Capítulo 2

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O celular tocou era quase meia noite, eu estava terminando os balanços do mês e as planilhas, já que saí do trabalho sem terminar pedi a Luma que me enviasse por email, olhei no visor, era um número desconhecido, atendi e ouvi uma respiração ao fundo, ninguém disse nada e a respiração continuava, lenta e pausadamente, eu reconheci na mesma hora, mas não era possível, apertei o botão de desligar e logo disquei novamente, a linha tinha sido desativada.

Andei de um lado a outro, e parei em frente a janela, a lua não estava lá e também não havia estrelas, os pingos fortes da chuva começaram a reverberar pela casa, desliguei o notebook e desci as escadas, Dafne já tinha ido dormir, fui até o bar do outro lado da cozinha e peguei uma taça enchendo de Uísque, levei até a boca devagar, e a imagem daquela garota empurrando a bancada e sentando ao meu lado me envolveu, soltei o copo na pia e peguei as chaves

Tranquei a porta e fui em direção ao elevador, o relógio de pulso marcava meia noite dez, olhei para os números do elevador que iam diminuindo gradualmente, mas não com a velocidade que eu queria. As portas se abriram no estacionamento e eu segui até o carro, coloquei o cinto de segurança e acelerei, a velocidade contrariava minha natureza, mas eu adorava o barulho que o motor fazia quando os ponteiros iam subindo.

O frio de maio ainda me perturbava, era como se aquele espaço de tempo me forçasse a pensar, e eu não estava muito disposto, diminui a velocidade enquanto as gotas pipocavam no capô, o celular tocou mais eu quase não pude ouvir, olhei em volta por meio segundo e freei, a freada brusca me levou para frente e eu bati com os braços no volante.

-Merda! Gritei, apertei o botão e deslizei o cinto de segurança, eu ainda me lembrava o caminho daquele lugar, mas desta vez estava lotado, procurei uma vaga e estacionei, a chuva tinha enfraquecido, mais os pingos ainda caiam.

Olhei para aquele prédio de tijolos inacabados e a porta de vidro, que agora tinha um segurança vestido de preto, perguntei por Yuri.

-Atrás do balcão. Ele disse com a voz mal-humorada, agradeci e vi Yuri servindo bebidas a um monte de pessoas que agora cercavam o balcão, olhei em volta e procurei por aquele rosto conhecido, mas ela não estava ali, Yuri me viu e fez uma cara de espanto, logo depois deixou duas cervejas para o casal ao lado e veio em minha direção.

-Uísque duplo com gelo? Perguntou rindo.

-Ou alguma coisa mais forte, Thay está por aqui? A pergunta soou estranha, porque o sorriso desapareceu enquanto ele se afastou para pegar minha bebida, ele voltou e a colocou no balcão, se aproximou de mim para falar mais alto que a música que estrondava o lugar.

-Ela causa uma impressão é tanto,não é? Eu sorri, me lembrando do quanto ela parecia a vontade na minha casa, do quanto ela estava incrivelmente sexy, droga, o que eu estava fazendo ali?
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa outra pessoa o chamou para pedir bebida e eu me concentrei no meu copo, virei de uma vez deixando descer na garganta, as luzes coloridas piscavam e duas garotas se aproximaram me puxando para a pista, segui as duas e comecei a me mexer no ritmo da música, o som alto começou a ficar pequeno, eu não conseguia ouvir direito o que estava tocando ou o que as duas falavam, tudo parou de repente e pisquei duas vezes antes de entender que o DJ havia parado a música.

-Hoje temos show especial, com vocês Dance and Life. Me concentrei nas palavras que ele dizia, eu conhecia aquele nome de algum lugar, minha mente oscilou entre as lembranças e eu foquei em um único ponto... ela estava em cima do palco, com mais oito pessoas em volta, aquele sorriso me fez parar, e ela piscou para a garota de cabelos castanhos parada ao seu lado, elas riam e se preparavam, a música começou e eu não pude deixar de olhar pra ela, ela usava roupas preta e cinza como os outros, os cabelos castanhos e longos balançavam, eu estava perto do palco calculando todos os movimentos dela.

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