Capítulo 4 - raízes

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Capítulo 4 – Raízes

As videiras são plantas que comumente se multiplicam através de processos vegetativos como a estaquia e a enxertia. Normalmente as videiras apresentam dificuldades em enraizamento, assim como nós temos dificuldade em nos enraizar em Cristo Jesus. A raiz é um órgão da planta que na maioria das vezes se encontra abaixo do solo permanecendo oculta. Entretanto, ela é vital para a sustentação da planta e imprescindível na produção de bons frutos. As raízes possuem três funções básicas: dar fixação da planta ao solo, absolver água levando os nutrientes aos frutos e acumular reservas de substâncias necessárias a sobrevivência da planta.

Já imaginou uma árvore frondosa sem raízes? Seu destino certamente seria o chão no primeiro vendaval. A força, a sustentação de uma árvore, está na raiz que deve estar aprofundada, não superficial e nem esparsa. A profundidade das raízes depende da sua necessidade de extrair os nutrientes do solo e por isso cada planta possuí uma raiz singular. As raízes, em geral, estão estruturadas na mesma forma que os galhos, as raízes mais grossas irradiam para fora da base do tronco, depois bifurcam regularmente e terminam em aglomerados de raízes finas nas pontas. As raízes que se espalham a partir da base do tronco estendem-se em todas as direções, prendendo assim a árvore ao solo.

Depois que a "Semente da Palavra" germina em nossa vida ela começa a criar raízes. Esse processo não é espontâneo, mas lento e complexo. Nem todas as semente germinam com facilidade. Algumas sementes necessitam passar por um período de frio antes que possam germinar, e dessa forma a Natureza protege a semente contra uma germinação precoce, em países com quatro estações bem definidas incluindo um inverno rigoroso. Em outros casos a semente não germina enquanto não estiver vernalizada, isto quer dizer que ela precisa ter pelo menos três meses de temperaturas baixas antes que seja capaz de germinar. Assim a semente passa imune pelo inverno e vai germinar na primavera. Depois que elas passam pelo processo de germinação, as sementes começam então a desenvolver sua raiz principal para obter água e fixar a planta. Nosso crescimento espiritual depende de momentos como esse, são "invernos na alma" ou como São João da Cruz se referiu "a noite escura da alma". Nesse momento antes do despertar da semente para criar raízes, você precisará se esvaziar totalmente de suas convicções pessoais. "Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto" (Jo 12,24) disse Jesus. Estas palavras de Jesus revelam o segredo da vida. Não existe alegria de Jesus que não seja fruto de uma dor abraçada. Não há ressurreição sem morte. Jesus estava dizendo que para viver nele, é preciso morrer para o mundo, por isso é necessário renunciar a si mesmo, e tomar a sua cruz (Marcos 8, 34). Renunciar a si mesmo é abrir mão de tudo que te afasta de Deus. Isso é bem doloroso, principalmente no começo, mas é sobretudo um gesto de confiança, que permite que as raízes escondidas dentro de si comecem a brotar. Esse inverno da alma servirá para te preparar para as grandes provas que virão depois da conversão, quando você for um ramo produtivo. Por isso São Tiago diz "Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a provação, porque, quando esta passar, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que amam" (Thiago 1,12)

Quando a raiz principal encontra a água a planta começa a desenvolver as raízes secundárias e em seguida passa a crescer. Esse mesmo processo ocorre em nossos corações. Quando começamos a nos envolver nas coisas de Deus, nossas raízes se aprofundam Nele, e assim começamos a "beber da sua presença" e queremos cada vez mais, e mais intensa são nossas raízes. Já não aceitamos mais as coisas do mundo como eram antes, nossas opiniões, atitudes e escolhas são baseadas na vontade de Deus e seus mandamentos. A nossa "verdade" é a "verdade de Deus". Só que para que essas raízes se aprofundem e sejam capazes de suportar as tempestades da vida é necessário que deixemos que as nossas raízes se aprofundem nele e extraiam dele a nutrição. Por tanto, cuidamos de continuar a crescer no Senhor, tornando-nos fortes e vigorosos, para que a vida de Cristo transborde em nós (Col 2,7). 

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