N/A: ANTENÇÃO, nessa historia eu abordo temas que podem parecer pesado para algumas pessoas, como o alcoolismo e o tabaco, se você se sente desconfortável com esse tema, sugiro que não avance na leitura. Obrigada e boa leitura.
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O meio fio era um ótimo lugar para se estar agora. Perfeito. Que horas eram? O bolso do blazer parecia estar a quilômetros de distancia. Inalcançável o celular parecia estar. Mais do que três horas não pode ser, pensou. Os cabelos lisos e grossos esparramados pela calçada. Ótimo. As pernas descansavam no asfalto gelado, o corpo permanecia quente. O frio não parecia chegar ao menino jogado no meio da rua. Talvez seja o cigarro que fazia com que a fumaça emanada formasse uma bolha envolta dele, só dele. Levou o cigarro á boca. Suicídio em doses homeopáticas. Tragou. Um pequeno passo em direção à cova. Não se importava. Deixou então a fumaça sair da sua boca, observou a dança sublime e suave que fazia, ate que ela fosse levada pelo ar, junto com um pedacinho do menino. Não se importava, ate ria às vezes. Ninguém consegue ver.
Grunhiu assim que sua bochecha se atritou com o chão gelado, logo que virou o rosto delicado. De longe consegue ver alguma coisa, parece uma sombra, bem maior que o garoto jogado na calçada. Aproximava-se cambaleando, parecia bêbado de mais. Os pés se colocavam um na frente do outro, assim que avançava os nos passos. Não parecia ir para algum lugar especifico. Logo notou a garrafa de bebida na mão do bêbado. O garoto do meio fio não se importou, e logo virou o rosto de volta as estrelas, se esticasse as mãos poderia jurar toca-las. Levantou à mão direita, o cigarro permanecia na direita. O dedo mindinho cobriu uma estrela que brilhava de uma forma mais fraca que as outras, depois moveu o mesmo dedo pra outra logo à esquerda. Parou e tragou de novo. Decidiu cobrir uma estrela um pouquinho mais distante, não fazia sentido. Voltou o dedo a primeira estrela escolhida, depois foi pra da direita, e depois esquerda. Parecia um sorriso. O garoto sorriu.
- Tenta aquela ali – uma voz soou grossa ao lado dele, porem o menino não se assustou, e moveu o dedo pra estrela que o garoto parecia se referir.
- Essa aqui?
- Não, mais pra esquerda – o cheiro de bebida era muito forte, e aumentava à medida que o bêbado abria a boca. – pronto agora parece o rosto do chimpanzé.
- Eu não imaginava que fosse um chipanzé. – o menino permanecia deitado, porem o dedo já não estava mais apontado ao céu. Outra tragada.
- O que mais isso poderia ser? – a voz grossa continuava a soar, o bêbado falava de uma forma muito, muito calma. As palavras pareciam demorar a chegar aos ouvido do fumante, era um tom baixo, calmo, e suave.
- Pode ser um gato, o rosto é magro, aquelas três estrelas juntas parecem ate um bigodinho.
- Um gato velho.
- Não presta atenção, você não... – o garoto antes deitado se levantou rapidamente, os olhos arregalados grudaram no garoto. Estava horrível, tinha bolsas debaixo dos olhos, que aderiam um tom levemente arroxeado. As olheiras pareciam contrastar com os olhos vermelhos, quase escondiam a imensidão de verde de suas pupilas. Magro de mais, clavícula extremamente marcada, a cintura larga, pernas finas, e botas de uma tonalidade escura. Tinha cachos lindos e grandes de mais, presos de qualquer jeito num coque alto, deixando alguns fios teimosos para fora, que emolduravam o seu rosto cansado. Se não fosse pela voz, seria facilmente confundido com uma garota. – você não pretende me estuprar, não é? Nem me assassinar, sequestrar, torturar, qualquer coisa que cause dor não seria agradável.
O cacheado arregalou os olhos:
- Não. – a resposta soou quase como uma pergunta.
O fumante se afastou um pouco. O garoto de aparência acabada esfregou os olhos com a mão. Observou o pequeno tragar o cigarro. Estava horrível, os lábios estavam quase roxos, talvez seja por causa do frio, mas ele não parecia se importar com isso. O rosto marcado por uma área côncava logo em baixo das maças do rosto. Tinha uma barba muito rala crescendo no rosto. Olheiras profundas, olhos muito, muito azuis, que se fechavam assim que seus lábios esmagavam o cigarro, prontos para mais uma tragada. O cheiro forte de cigarro se misturava com o cheiro de café.
- Isso daí é suicídio, Louis – o bêbado respondeu apontando com o queixo para o cigarro.
- Como sabe meu nome? – tragou.
- Você esta sempre no bar, para comprar esses cigarros, já disse pra balconista que se chama Louis. – o cacheado respondeu dando de ombros, sem se importar muito.
- Isso daí é suicido, Harry – o menor imitou o gesto e a fala do cacheado com um sorriso de canto nos lábios.
- Eu estou sempre no bar, para comprar essas bebidas, já disse balconista que me chamo Harry. – respondeu sorrindo de canto também.
- E porque você faz isso então?
- Assim que eu encosto o copo na minha boca e sinto o liquido quente descer quente descer pela minha garganta, eu não preciso mais de nada. É só isso. É o que faz sentido. Só. – engoliu uma grande parte da garrafa, depois observou o menor voltando a encostar as costas na calçada. Levantou o dedo indicador e selecionou uma estrela, soltando um riso abafado segundos depois.
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N/A: Oi flores, o capitulo esta pequeno e confuso, mas isso é divido ao começo da historia, ao desenrolar da mesma tudo começa a se esclarecer. Comentem e dê um favorito se você gostar. Desculpem os erros, me corrijam nos comentários. Obrigada por ler.
