De vez para o Canadá

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DEAR DIARY,
As coisas deviam ter sido indiferente neste verão.
Eu não me importaria de passar minhas férias toda em casa novamente (sou anti-social mesmo).
Mas aqui estou, dentro de um avião, prestes a decolar de vez para o Canadá.
Não irei passar minhas férias toda lá, estou apenas indo para o casamento do meu pai, servir de dama de honra
(apesar de não ter gostado do convite, aceitei, não porque será o casamento do meu pai, e sim, para que minha mãe parasse de me encher o saco com: você pode se arrepender se não for...).
Voltarei para casa assim depois que o casamento passar, mas durante os dias que estiver por lá terei que aguentar todos os paparicos da vovó e a transformação que obviamente farão em mim pra me deixarem igual uma boneca de porcelana (como disse vovó), para o casamento.
Apesar de tudo que virá de acontecer, estou feliz por meu pai. Mesmo não conhecendo a futura esposa dele, sei que ela é bastante legal.
Eu até de gostava de passar alguns minutos conversando com ela por telefone (eu nunca disse a ninguém), mas não criei expectativas de conhecer uma boadrasta.
Também estou feliz por finalmente está saindo dos Estados Unidos, sozinha, pela primeira vez aos meus 15 anos (na verdade tenho 14 anos, mas só falta dois mêses para meu aniversário).
Mesmo que eu deteste o Canadá, por algum motivo que não me recordo, estou feliz.
Mas ficaria mais ainda se mamãe tivesse aqui comigo. Eu até tentei convencê-la, mas como estou indo para casa de papai, a qual Nora, a noiva dele, deve sempre está, ela não se sentiria muito confortável. Conheço bem ela.
Apesar de minha mãe e meu serem divorciados um do outro, nunca deixaram de se falar como se ainda fossem casados. Eles até hoje se dão super bem. Uma coisa que não entendo é o porque deles terem se separado. E até hoje nunca perguntei nada.

Ainda bem que a minha poltrona é a da ponta, pois na janela há um homem com maior cara de psicopata, masoquista, ou sei lá o quê... anotando algo na sua agenda e depois rabiscando. E no meio há uma mulher gorda, porém bonita de rosto, que mesmo não querendo, quase tampa toda a passagem do homem do canto, com suas pernas.
O avião partirá daqui a exatamente 9 minutos.
Mc Pherson me aguarda.

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Após ter escrito tudo que queria em seu diário, Amanda o coloca debaixo de um livro (cujo a embalagem ainda não tinha sido retirada por ela) que comprara aquela manhã numa livraria do aeroporto, para ler durante a viajem.
Minutos antes do avião começar a ser ligado, Amanda rasga a embalagem e a enfia no bolso direito da bermuda.
Não tinha vontade nenhuma ler naquele momento, pois estava tensa demais (a cada minuto olhava para seu relógio de pulso), mas era a unica coisa que a entreteria ali. Seu Mp4 havia descarregado antes mesmo dela chegar ao aérporto e, seu celular estava em modo avião, ou seja, inútil.
Amanda folhea a primeira página, quando fez se ouvir a voz do piloto dizendo para os passageiros terem uma confortável viajem, porque dali em diante seria muitas horas de vôo.
Tinha se passado apenas 40 minutos de vôo quando Amanda adormecera, após ter folheado cinco páginas.
Num movimento brusco, Amanda acorda e se desgruda da poltrona, assustada, ao ouvir um incontrolável choro de criança que vinha de trás de sua fileira.
Ao perceber que seu inesperado desespero fez com que alguns olhares se virassem à ela (principalmente os daqueles que estavam a seu lado), Amanda, volta a se acomodar na poltrona, finjindo estar calma.
Após isso, ela percebe que, enquanto dormia, o peso de seu braço fez com que amaçasse uma das folhas do livro que ainda estava em seu colo.
Em fim, desamassa a folha com um toque leve e zeloso, e fecha os olhos para imaginar como estaria seu pai, depois de quase cinco anos longe dela.
Estaria grisalho e enrugado? Provavelmente sim. (Pensou)
Seu coração batia forte a cada momento que lembrava de ambos juntos, fazendo alguma coisa divertida.
Assim que seus pais se separaram, Amanda o odiou, como qualquer criança odiaria. Com o passar do tempo ela foi amadurecendo seus conceitos e, aceitou tudo; pois sabia que o amor de seus pais havia desgastado.
Ao se acalmar de verdade, ela volta a olhar para seu relógio e, seu coração volta a acelerar (agora pelo susto de saber que adormecera ali por 6 horas). Já se pasara até a hora do almoço.

Surgiu-meOnde histórias criam vida. Descubra agora