Capítulo 03

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-Sehun! -Kai gritava me chamando.


-Seu irmão chegou, e parece estar com pressa.


-E você ainda não me disse seu nome -insisto.


-Você pode vim me perguntar amanhã -ela diz como sugestão.


-Não acredito que você vá demorar mais que 2 segundos pra me dizer seu nome -ela ri brevemente quando digo isso.


-É que... Agora você tem um motivo pra vim falar comigo amanhã -a voz dela estava um pouco mais baixa. Eu gostei disso.


-SEHUN! -o Kai gritava ainda mais alto.


-Tchau! -digo sorrindo e me viro para a saída.


-Até amanhã, Sehun! -antes de sair ouço ela conversar com outra pessoa. Não entendi o que disseram mas suponho que seja um aluno pedindo informação.


Quando saio, Kai vem até mim e coloca minha mão em seu ombro pra me fazer andar mais rápido. Entramos no carro e ele já começa a falar de como sua manhã foi entediante, eu como sempre, finjo presta atenção em boa parte da conversa mas ele repentinamente muda de assunto.


- Então, a conversa estava boa não é? O que você estava falando com ela?


-Porque o interesse?


-Você é meu irmão. Me preocupo com você. E pare de responder minhas perguntas com outra pergunta.


-Não há nada com que se preocupar. Você e a mamãe se preocupam muito à toa -eu realmente não sei por que se importam tanto com esse tipo de coisa.


-Tá, tá bom. Me diz, você foi perguntar porque ela estava te encarando?


-Era ela? -me senti um bobo por não ter associado as coisas.


-É ela sim - ele diz rindo. Não sei se ele riu por eu não ter imaginado ou pela expressão que fiz. -Ela deve ter perguntado por mim. O que você disse?


-Ela só pediu seu número. Eu dei e ela te ligou, você não viu? -digo irônico mas o Kai pareceu não entender ironia.


-Ah! - a voz dele parecia desanimada -Se eu soubesse que era ela eu teria atendido. Não atendi porque achei que fosse você me perturbando achando que eu iria esquecer de ir te buscar -a voz dele ainda era de desânimo.


-Eu não sabia que eu era tão previsível -sorri e ele percebe o rumo da conversa.


-Sehun... -o tom da voz dele já mudou e parecia estar com raiva. Consegui segurar a minha risada apenas por alguns segundos.


-Ha! Pelo que eu tô percebendo seu humor voltou não é irmãozinho? -ele suspira tentando deixar pra lá.


Depois de um tempo chegamos e ele ficou resto do caminho todo calado. Mamãe já tinha chegado na clínica e estava nos esperando. Quando o Kai parou o carro, ela abriu a porta e segurou minha mão.


-Eu estou bastante ansiosa meu filho -ela passa a mão em meu rosto e eu sorri pra ela. Kai pega minha mão e coloca em seu ombro, parece uma ação involuntária. Fiz muitos exames no mês passado e estou fazendo mais neste mês. Minha mãe ainda tem esperanças que eu volte a ver. Eu a faço acreditar que também sou otimista mas a verdade é que não acredito nisso. Essas coisas não são tão simples a ponto de uma pequena cirurgia resolver todo problema. Mas eu quero que ela se sinta bem e ela se sente melhor cuidando de mim. O mínimo que posso fazer é contribuir para o tratamento e fingir que acredito que tudo voltará a ser como era. O médico disse várias coisas positivas, minha mãe sempre mais esperançosa a cada consulta. Saímos da Clínica e entrei no carro da minha mãe. Ela também fala muito, como o Kai, mas eu gosto de ouvir a voz dela.


-O Kai vai passar a tarde toda fora, mãe?


- Sim, ele vai fazer um trabalho na casa de um amigo dele. Fico orgulhosa em ver como vocês se preocupam um com o outro -ri quando ela disse isso.


-O Kai só gosta de implicar comigo e eu só quis saber se hoje vou ter uma tarde de paz -ela ri alto quando digo isso.


-Meus filhos são uns amores.


Ela continua a conversar e aos poucos a conversa muda de acordo com os interesses dela.


-Sehun, nenhuma garota te interessa? -não sei porque essa pergunta não me impressiona.


-Ainda não conheci ninguém -digo desanimado com o assunto.


-Eu estava pensando em algo...


-Em quê? -pergunto mas sei que não vou gostar da resposta.


-Eu estava conversando com a Elizabeth -amiga da minha mãe- e ela tem uma filha que estuda na mesma instituição que você então eu pensei em chamar ela para vim jantar hoje à noite com a gente -suspiro sem saber o que dizer a minha mãe. Eu não gostei da ideia mas tento colaborar.


-Qual é o nome da garota?


-Suzy. Ela é muito simpática, um amor de menina e eu conheço a família dela -ela para o carro. Ao descer ela segura minha mão até entrarmos em casa.


-Eu sei que você não gosta que eu te force a fazer algo Sehun, mas quem sabe seja uma boa idéia vocês se conhecerem?


-Tá eu vou pro meu quarto, tá bom? -corto imediatamente o assunto.


-Está certo querido -ela beija minha testa- quando ela chegar em vou te chamar.


- Faça suflê pro jantar -digo subindo as escadas.


Deito na cama e fico pensando no dia de hoje. A secretária estava flertando comigo? eu gostaria que sim. Mas talvez seja simpatia dela. E quanto a Susy? ela é cega também? A instituição não é apenas uma escola para cegos. Deficientes físicos de modo geral vão pra lá também, mas suponho que ela seja uma deficiente visual. De qualquer modo isso não importa. Pretendo não prolongar essa história.

Meu relógio digital me fala as horas a cada uma hora e agora já são 19:00 e ouço a música Don't Let Me Down dos Beatles em volume alto vindo do quarto ao lado. Minha mãe abre a porta do meu quarto e deixa uma camisa engomada em cima da cama -Use essa camisa aqui tá bom? elas já chegaram e a Susy vai estar na sala te esperando. Se vista e não demore -ouço ela fechar a porta. Visto a camisa e desço as escadas indo pra sala.


-Olá Sehun! -uma voz feminina diz ao se aproximar.


Tender Love   >>   EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora