II - Sustos, Memórias e Antiguidades...

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As semanas foram passando, os materiais foram estudados, testados e comprados e, no fim da terceira semana, Peter, juntamente com os arquitetos e com Jones, decidiram que o trabalho começaria.

Na manhã de 17 de Fevereiro, Peter foi o primeiro a chegar. Tal era a ansiedade que chegou duas horas antes do combinado! Mais tarde, finalmente, Jones chegou com a sua mais recente equipa e começaram a destruir as tábuas de madeira grossa, que cobriam toda a porta do corredor principal do teatro. O corredor estava imundo, porém, ainda continha todo o equipamento e todas as suas soberanas estátuas de mármore. Peter (a favor de Jones) ordenou que abrissem a sala Amaetilop. Acenderam o lustre da sala e as chamas que constituíam a iluminação do antigo palco. Esta sala era das poucas que conseguira na altura a mais valia de luz elétrica. Talvez, todas estas despesas de manutenção e de eletricidade tenham sido um dos motivos que levou o teatro à falência...

Assim que Jones entrou, lembrou-se da sua infância pois o seu avô, era o mais famoso técnico e figurinista que a cidade alguma vez tivera. Anos mais tarde, devido ao seu trabalho de excelência, deram o nome Amaetilop à sala.

Jones olhava em todo o seu redor. A sua mente parecia-se com uma cassete a rebobinar para trás. Os seus olhos eram diamantes rejubilantes que brilhavam. Os empregados de Jones começaram por arrancar a carpete vermelha que cobria toda a Plateia, retirando posteriormente parte das cadeiras da mesma. Depois, subiram aos camarotes e às galerias para retirar as cadeiras trabalhas a ouro. Estas seriam posteriormente recuperadas na oficina Prontex, uma das maiores e mais modernas oficinas de Lisboa. (...)

Ao fim de dez dias, as cadeiras da Plateia foram retiradas por completo e colocadas em várias carroças enormes. A noite começou a cair e Peter e Jones despediram-se dos empregados e permaneceram no teatro para tratarem de assuntos da nova reconstrução. Falaram de diversos assuntos tais como a replantação da Plateia, a destruição do palco e a construção de um novo e moderno, mas.... A história do ator enforcado, a da atriz principal, a do inspetor e a do camarim rapidamente foi alvo de uma nova conversa:

- Peter, o que é que pensa sobre esta história do teatro assombrado? – sussurrou Jones.

- Acho que devíamos ver o que se passa. – afirmou Peter.

Jones e Peter dirigiram-se aos camarins gerais do teatro. Estes camarins eram os dos atores principais de cada sala. Os restantes atores tinham outros camarins, mas estes muito mais pequenos e com menos condições. Tentaram acender os interruptores mas estes não ligaram as lâmpadas. Decidiram então acender as antigas velas do corredor. As máscaras que as cabeças de esferovite possuíam aterrorizavam Peter pois estavam em degradamento, parecendo que haviam sido queimadas ou usadas vezes sem conta. Jones tentou abrir a porta do primeiro camarim com a chave que lhe havia sido entregue porém não conseguiu. Esta parecia estar trancada. O mesmo aconteceu com todas as outras portas. Nada as conseguiam abrir. O barulho do das portas a tentarem ser abertas invadia todo o teatro.

-----------------As velas apagaram-se como se alguém as tivesse soprado. (...)----------------

Nenhum dos dois homens se mexeu. Peter correu para o fim do corredor e abriu a caixa de fósforos com que tinha acendido as velas. Depois, acendeu-o e reativou as luminosidade das velas.

- Correntes de ar, já se sabe! – exclamou Jones. - Será? – interrogou-se Peter, sabendo que existia mais algum motivo a não ser uma simples corrente de ar. - E se fôssemos ver o fosso do palco? Talvez ainda existam alguns fatos ou cenários antigos. – disse Jones, lembrando-se das suas grandes aventuras e brincadeiras.

O Pano CaiuOnde histórias criam vida. Descubra agora