Capítulo I - Margo

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O dia de Margo começou muito diferente que o habitual e parecia não acabar.
Logo depois de acordar, sentiu estar sendo observada por alguém. Ela se perguntava se esse alguém tinha chifres, mas decidiu deixar isso de lado pois achou que era apenas a sua imaginação. Ela queria acreditar que fosse.
Era Sábado, ela não tinha aula então reservou seu dia a seu hobbie, a moda. Margo era fascinada em moda. Até mesmo fazia suas próprias roupas de vez em quando. Seu pijama fora ela que tinha feito, era estampado por pombas brancas. Ela também mantinha uma obsessão por passáros.
Quando levantou, seu pai entrou no seu quarto. Ele estava vestido com uma calça branca e com uma blusa gola V branca também. Estava quase pronto para ir para o seu trabalho.
Seu pai gostava de que sua filha também se interessase por moda pois era um estilista famoso na cidade de Missisipi. Em menos de três anos, ele já era um dos mais famosos do país.
Ele se aproximou de Margo e a abraçou.
- Minha filha, sinto que o dia está chegando - disse Taylor - Seu futuro será incerto.
Margo sentiu que ele começava a apertar mais forte e até que lágrimas caiam de seus olhos.
- Pai, do que você está falando? Eu acabei de acordar. O dia não parece ter nada em especial, olhe em volta. - disse Margo, levantando o óculos para eles não quebrá-lo.
- Você saberá antes que o dia acabe, Margie.
Ela ficara confusa, não fazia ideia do que seu pai estara falando e não eram nem dez horas da manhã. Começou a achar que ele estava ficando maluco de tanto trabalhar em sua nova campanha. Aquilo lhe estava consumindo de muitas formas.
- Me prometa que ficará bem - disse o pai.
Margo não sabia o que dizer, não tinha ideia do que estava acontecendo. Estava cada vez mais perdida no assunto mas também não queria sair daquele abraço, parecia o melhor lugar do mundo e onde ela gostava muito de estar.
- Ah, tudo bem minha filha, sua mãe me prometeu que cuidariam de você.
- Minha mãe? - perguntou Margo
- Eu não posso explicar, não agora. Mas...- disse Taylor, soltando Margo - Você saberá antes que o dia acabe, eu já disse.
- Pai, eu não estou entendendo nada do que você está falando! - gritou Margo.
O pai se levantou e começou a caminhar
Taylor deixou o cômodo com um aperto no coração. Ele sabia que sua filha teria um dia muito longo.
A jovem ficou muito confusa, muito mesmo. Seu pai agira estranho, a sombra com chifres na janela. Estava tudo girando na mente dela.
Ela foi até sua cômoda, que ficava de frente pra janela e pegou seu óculos, pelo menos um deles. Ela trocava de óculos com tanta frequência, alguns eram tão iguais. Margo tinha pelo menos vinte óculos guardados naquela cômoda, fora os que seu pai tinha decidido jogar fora. Colocou os óculos em seu rosto, este tinha uma armação preta e alguns detalhes azuis nas pontas, para combinar com o seu uniforme escolar, que ela achava muito brega.
Estava virada de costas para a sua janela quando de repente, ouve-se um barulho que veio da direção da janela. Ela ficou pasma, queria poder sumir dali. Sentia que algo estava realmete muito estranho naquela manhã. Ela não teve coragem para se virar e ver o que ou quem tinha quebrado até que ouviu uma voz, uma voz suave. Ainda temendo o que lhe aguardava, não ousou virar-se até que a voz deixou de ser usada e ter um "Béeee" estonteante pelo quarto.
Quando finalmente criou coragem e se virou, encontrou um ser muito peculiar caído no chão, gemendo. Parecia que não comia a a muito tempo.
- Olá. Tudo bem com você? Acho que você está no meu chão. - disse Margo, com a voz um pouco assustada.
- Comida... Comida... Comida... - disse o ser
- Está com fome? Bom, já que está aqui, posso ver o que você pode comer mas o que você come exatamente? devo ter alpiste na dispensa.
- Do que é feito esse abajur? - perguntou o ser, ainda ofegante - Posso comê-lo?
- Eu não tenho ideia, mas se quiser comer ele.. hm, coma, mas eu tenho certeza que ele tem um gosto muito ruim - respondeu Margo, mesmo estando com um certo medo e também coberta de razão.
Margo trouxe o abajur consigo para próximo do ser e abaixou para entregar a ele a nova guloseima que ele comeria.
O ser pegou o abajur e o saboreou com muita vontade. Após duas mordidas na parte metálica do utensílio, saltou para a cama onde a menina tinha acabado de levantar.
Margo reparou bem no que estava sentado em cima da sua cama comendo parte do seu abajur e ainda buscava entender o que estava acontecendo. Ela começou a se questionar porque ainda não chamou a polícia ou a carrocinha.
Ao julgar as roupas do ser, alguns rasgos revelavam que o mesmo possuia um corpo meio peludo da cintura pra baixo, parecia que ele não se depilava a anos. Ela não saberia dizer se era exatamente isso. Sua visão com muitos graus de astigmatismo não a deixava distinguir, talvez tivesse pego o óculos errado.
- Agora que você já comeu parte do meu abajur, poderia me dizer.. hm, qual é o seu nome e de onde veio? - perguntou Margo, ainda incrédula.
- Meu nome é Cee, prazer, atualmente eu estou vivendo nas ruas a procura de pessoas especiais que atendam um requisito muito importante mas sou mesmo é de Acampamento bem distante e escondido, um segredo para muitos mortais. Eu senti a sua presença hoje mais cedo, você está exalando um cheiro atraente. -disse o ser.
- Acampamento? que mistério. - Margo exclamou, surpresa - Ei, você acabou de me chamar de fedorenta? Eu tomo pelo menos dois banhos por dia.
- Desculpe, não quis lhe ofender mas o cheiro que digo não é exatamente algo físico, é algo um pouco diferente. - disse Cee, decepcionado consigo mesmo por não saber explicar melhor, olhando para o chão do quarto, que continha um piso um tanto vermelho.
- Espera, você veio de um acampamento que tem sangue no nome, é um homem-bode e sentiu minha presença?
- Exatamente isso.
- Então... por que você quebrou a minha janela? Ela estava aberta! Como explicarei isso ao meu pai?
- Você não irá precisar, estamos partindo agora mesmo.
- Partindo?
- Te explico tudo no caminho. Antes de mais nada, qual seria o seu nome, semideusa?
- Não sei o que é uma semideusa, nem se você é real. Mas, meu nome é Margo Thompson.
- Temos que possível mais rápido possível - disse Cee, apreensivo
Para Margo aquilo se tornava cada vez mais insano, mas antes de pular sua própria janela, se questionou sobre o que levar.
- Se iremos sair, preciso levar algumas coisas comigo e ir de pijama para a rua? Sem chance.- indagou Margo.
A menina começou a revirar suas gavetas. Algumas roupas muito coloridas começaram a se amontoar no chão do quarto, trazendo uma nova conjuntura ao carpete vermelho que cobria o mesmo.

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2018 ⏰

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