― Você nunca vai me amar, então de que adianta? ― pergunto, olhando para Daniel pelo espelho enquanto terminava de colocar meus brincos. ― Qual o motivo de jogar um jogo que vai perder? ― ele que estava sentado na ponta da cama, levanta a cabeça e me encara. ― Qual o motivo de dizer que me ama como uma amiga? ― esbravejo, batendo as mãos na cômoda. Ele se levanta e se aproxima de mim, colocando a mão em meu rosto ― Qual o motivo de dizer que isso nunca acabará? ― falo olhando-o nos olhos e tiro sua mão do meu rosto. ― Você é orgulhoso demais para dizer que cometeu um erro. ― faço uma pausa. ― Você é um covarde até o fim. ― falo e saio do quarto em direção a garagem e ele me segue abrindo o carro, entramos e ele dá a partida.
Seguimos em silêncio até que ele quebra o mesmo.
― Eu não quero admitir, mas nós não combinamos. ― ele fala com a atenção na via, e em pouco tempo chegamos ao restaurante.
― Não, eu não sou do tipo que você gosta. ― falo saindo do carro e ele me dá a mão, hesito um pouco, mas continuo com a farsa pegando na mão dele entrando no restaurante com um sorriso no rosto.
Estamos numa reunião social com alguns amigos, quer dizer amigos dele, eu só fazia papel de namorada troféu ali, vários sorrisos falsos e comprimentos com pessoas que eu sequer conhecia direito, pegamos umas bebidas e então o Daniel decidiu me mostrar para os amigos.
― Amor, você canta tão bem, por que não canta uma música para nós? ― ele sorri convidativo e se vira por amigos, para ajudarem ele.
― Não Daniel, não estou me sentindo bem hoje. ― dou um sorriso amarelo, mas ele olha para mim sério
― Vamos lá, Maddie, só uma musiquinha. ― um dos amigos dele, que já tinha visto na CW, diz bêbado, rindo e todo mundo aplaude e começa a gritar.
― Tudo bem gente, eu vou. ― dou um sorriso forçado, vou ao palco do karaokê e escolho Lies da Marina And The Diamonds.
"...Mentiras, não quero saber, não quero saber;
Eu, não consigo te deixar ir, não consigo te deixar oh..."
Canto olhando para ele que me encarava com uma expressão que eu não conseguia identificar, ele, mesmo bêbado, ainda tinha seu cérebro lúcido.
"Eu apenas queria que fosse perfeito, acreditar que valeu a pena lutar..."
Canto essa parte com os olhos fechados, praticamente desesperada, e uma lágrima desce no canto do meu rosto.
"... Mentiras, não quero saber, não quero saber oh..."
***
Depois que o dono quase os expulsou, e depois de muita relutância, ele me deixou dirigir o carro, ele podia estar com a cabeça lúcida, mas ainda não confiava em seus reflexos quando bebe. Ele foi o caminho todo calado, olhando para o nada, acho até que dormiu um pouco. Ao chegarmos em casa, ele nem se quer me olhou, subiu para o quarto e se jogou na cama, eu fui para a cozinha e peguei uma maçã para comer, me recostei na bancada e comecei a pensar no o que tem acontecido com a gente, somos o casal perfeito da indústria televisiva ― um casal perfeito só por fora ―, soltei um suspiro e comecei a cantarolar à música que tinha cantado mais cedo.
"...mentiras... não quero saber.... eu... não consigo te deixar ir..."
Daniel chega por trás de mim, me abraçando e eu assusto e me viro, mas ele me puxa pelos pulsos, colando nossos corpos e por um minuto eu me deixo levar, mas acordo do transe dos seus olhos e o empurro, sem sucesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lies
Romance"― Você nunca vai me amar, então de que adianta? ― pergunto, olhando para Daniel pelo espelho enquanto terminava de colocar meus brincos. ― Qual o motivo de jogar um jogo que vai perder?"