I - O Projeto

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Peter Langs, homem alto, de olhos brilhantes e profundos, era um dos homens mais ricos da Europa daquela época. Peter vivia numa casa apalaçada, na zona rica da cidade de Sintra, em Portugal. Esta casa não era a maior de Peter, pois este era proprietário de um palácio no Algarve, porém era onde ele se sentia realmente confortável. Era constituída por dezenas de quartos, uma cozinha enorme onde onze empregados cozinhavam e trabalhavam para Peter. Os corredores eram todos trabalhados e existiam várias estatuetas por todo o corredor. As casas de banho eram relativamente grandes com as torneiras e suportes banhados a ouro. Peter era um homem apaixonado pelo mundo do espetáculo, porém, nunca se estreara em palco como ator, cantor ou bailarino, devido à sua timidez perante um grande público e por não ficar muito bem na sua figura.

Foi numa manhã de Janeiro, nas primeiras manhãs de Janeiro, que Peter acordou com frio. Levantou-se e seguiu até à sua cadeira que ficava junto a uma grande janela com vista para a Serra de Sintra. Embrulhado na manta, sentou-se na cadeira e olhou para a paisagem como se nunca mais a pudesse tornar a ver. Entre pensamentos de negócios, dinheiro, e muitas coisas mais, Peter sonhava frequentemente em construir um grande, esbelto e decorado teatro, para que o público, tal como nas igrejas do século XV, se sentisse inferiorizado com tamanha riqueza e luxo. Sabia que tinha bens materiais para prosseguir com o projeto, mas havia qualquer coisa que o prendia. Talvez pensasse que por ser um homem rico, dos mais ricos da Europa, as pessoas o veriam como "o do teatro" e ele não queria isso, queria prosseguir com o negócio de seu pai, que há pouco falecera. Ao olhar perante a serra, pensava, pensava e decidiu. Sentou-se na sua escrivaninha e começou a escrever:

Sintra, 12 de Dezembro de 1912

Caro amigo Jones,

Esta carta é ainda um segredo, pois o meu projeto ainda não está seguro e não quero que comecem a tocar no assunto. Como sabe, o meu maior projeto neste momento é construir um teatro de esplendor, encanto e fantasia. Como sei que posso contar com o melhor e mais genial arquiteto de todos os tempos, queria pedir que reunisse a sua mais recente equipa artística-plástica, no próximo mês, no antigo Teatro Surviame, em Lisboa. Preciso da sua equipa porque o trabalho principal é reconstruir as salas em mau estado que completam este esbelto teatro que possui duas magnificas salas. Depois, quero modificar a plateia e as galerias de cada uma para que fiquem ainda mais pormenorizadas. De certo que a sua ajuda será um bem precioso! Aqui fica esta proposta e espero que a aceite.

Aguardo notícias brevemente,

Peter Langs -----------------------------------------------------------------------------

As semanas foram passando e Peter estava cada vez mais nervoso. Queria prosseguir com o seu projeto pois achava que lhe traria fama e sucesso. E assim foi, passadas já duas semanas, Peter finalmente recebeu a resposta. Jones aceitara! Parece que era desta que arranjara coragem e meios para conseguir realizar o seu grande sonho. No fim da carta de resposta, Jones acrescentou um excerto de uma notícia cujo dizia que o teatro tinha um acontecimento trágico no seu histórico. Este acontecimento tinha sido dado, em Tribunal, como arquivado:

"O teatro Surviame, no seu dia de estreia, foi arruinado devido a um acontecimento trágico. Entre óperas e cantares que tantas pessoas admiravam, um ator secundário apareceu enforcado no meio do palco da Sala LaVie. A atriz principal, que correu para o seu camarim para se exilar, foi assassinada à porta deste." Nunca se soube ao certo o que aconteceu mas os atores que ainda estão vivos, recusam-se a falar e, quando têm alguma coragem, apenas fixam os olhos e tendem a chorar compulsivamente. Talvez estejam demasiado traumatizados. Anos mais tarde um detetive tentou descobrir o que aconteceu neste trágico acontecimento. O problema é que acabou com o mesmo fim. Foi encontrado morto e, reparando bem, dentro do camarim da atriz principal. O mais estranho, é que não tinha as chaves do mesmo e todas as portas tinham sido fechadas... O teatro funcionou apenas com a sala Amaetilop que mais tarde encerrou por motivos financeiros. Realmente existem histórias do outro mundo, não acha Peter? Pode ser que um dia nós os dois descubramos o que se passou.

Até fevereiro,

Jones Amaetilop

Peter, apesar de ser um homem sonhador, não acreditava em seres ou criaturas do outro mundo, que tantas pessoas falavam e criam. Mas aquele assunto mexeu com o seu próprio pensamento. Os atores não lhe faziam confusão pois podiam ter ficado traumatizados, mas a história do camarim meio aberto/meio trancado... Convenceu-se que o melhor que tinha a fazer era deixar de pensar neste assunto e despachar-se o máximo possível com o avanço do projeto.

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O Pano CaiuOnde histórias criam vida. Descubra agora