Me encaro no espelho com aquela maldita frustração que insiste em bater à minha porta quando acordo de manhã. "Malditas olheiras. Maldito cabelo" - penso comigo.
Por que eu não posso ser como aquelas mulheres super ricas das novelas e filmes? Que acordam maravilhosas, e conseguem ser maravilhosas o tempo todo, pois é, na TV parece tudo tão melhor.
Eles não batalhar tanto pelo que acreditam, e alcançar seus objetivos parece tão mais fácil.
E ainda tem toda aquela baboseira de "príncipe encantado", sempre achei isso uma grande perda de tempo. Essa coisa de amor verdadeiro, ou felizes para sempre nunca me atraiu. Essas coisas de conto de fadas é o sonho mais lindo que uma garota pode ter, até você crescer e perder o encanto, e só assim ver seus sonhos serem estraçalhados de uma só vez.
- Kelsey? - minha mãe entra no quarto a minha procura - Filha?
- Oi mãe - disse aparecendo na porta do banheiro
- Erm... Você... Você não vai descer pra tomar o café da manhã?
- Eu deveria? - arqueei as sombrancelhas em tom desafiador.
-Filha - ela respirou fundo - Sei que está brava e tem todo direito de estar, mas você não saí desde quarto desde o início das férias. Não quer sair um pouco? Pegar um cinema, ir a praia...? O dia ta tão lindo lá fora, por favor não disperdice o tempo que temos juntas.
- Podemos ter todo o tempo do mundo se você mudar de ideia sobre me mandar pra Nova York. Eu nunca tive pai, você nunca nem deixou eu mencionar essa palava, daí um dia, você diz que eu vou morar com um completo estranho daqui pra frente. - revirei os olhos indo pro closet.
- Filha, ele não é um estranho, é seu pai, tente entender...
- TENTE ENTENDER OQUE? - me virei rapidamente - VOCÊ NEM SEQUER TEM UMA EXPLICAÇÃO PRA ME DAR. SO CHEGOU E JOGOU A BOMBA COMO SE QUISESSE SE LIVRAR DE MIM! - gritei explodindo
- Filha, entenda. A minha intenção é só te proteger de assuntos tristes e tediosos. Você é novinha pra se preocupar com isso mas um dia vai entender. Eu sei que não devia ter adiado esse assunto por tanto tempo mas não acha que esta na hora de conhece-lo?
- Eu tenho 17 quase 18 anos. Não sou mais criança - abaixei o tom - sabe mãe, - olhei em seus olhos me aproximando lentamente - As vezes sinto que está me escondendo alguma coisa. - Soltei o ar que prendia em meu peito de forma rápida e descompensada
- Arrume as malas, seu vôo pra Nova York sai amanhã as oito - ela deu as costas e me olhou seria de canto antes de sair do quarto deixando comigo toda minha frustração.
Eu nunca tive um pai, nunca nem sequer soube o significado dessa palavra, sempre fomos só eu, minha mãe Alice, meu padrasto John e mais ninguém.
E agora eu tenho um novo pai, novos irmãos, nova família. Eu simplesmente não sei lidar.