Acordei no jardim da casa
Nua
a grama morta espeta minha pele
Me levanto,
Envergonhada pelo meu próprio corpo
Procuro algo pra me cobrir
Não acho
Vejo um espelho
Admiro meu corpo
Minhas feições
Um novo gosto surge
Uma nova sensação
Uma maneira de não agir
Uma maneira confusa de agir
Sinto nojo repentino e arrependimento
No que eu estava pensando?
Volto, sento no sofá
A sensação volta mais forte
Fico surpresa, feliz
Sorrio
É a primeira vez que dou um sorriso desde que cheguei
Eu lembro de um garoto
Um garoto sem feições
Sem alma
Vejo esse garoto, no corredor que dá na sala.
Nunca fui naquele corredor
Ele corre
Corro atrás dele
Esqueço minha atual situação de nudez
tudo é tão surreal que não me importo mais
Ele entra em um quarto
Entro nesse quarto
Olho pra baixo e estou vestindo uma roupa
Uma calça, uma blusa.
Ele usa a mesma roupa
Me olha
Olho pra ele
Recuo
Ele desaparece
Vou andando pra sala novamente
Tiro a roupa
Volto a ficar nua;
Livre.
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versos
Randomsobre o subconsciente perdido, sobre uma alma em desespero baseado em sensações e sentimentos de uma pessoa real (foto de francesca woodman)