Capítulo I

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Estava na altura de mudar a minha vida e para isso eu tinha de sair desta terra para onde me tinha mudado, com os meus pais, há 6 anos. Iria voltar para Lisboa, onde vivi toda a minha infância, os meus pais nunca venderam a casa, no caso de querermos voltar para lá. Apesar nunca ter vivido sozinha e de ir afastar-me da minha família e amigos, eu estava ansiosa e muito feliz por estar finalmente a acontecer.

Hoje era o momento da despedida, já tinha as malas todas feitas, eram quatro, duas de rodinhas e duas de mão, eu ainda estava a pensar como é que ia levar isto tudo sozinha.

Desci as escadas, com as malas todas e a minha mãe estava à espera no final delas.

Bem, chegou a hora de dizer adeus à minha pequenina - disse ela.

Mãe, não será um adeus, é mais um até já. Eu quando puder venho visitá-los ou vocês vão lá. Vais levar-me à estação de comboios com o pai?

Tenho muita pena filha, mas como hoje é quinta-feira tenho de ir ao escritório. Tu podias ir no Sábado assim eu podia levar-te à estação de comboios.

Mãe, eu já te tinha dito que preferia ir hoje, para poder arrumar as coisas no apartamento e comprar comida.

Pronto, tu é que sabes. Já tens tudo arrumado? O bilhete do comboio?

Sim, já tenho tudo arrumado!

Inês, vamos arrumar as malas no carro - disse o meu pai.

Caminho com ele até à rua com as malas de rodinhas e o meu pai leva as outras duas, as que estavam mais pesadas. Eu estava muito pensativa e o meu pai reparou.

Não te preocupes a tua mãe vai ficar bem, ela só está preocupada que a sua única menina se vai embora, e não vai poder ver-te todos os dias.

Sim, eu sei disso, pai. Mas preocupa-me ver a mãe assim tão triste.

Ela fica bem, ela tem de se habituar que os seus filhos vão começar a sair do ninho - disse ele a rir-se, o que me fez rir também. - Bem, vamos para dentro para te despedires do teu irmão e da tua mãe.

Voltei a casa, depois de arrumar tudo no carro, esta estava mais fresca que a rua, e despedi-me do meu irmão André e da minha mãe, vi que ela estava quase a chorar, por isso fiz sinal ao meu pai para irmos embora, porque eu não queria começar a chorar.

A viagem até à estação de comboios foi lenta e silenciosa, o meu pai ajudou-me a descarregar as malas do carro e levou-me até ao comboio, onde me despedi dele, depois tive de mostrar o meu bilhete até Lisboa ao revisor do comboio, que depois me indicou onde era o meu lugar.

O trajeto de comboio até Lisboa demorou cerca de quatro horas, passei grande parte do tempo a ler, só quando a minha vista começou a ficar cansada pelo esforço e, também, por estar a escurecer fechei o livro e encostei a cabeça à janela para ver a paisagem que passava a 120 km/h.

Depois de sair da estação de comboios chamei um táxi para me levar até casa, eu poderia ter apanhado outro comboio, mas andar nos transportes públicos com tantas malas seria bastante complicado. Estava ansiosa por voltar ao apartamento, e ver como ele se manteve igual depois de tanto tempo fora e só com algumas visitas ocasionais.

Cheguei à porta do prédio, já com o céu completamente escuro, já não havia nenhum indício do pôr-do-sol, só havia os candeeiros a iluminar a rua. Era um prédio com cinco andares, e o meu apartamento era no quarto andar, a minha esperança era que o elevador estivesse funcional, porque eu lembro-me quantas vezes ele avariava por mês, no tempo em que vivi aqui. E com sorte ele estava a funcionar, entrei com as quatro malas atrás e assim que ele começa a subir até ao quarto andar, procuro pelas chaves na minha pequena mala a tiracolo.

Assim que entrei no apartamento, todas as memórias da minha infância voltaram, nada tinha mudado, ainda me lembrava quando corria com o meu irmão pelo corredor ou quando ficava irritado por algum motivo batia com a porta do quarto.

É para o meu quarto que me dirijo antes de ir para qualquer outra divisão. Sentei-me na minha cama, ainda por fazer, a absorver o momento, olhei em volta e estava tudo impecável, não havia um grão de pó à vista, que bom que a minha mãe contratou alguém para fazer uma limpeza antes de eu voltar.

Olho para o meu relógio de pulso e reparo que já passa das 22 horas e, a esta hora, os supermercados já estão a fechar, por isso decido ir às compras amanhã, logo pela manhã. Começo a desfazer as quatro malas e, em primeiro lugar tirei os sapatos de uma das malas e comecei a arrumá-los, pus na despensa pequena onde está a máquina de lavar a roupa, todos arrumados, mas eu sabia que daqui a uns dias eles já não estariam assim.

Dirigi-me de volta para o quarto e despejei toda a minha roupa em cima da cama para começar a arrumá-la dentro da cómoda e do roupeiro. Quando dei por mim já era meia-noite e o cansaço já era bastante.

* * *

Logo pela manhã, após chegar do supermercado carregada de sacos e de ter arrumado tudo no seu devido lugar, fui para a sala e comecei a ver televisão e a fazer planos para sexta-feira, eu tinha de sair de casa e fazer o reconhecimento da cidade.

Resolvi telefonar à minha prima que, também, estava a viver em Lisboa. O telefone tocou e tocou, até que por fim atendeu.

- Olá, Joana!

- Olá, Inês! Já sei que mudaste para cá! Como está a ser a mudança?

- Está a ser boa e cansativa. Cheguei ontem, por isso ainda tenho muito para arrumar.

- Se precisares de ajuda é só chamar. – diz ela. – Temos de sair um dia destes, quando quiseres combinamos.

- Foi por isso que eu liguei, - afirmei. - Eu queria perguntar-te se queres combinar alguma coisa para amanhã, como é sexta-feira.

- Sim, claro que sim. Mas amanhã combinamos melhor, porque agora tenho de ir buscar a minha colega de quarto ao aeroporto.

- Sim, está bem. Então amanhã eu ligo-te.

- Ficarei à espera. Até amanhã - e desligou o telefonema.















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⏰ Última atualização: Jun 15, 2020 ⏰

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