André
Faz uma semana desde a aquele dia em que vi Rafael. Meu medo de reencontrar ele era ainda maior. Eu na verdade tinha mais medo pela minha mãe e meu irmão do que pela minha própria vida. Sabe os filmes e séries que, quando os vilões querem se vingar se você, eles tiram tudo o que você ama, pra você sofrer muito antes de morrer. Tenho medo de que ele faça algo com minha família.
Acabei de entrar no trabalho. Analisando contas e gastos do mês com aquele ventilador que mal funcionava. Tive de afrouxar minha gravata e desabotoar alguns botões de minha camisa social branca. O suor escorrida pela minha testa. Ouço o barulho de passos. O som vinha do começo do corredor e parou em minha sala. Um envelope desliza por debaixo da porta. Uma carta. Ouço passos da minha sala ao começo do corredor, fazendo o som desaparecer.
Me levantei devagar e peguei o envelope.
"De: Anônimo
Para: AndréAs coisas mais tolas, podem criar uma bola de neve. Ela irá se desmanchar com o tempo, até virar plena água. Somente água. Um nada."
Não entendi porra nenhuma dessa maldita carta. O que ele quer dizer com isso? Que um pequeno acontecimento, faz uma bola de neve, que no caso é o conflito e que depois tudo se resolve? Quem é que me escreveu isso? Rafael? Desgraçado... Querendo me assustar.
Saio de minha sala, vou até Juliana e Clara, que estavam servindo duas mesas.
-Quem entrou aqui na lanchonete à dois minutos?
-Porque o interesse? - Clara pergunta estranhando.
-Foi um cara moreno, alto e que tinha uma barba rala?
-Não... André, não entrou ninguém nesses últimos 10 minutos. Muito menos um cara assim. - Ju diz.
-O que aconteceu? Você tá assustado... -Clara pergunta preocupada.
-Alguém passou da minha sala e me deixou isso - entrego a carta à Ju que logo começa a ler, passando para Clara.
-O que é isso? Uma espécie de admirador secreto místico? Com metáforas e tudo mais? - Clara diz.
-Não faço idéia... Eu penso que foi o Rafael que fez isso.
-Mas ele está... - Juliana começa a falar.
-Não, ele não está preso, faz uma semana que ele me procurou e me ameaçou e agora essa carta ridícula? O que é isso? Um jogo?
-Então aquele cara era ele? - Ju pergunta.
-Sim.
-Meu deus André! Você tem que avisar a polícia! Alguém tem que te ajudar, ele tá solto. - diz Clara.
-Eu pensei nisso também, mas posso ser taxado de cúmplice porque não tenho provas de que vi ele ou que ele me procurou, como vou ajudar a polícia a acha lo? E outra a família dele é rica e ele vai ganhara guerra comprando todo mundo como sempre faz.
-Tem que ter um jeito, você está em perigo e sua família também André. Avise seu tio, pelo menos ele é policial, vai acreditar em você e te proteger - Clara fala compreensiva.
-Vou fazer isso então, hoje mesmo.
[...]
Uma semana depois
20 horas
Chego em minha casa. Eu e minha mãe nos mudamos finalmente, Paula abandonou aquele desgraçado e estamos em paz agora. Abro o portão, as luzes estavam apagadas, estranho, sempre nessas horas meu irmão está fazendo tarefa na cozinha com minha mãe enquanto ela termina o jantar. Talvez tenham jantado mais cedo ou saído.
Acendo a luz da sala, vejo algumas coisas no chão, como folhas e brinquedos do meu irmão, me desespero, logo imagino que fomos assaltados, vou pra cozinha em silêncio, pego a faca mais afiada que temos e a repouso ao lado de meu corpo. A cozinha estava em ordem, nada fora do lugar. Vou para a sala procurando as chaves da confeitaria da minha mãe, no balcão onde ela sempre deixa a chave, estava um papel, com letras diferentes.
"Se tentar entregar as cartas para a polícia e tentar descobrir quem sou, irá ter consequências"
Como ele sabia disso? Ele tava lá na hora em que conversei com Clara e Juliana. Então não é o Rafael? Não tô entendo mais nada. Só sei que ainda com a faca na mão, fui em direção ao meu quarto, nada. Quarto do meu irmão, nada. Abri devagar a porta do quarto da minha mãe, vi ela e meu irmão no canto da cama. Minha mãe estava com Gu no colo, ele dormia como um anjo. Assim que Paula me vê, seu rosto assustado ganha um pequeno sorriso de alívio, pego Gu em meus braços e o coloco cuidadosamente sobre sua cama, encostando a porta do quarto. Eu e minha mãe vamos para a cozinha.
-Mãe o que aconteceu? Quem entrou aqui? - pergunto guardando a faca.
-Eu não sei Dré, eu e Gu saímos pra jantar na casa do amiguinho dele, assim que cheguei em casa, faz uns 15 minutos antes de você chegar, havia algumas coisas no chão, corri pro quarto e me tranquei com Gustavo, com medo do ladrão estar em casa. Só isso.
-Mãe... Sabe o porque que eu terminei com o Rafael? - ela balança em sinal negação com cabeça - Ele é um assassino mãe.
-O que?
Depois de contar tudo pra minha mãe, ela lê os dois bilhetes que eu recebi. Nós tentamos discutir o que fazer, mas ambos estavam com medo demais pra tomar iniciativa. Achamos melhor deixar para o dia seguinte. A única coisa que decidimos fazer, foi alertar meu tio. Pelo menos, se eu desse de cara com o autor das cartas e ele quisesse me matar, eu ligaria pro meu tio e ele saberia o que fazer.
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PS: Eu ri escrevendo a parte "não entendi porra nenhuma"

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Destino De Liberdade
RomanceNicole vive de maneira simples, tem uma irmã e um irmão, tem problemas na família, passa por apertos mas tudo é recompensado tendo uma melhor amiga incrível. Laura é filha única, uma garota sincera e com um grande coração, sua vida é mudada da noite...