porque justo nós tivemos que passar por tudo aquilo, Toby – falou Emily, como se pudesse ler os pensamentos do rapaz ao seu lado - Nós passamos por tanta coisa juntos. Todos nós. E tudo aquilo com Charlie... foi compreensível, te juro que quase chego a sentir pena por tudo que ela passou. Mas nós vivemos tanto tempo naquele inferno que é difícil ter misericórdia.
- É – finalmente Toby respondeu - e eu afastei a única pessoa que tornou todos aqueles anos de inferno suportáveis.
- Não sei se você entende o que a Spence deve ter sentido. Quero dizer, ela esteve lá o tempo todo, Toby. Ela te protegeu até quando soube que você era parte do jogo. E você a deixou de fora. De tudo. Como se ela não tivesse sofrido tanto quanto você.
- Eu sei, Emily. E sei que não tenho o direito de, agora que vocês estão de volta, correr para os braços da Spencer e dizer que a amo como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado. Tanto tempo se passou. Eu a perdi. Eu me perdi.
Um silêncio meio mórbido tomou conta da conversa por vários minutos. Emily não sabia o que dizer. Ela não concordava com a maneira como Toby tinha lidado com as coisas anos atrás, mas isso não a impedia de se sentir muito mal por ele, afinal o amava, como seu grande amigo que era. E amava Spencer, sabia que a amiga também sofrera e talvez continuava sofrendo.
Toby também não sabia o que falar ou se falar. Era como se cada vez que pronunciasse o nome de Spencer, seu coração fosse ficando menor, mais apertado.
- Eu estraguei tudo, não foi? - Perguntou ele finalmente depois de longos minutos.
- Nem me fale de estragar tudo. Eu fui tão covarde - lamentou Emily, com lágrimas presas aos olhos e o queixo trêmulo.
Toby passou os braços pelas costas da amiga trêmula ao seu lado, como que a rodeando de amor e proteção e compreensão.
- Alison?
Emily apenas sacudiu a cabeça em um meneio positivo.
- Você fez a coisa certa naquele momento, Em. Ela precisava de espaço, como eu precisei e você foi corajosa o suficiente para abrir mão do que sentia para deixá-la recuperar-se.
- Eu não sei, Toby. Às vezes tenho a sensação que estava pensando mais em mim do que nela... Toda a história de Charlie e de saber que tudo que ela sofreu foi nas mãos de sua própria irmã e grande amiga, aquilo não foi algo que se assimila facilmente, eu sei. E sei que não tinha o direito de confundi-la ainda mais com meus sentimentos. Mas eu fui para tão longe. Não queria só dar espaço a ela, queria me dar espaço, Toby.
Covarde, covarde, a mente de Emily gritava.
- Hoje eu só queria colocá-la em meus braços, Toby, e cuidar dela e fazê-la ter certeza de que nada de mal lhe acontecerá nunca mais. Mas creio que criei uma barreira entre nós. Tinha tanto medo de expor tudo que tinha guardado. Eu tinha medo da resposta.
- Ela precisava daquele tempo, isso não tinha a ver com o sentimento dela por você, afinal Ali disse a você que seus sentimentos eram correspondidos, certo?
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Eu escolho Paris (emison)
RomancePor que decidira ir para tão longe? Por que não tentara de alguma forma permanecer na vida de Alison? Ainda que tentasse convencer-se de que suas motivações haviam sido altruístas, Emily sabia que no fundo, no fundo havia sido covarde. Ela tivera...