Capítulo XI - O Espírito de Luz

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- Quem é você ? De onde veio ? O quer de nós ? - interrogo - o rapidamente, ofegante, suando frio de medo.

-Calma, vim em paz, não quero lhes fazer mau. Sou primo de vocês.

-Ei, eu conheço essa voz - Laura diz saindo atrás de mim - Parece a voz do, do... Mike ? - ela fala como se conhecesse ele de algum lugar.

-Laura, é você mesmo ?

-Sim, sou eu - ela responde sorrindo

-Quem é ele ? - o ser pergunta a ele

- Ah, esse é o nosso primo - sinto uma coisa gelada no meu ombro, Laura tinha se apoiado em mim.

-Ah, prazer em conhecê - lo- ele penetra nos meus olhos. - Charles o seu nome né.

-Sim, mas, como você sabe ? - pergunto surpreso.

-Ah, eu também sou clarividente e sensitivo.

-Quase todos os homens da família herdaram esse dom ! - Laura exclama.

-Parece ter sido - eu afirmo

-Bom Thomas, eu sou um espírito de luz.

-Um o que ? - eu indago a ele.

-Um Espírito de Luz. Nós espíritos de luz podemos visitar nossos parentes e amigos, e passar alguns tempos onde morávamos quando estávamos vivos. Temos essa aparência de fantasma, mas mesmo depois de termos morrido ainda continuamos com nosso dom. Mas os fantasmas não. Quando uma pessoa é bruxa e morre, o seu dom se disperça.

-Mas de onde você veio ?

-Da luz ! - com essas duas respostas fico mais confuso - Um dia você entenderá melhor.

Ele era como Laura, não era presentemente físico. Era como um fantasma de todo modo.

-Eu e Laura morávamos na mesma casa, quando meus pais me deixaram aqui, e sua família me adotou, como eu sendo puramente da família. Eles passaram alguns dons para mim, mesmo eu não sendo parente de sangue.

Um frio envolvia meu corpo, meus dedos gelaram, algo estranho se aproximava cada vez mais perto, parecia tirar a alegria do lugar e encher de maldade e tristeza.

Laura ficou parada, inconsciente, olhando para o horizonte. Acompanhei o seu olhar, e então como ela esperava, o fantasma do nosso tio.

-Ora, ora, ora - falou ele num ar de risos malvados - Depois de alguns anos vejo que agora estamos com novos moradores - fez cara de desgosto - Não era de se esperar que as futuras gerações da família fossem como os demais.

-Tio, por favor, ele também é seu sobrinho e merece respeito assim como todos os outros que passaram pela casa - retrucou Laura

-Pois é - afirmou Mike.

-Calados ! Para mim vocês ainda são sólidos. - falou ele num tom amargo e bruto

- Saibam que se não fosse por sua avó, ninguém mais nos incomodaria e se desfazia da casa que está a tantos séculos em nossas terras.

Uma vez, Laura me falou que nossa tataravó manteu um decreto com o Estatuto de Sigilo : Nenhuma pessoa não mágica se apossaria da nossa casa e nenhum ser não mágico entraria em seus domínios.

-Aquela velha foi muito burra . Era mais fácil e melhor assustar os humanos.

-Mas quem é você ? - indago - o com som de superioridade.

-Infelizmente seu tio. E por coincidência não te farei mau algum. Isso foi a pedido do seu avô Charles, do qual você herdou o nome.

-Chega de conversa - exclamou Laura - Vamos Charles, não podemos mais perder tempo com esse inútil que se acha o tal.

-Até em breve Mike - aceno para ele

-Até em breve Charles - ele acena de volta.

Passamos pelo Pinheiro e por todas as outra árvores. Sentei num banco rústico e antigo que ficava próximo a ponte. Bebo mais um pouco de água e enxugo o suor do rosto, com um pouco de falta de ar.

-Nossa, que fantasma assustador - exclamou à Laura - Ele me dá medo.

-Ele é muito pior que você imagina Tom - fez cara de desdém - Muito pior.

Consulto meu relógio, já são 15:00 horas.

-Laura, até mais, acho que minha mãe já enlouqueceu.

-Até mais Tom - fez cara de alegre.

Abro a porta dos fundos. Me deparo com uma panela de barro quebrada e me assusto.

-Mas o que está acontecendo ?

-Filho, onde você estava - meu pai aparece depressa - Merece uma boa surra não é mesmo ? Mas invés disso, arrume toda essa bagunça

-Mas pai, o que fiz de errado ?

-Ainda pergunta meu filho ? - indaga ele - Sair assim, desacompanhado pela floresta. Sua mãe me contou terrores sobre este lugar.

-Mas não há perigo algum na Floresta - falo desapontado

-Isso é o que você não sabe existe mais perigos do que na cidade - Nem sua mãe mesmo soube dos perigos que rondam por aí. Espero que você nunca mais faça isso se não quiser receber outra boa bronca - ele fala apontando para mim - Que isso não se repita entendeu rapazinho ?

- Mas eu levei água e comida - falo alto.

-Não importa, poderia ter acontecido algo .

-Certo pai - falo de cabeça baixa

Pego uma vassoura e começo a varrer para o lado de fora a panela.

-Mas quem será que deve ter feito isso ?

Término de varrer e sento em uma das poltronas da sala. Adormeço vagarosamente com o calor e a fadiga da tarde.

Noites de Mistério - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora