Chronica de el-rei D. Pedro I

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CHRONICA DE EL-REI D. PEDRO I ***

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BIBLIOTHECA DE CLASSICOS PORTUGUEZES

* * * * *

Director litterario

_LUCIANO CORDEIRO_

* * * * *

Proprietario e fundador

_MELLO D'AZEVEDO_

BIBLIOTHECA DE CLASSICOS PORTUGUEZES

*Director litterario--LUCIANO CORDEIRO*

_Proprietario e fundador--MELLO D'AZEVEDO_

* * * * *

CHRONICA DE EL-REI D. PEDRO I

POR

_Fernão Lopes_

ESCRIPTORIO

_147, Rua dos Retrozeiros, 147_

LISBOA

1895

LISBOA

Impresso na Typ. do «Commercio de Portugal» _35, Rua Ivens, 41_

1895

*DUAS PALAVRAS*

Realisando corajosamente a boa, a piedosa idea de republicar as chronicas impressas do--Pae da Historia Nacional,--como Herculano apellidou Fernão Lopes, Mello d'Azevedo, o editor d'esta modesta e patriotica bibliotheca podera, hoje, ainda! suprir qualquer explicação prefacial com as palavras do nosso grande historiador moderno, quando ha mais de meio seculo tracejava o perfil do encantador--«escripvam»--do bom Rei Dom Duarte:

--«Tão raros, ou tão pouco lidos andam os antigos escriptores portuguezes que muitas pessoas ha, não de todo hospedes nas letras, que apenas de nome os conheçam, _e frequentes vezes nem de nome_.»

Hoje, ainda!...

Fernão Lopes é quasi exclusivamente conhecido de nome, e já agora arejemos toda a nossa idea, mais exactamente toda a nossa observação positiva e directa: nem de nome o conhece muito litterato gloriosamente emproado pelas novas camarilhas do elogio mutuo na fama e na faina da renovação da Historia e da Arte nacional... por estampilha francelha.

Uma das causas da mingua, a bem dizer, absoluta, de vulgarisação dos nossos antigos escriptores, dos nossos melhores monumentos litterarios, da nossa historia, até, indicamol-a já n'outra publicação d'esta bibliotheca: é o espirito estreitamente, inconsequentemente monopolista dos eruditos ou dos que se querem dar ares de taes; é a superstição das reproducções mais ou menos arbitrariamente chamadas fieis, conservadoras de uma ortographia, de uma disposição typographica até, obsoleta, indigesta, inacessivel á leitura corrente, á assimilação immediata, actual, affectiva da multidão.

Em volta d'esta causa ou concorrendo e emparelhando com ella, muitas outras se teem accumulado e subsistem, por tal maneira renitentes e acrescentadas, que póde affirmar-se, como facto incontestavel, que as palavras doridas de Herculano teem hoje, mais do que quando elle as escreveu,--ha 56 annos!--uma applicação perfeitamente exacta e justa.

Conhecia-se mais, muito mais, então, Fernão Lopes, ou qualquer outro dos nossos antigos escriptores, do que hoje se conhecem e leem. Basta citar ou vêr o trabalho litterario d'esse tempo, comparando-o com o do nosso.

Quando eu, e certamente muitos dos leitores, iniciámos a nossa vida intellectual, lia-se, estudava-se, explicava-se o Camões nas escolas. Naturalmente, insensivelmente iam penetrando nos nossos corações e nos nossos cerebros em formação as ideas e os sentimentos de honra, de intrepidez, de amor da Patria, com tantas outras lições generosas, estimulantes, grandes, que as bellas estrophes transvasam nos espiritos sãos e frescos. Lia-se tambem o Freire d'Andrade, um massador de grandes discursos e de grandes bombardadas rhetoricas, d'accordo, mas que nos encantava, que nos ensinava muitas cousas interessantes, que nos enlevava, que nos fazia pensar em grandes cousas: nas terriveis batalhas da vida, nos sacrificios e nos esforços valentes com que ellas se vencem.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2008 ⏰

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