- Mãe!
- O que Benjamin?
- O que é imaginação?
- Então... - Se enrolou - Imaginação, vem de imaginar.
- O que é imaginar?
- Imaginar é pensar, criar uma expectativa surreal, inventar uma possibilidade para que algo aconteça, é sair do mundo real e entrar profundamente em um mundo em que você possa controlar.
- Entendi! Mas como faço para ser amigo do sol?
- Concentre-se e imagine uma possível conversa entre você e ele e tente ouvir o que ele vai te responder.
Susana saiu do quarto orgulhosa em ver seu filho se divertindo, mesmo sendo com algo imaginário, se orgulhava. Pois Ben precisava se distrair com algo para parar de reclamar de sua vida. Mas... Antes de sair, Susana falou:
- Ben.
- O quê mamãe?
- Me prometa uma coisa?
- Ham?
- Me prometa que você vai ser o mais intimo possível com essa sua nova amizade?
- Vou tentar.
- Outra coisa. Me prometa que você vai chamar ele de Deus, assim tenho certeza que ele irá te responder.
- Tá! Prometo.
- Ah! Última coisa. - Susana continuava a fala.
Benjamin virou para sua mãe esperando uma última fala.
- Te amo!
Susana o abraçou e lágrimas escorriam em seu rosto. O beijou com toda sua força e sentimentos, saiu do quarto deixando Benjamin sozinho. Depois que sua mãe passou pela porta, Ben a respondeu:
- Também te amo...
Benjamin continuava sentindo o calor do sol em seu rosto e não trocava aquele momento maravilhoso por nada. Ele ficou ali calado por alguns minutos até resolver se pronunciar:
- Então, amigo Sol...
- Você continua com essa palhaçada de ser amiguinho de algo que você nem enxerga?! - Erick entrou no quarto falando ironicamente seguido de uma gargalhada também irônica.
- Sai daqui! Me deixa em paz!
- Idiota, Aceita! Você é e sempre será excluído socialmente. Não tente mudar isso com coisas impossíveis. - Continuava rindo.
Benjamin se sentou no chão e começou a chorar até que Erick, seu irmão saiu.
- Eu odeio ele e seu jeito irônico de ser! Mas talvez ele esteja certo...
Ele parou de chorar e enxugou suas lágrimas. Se debruçou e ficou mais alguns minutos ali parado, sentado no chão pensando em sua vida, e uma pergunta veio em sua cabeça:
- Por que isso só acontece comigo? Eu não entendo essas coisas.
- "É o que preparei para você, apenas batalhe, que receberá a vitória".
Benjamin ouviu uma voz grossa, mas suave, e irreconhecível vindo de um lugar que nem mesmo ele sabia, então se levantou bastante assustado:
- Quem disse isso? Tem alguém aqui no quarto? Erick é você?
- "Não temas, sou seu novo amigo".
- S... sol?
- "Não meu amado, sou o seu Deus, teu guia, o teu amparo".
- Quem?! Devo estar ficando doido, deve ser realmente a minha imaginação.
- "Você entenderá com o tempo, mas estou e estarei com você todos os dias, vejo seu sofrimento e quero ser o seu consolo."
- Esse mundo não está para mim. Queria sumir, desaparecer! Ainda tenho dúvidas de ti, se não é mais uma brincadeira sem graça que estão armando para mim. Mas prefiro acreditar que sim.
- "Esse é o nosso segredo, meu querido, não conte á ninguém".
- Isso é muito estranho! Tenho medo!
- "Repito! Não temas."
Aquela voz que Benjamin havia escutado foi desaparecendo conforme que os segundos passavam. Uma voz estrondonte que atordoava sua cabeça havia sumido entre o vento e o além.
Susana ouviu Benjamin falando e percebeu que ele estava sozinho no quarto.
- Benjamin?! - Susana andava pelo corredor chamando por seu filho até o caminho do quarto dele.
- Estou aqui mãe! - Gritou.
- Está tudo bem com você? O que estava fazendo? Com quem estava conversando?
- Calma mamãe, eu estava somente pensando alto, talvez muito alto... Benjamin respondeu suavemente com um leve sorriso de lado.
