No portão de embarque me despeço de minha mãe que agora se encontrava aos prantos. Me solto dela e tenho a sensação de que estou deixando na Europa tudo que eu tenho nessa vida, o que era verdade, já que ela foi meu pai e minha mãe esse tempo todo. Mas eu havia ganho um novo pai e estava prestes a conhece-lo e viver com ele como se ele fosse meu pai a anos. Não conseguiria fingir que nada aconteceu. Olho pra trás pela última vez, acenando tristemente para mamãe, tendo a estranha sensação de que eu estaria a vendo pela última vez.
(...)
Aeroporto de Nova York 16:45 PM
A muito tempo atrás, achei uma foto do meu pai na gaveta de meias da minha mãe, e desde então ela me pegava olhando pra ela todos os dias, até que um dia ela me deu a foto. E agora lá estava ele, idêntico a foto da gaveta de meias. A foto era de 1996, quase um ano antes de eu nascer, mas aparentemente ele não tinha mudado nada, só estava com mais barba e cabelos grisalhos...
Ele andou em minha direção com uma certa emoção explícita em seus olhos, mas eu só conseguia tremer de nervoso.
Flashback on
- Mamãe por favor ainda dá tempo de mudar de ideia. - disse fazendo pirraça.
- Kelsey, ele é seu pai...
- Mas pra mim ele não é. Mamãe, embora o nome daquele cara esteja escrito na minha certidão, o meu pai é o Jacob, foi ele quem me criou e me deu amor.
- Kelsey querida, até então o seu pai não sabia de você, mas agora que sabe quer conhece-la. É o direito dele!!
- Mãe você nunca me disse que ele não sabia
- Ele sabia sim mas... - disse nervosa - querida... - passou a mão em minha perna me olhando de canto - é complicado.
- Eu tenho 17 anos!! Quase 18... Da pra parar de me tratar como criança?
- Kelsey por favor não vamos brigar meu amor...
Virei pro outro lado tentando prestar atenção no caminho para o aeroporto
Flashback of
- Kelsey? - disse olhando pra mim parecendo nao acreditar. - minha filha, eu sabia que um dia eu ia te achar - disse se emocionando
Me envolveu em um abraço quente, que não foi correspondido.
- Me solte!! - se afastou - foram 17 anos, não foi um dia. Da pra parar de fingir ser meu pai?
- Mas filha eu..- EU NADA - o interrompi mas logo abaixei a voz - quero que saiba que não vim por vontade própria, estou fazendo isto pela mamãe. -desviei o olhar
- Eu entendo - disse sendo paciente - é tudo muito novo pra você, foi tão rápido e precisa de um tempo para digerir - fez uma breve pausa - mas filha... - tentou pegar minha mão mas eu logo tirei - quando estiver pronta, quero que escute o meu lado da história. Uma história que provavelmente sua mãe não contou a você.
Olhei pra ele com o maxilar travado e logo desviei o olhar.
- Não precisa me reconhecer como pai logo de imediato, leve o tempo que quiser, mas somos uma família agora, e enquanto você não me deixar ser o seu pai eu quero ser o seu amigo. - ele estendeu a mão o que me fez olhar para a mesma - amigos? Sem ressentimentos - olhei para sua face e depois pra sua mão de novo sem reação.
- Eu não te conheço
-mas pode passar a conhecer e eu tenho certeza que vamos descobrir muitas coisas em comum e nos dar muito bem.- abriu um sorriso - oque me diz? Huh? - o olhei novamente - eu só quero recuperar o tempo perdido...
Olhei para sua mão novamente antes de aperta- la, iniciando o começo de uma nova história, e só Deus dirá se ela fará bem ou mal para mim, mas num passe de mágica decidi dar uma chance a ele, e ouvir oque tem a dizer.
- Agora livre-se dessa sua cara emburrada - ele disse antes de pegar minhas malas começando a caminhar pra fora do aeroporto.
