-Capítulo 2-

19 2 0
                                    


No final do corredor perto do pátio onde estávamos Patric, um garoto que era da minha turma de literatura inglesa estava caído no chão, eu e Sidney corremos o máximo que nossas pernas permitiram aos poucos a multidão começa a se aglomerar.

Patric estava parado, os olhos abertos olhando para aquele teto sem graça, ele não se movia, também não havia batimentos cardíacos, pulsação, nada. Comecei a entrar em desespero, toda aquela gente em volta que não me ajudava só me irritava cada vez mais com o falatório, olhei para minha amiga e pedi tentando manter a calma que ela fosse chamar alguém realmente útil.

Sidney voltou depois de um tempo que para mim pareceu infinito, com ela a enfermeira, nessa hora nos afastamos e deixamos que cuidassem do resto. Eu queria mesmo que o Patric ficasse bem, por mais que não fossemos próximos... Mas eu já sabia o que viria a seguir, não tinha como salvá-lo, ele estava morto, afinal fora assim com meu pai e eu não pude fazer nada.

*****************************************************************************************************

Acordo com meus cabelos ruivos grudados de suor em meu rosto, levanto-me e vou até a cozinha beber um copo de água, tento voltar ao pequeno cômodo que eu chamo de quarto e que pior, tenho que dividir com a minha irmã. As paredes forradas por um tecido rosa me deixavam enjoada. Onde eu estava com a cabeça quando deixei Lexi escolher a decoração do quarto?

Tento dormir novamente mas a respiração de Lexi é tão profunda e alta que me pergunto como ela consegue dormir com tantas coisas estranhas acontecendo por aqui, mas não posso culpá-la, é apenas uma criança.

Como não consegui dormir apenas me visto e saio, na verdade não me lembro de ter tomado essa decisão, apenas deixei que meus pés me levassem para algum lugar. A caminhada é curta, logo descubro que estou a caminho do cemitério, as ruas tão vazias, decadentes e inexpressivas logo deixam o ambiente tenso.

Entro no cemitério, ao ver a lápide do meu pai meus olhos se enchem de lágrimas... Tivemos muitos bons momentos e eu sentia tanta saudades... Fiquei um tempo parada, me lembrando de tudo o que passamos até que decido ir embora, aquele local definitivamente não me fazia bem.

Mas quando ia saindo percebo que está havendo um velório, tento ser discreta e sair rápido para não atrapalhar, mas do nada sinto alguém tocar meu ombro. Congelo. Sinceramente, não é a melhor sensação do mundo levar um susto em um cemitério por mais que eu ache essa história de espíritos uma completa viagem,ao me virar o alívio, reconheço esse rosto. Era a irmã mais nova de Patric.

-Madisson não é? - ela me encara com os olhos inchados.

-Sim, sou eu. - respondo meio tensa - meus pêsames pelo seu irmão, eu estava lá mas não pude ajudá-lo.

-Entendo... Você não gostaria de se juntar a nós para uma última despedida?

Na realidade eu não queria, mas como dizer uma coisa dessas? Tive que ir, mesmo que a contra gosto.

Então caminhamos devagar até o túmulo. Eu não queria estar ali de verdade, tentava prestar atenção nas homenagens prestadas mas para mim eram apenas palavras vazias. Então, quando eu finalmente estava indo embora fui surpreendida pela irmã de Patric (de novo isso?).

Ela me fitou por um tempo e disse:

-Eu sei o que você fez.

-Eu? O que eu fiz? - não estava entendendo.

-Você o matou. Sim, é tudo culpa sua! Assassina!

-Do que você está falando garota?

-Eu não vou deixar você escapar ilesa, vai pagar por isso... Em alguns dias a sua vida será arruinada!- ela tinha um brilho demoniaco nos olhos.

Fui embora o mais rápido que consegui. Não estava entendendo mais nada.


Marcada para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora