Ir embora...

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As vezes queria ir embora, sem tchau, sem mala, sem nada. Ir para bem longe desse planeta...
Num jardim florido, em outro planeta, queria voar, nessas flores, sem ter de regar, com minhas lagrimas, de grandes dores.
Sem as minhas flores negras, banhadas de sangue, e ensopada de lagrimas, queria um jardim colorido, de todas as possíveis cores, queria elas vivas, de todos os tipos,de todos os cheiros, mas cheias de amores.
Queria ser livre, sem dores e feridas no meu coração, mas queria chorar, talvez, um pouco...
Chorar o que eu guardei, e o que eu segurei, me livrar daquele mar em mim, que eu me afoguei, queria chorar, sem ter de dar motivos. Sem ter de ouvir "Ninguém chora atoa" que já virou rotina de ouvir, esse clichê que sempre me machuca, mas do que se pode ver.
Ver um rio,transparente, todo puro, sem poluições. Que brilhe com a luminosidade do sol, aquele calor de domingo, de praia, de aconchego, do que preciso.
Lá o ar é puro e raro efeito. Onde somente eu e os animais alheios podessem respirar. Onde eu não corresse perigo e com eles pudesse conversar.
Onde a frase eu te amo fosse usada somente quando realmente fosse sentida, e onde não so falada, mas também demonstrada, por que palavras o vento leva.
Eu queria ir embora sem levar nada, ir apenas com a roupa do corpo, sem precisar de mais nada.
Me desculpe, mas não queria levar meus pais, nem meus amigos e nem minha família. Queria ser livre, sem medo, sem peso na consciência. Queria ser bem, não bem sucedida, mas bem comigo mesma.
Queria dançar na chuva de tardinha, leite com café quentinho, bolinho de chuva, pão de queijo com chocolate, pão com salame e hamburguete. Com gostinho de família, ouvindo a reza.
Em cima de uma nuvem, com meu amigo neguinho, Belinha, e o Thceick, meu cachorro que esta lá, no céu. Meus amigos passarinhos e varios gatinhos. Todos tomando café, na chuva, em família.
Queria um álbum de fotos, com todos os momentos BONS, e queria um poder mágico, de poder reviver cada um deles, quantas vezes quisesse.
Iria contar aos meus amigos de tudo e de todos, nunca apagando o sorriso.
Em mim não invadia dor, e a depressão não me dava a mão, ouvindo minha playsit do spotify. Sem hora pra acabar.
Ouvia e adimirava cada palavra, seja do Projota, Charlie Bronw Jr ou Onze:20, e claro, Fresno.
Cada batida, ou drop, seja do Diplo, Skrillex, Major Lazer ou Calvin Harris, talvez Steve Aoki.
Dançando ao som de Bangarang, Lean On, Freak e Blame.
Ria do clipe da Madonna.
Meus amigos animais caiam na gargalhada, ao me ver me lambuzando de chocolate.
Eles caiam na farra, ouvindo Chimarruts e vendo Matei Formiga.
Dormiamos abraçados, todos juntinhos em cima de uma nuvem super macia, olhando as estrelas e lendo O Pequeno Príncipe, eu via ele correr de nuvem em nuvem, com seu amigos piloto, abraçando sua única e linda rosa, muito bem cativada.
Acordavamos tarde, pegavamos nossa mala, que era nosso coração. Não precisavamos de mais nada.
Fomos a Paris, Califórnia, Disney e Grécia. Em apenas um dia, de passo em passo, conversando, comendo cachorro-quente e rindo das pessoas, se odiando atoa.
Mas só havia guerra, tiros, bombas, socos.
Guerras de raça, religião, cor e peso.
Choravamos, tentavamos parar aquela briga por motivos tão fúteis.
Oh eu vi meu gatinho, sendo chamado de azarento, sua cor era preta e dizia que dava azar, eu o via chorando, sem parar.
O que eu fiz??
Tentei impedir,comecei a gritar, me chamaram de baleia e todos os meus amigos vieram me abraçar.
OH EU ACORDEI
E vi que era apenas um pesadelo, meus amigos me chamaram para tomar um farto café, fui feliz, e mais um dia incrível.
Oh, como eu queria, isso foi a maior ilusão, me tranquei no meu quarto, coloquei o meu fone no mais auto volume. Ouvindo Quebre as Correntes, eu sempre amei Fresno.
Oh eu entrei no meu mundo, dormindo eu estava vivendo, idiota eu era, cultivei uma vida falsa, idiota eu era, pós eu estava sendo abraçada, pela solidão, minha nova amiga, depressão.
Acordei ao som de Guns N' Roses, e tudo parecia mais triste.
Não era mais só o fato do preconceito, era solidão.
E eu me viciei mais do que alguém se vicia em crack ou em bebidas alcoólicas, eu me viciei num mundo que não existe, e eu comecei a viver meus sonhos, e me esqueci da vida.
Era rotina, acordava, ia para a escola, ria com meus amigos,brincava com eles, fazia algumas atividades, algumas na maioria não. Rezava para a hora do recreio e no recreio eu não fazia nada, rezava para acabar a aula atoa. Era brigas dos meus amigos, as vezes um preconceito de lá, um de cá (Que já fazia eu desistir do meu dia) medo de tirar o moletom, conversas e ter que conviver com pessoas chatas, que eu odiava, na verdade eu sempre as odiava.
Chegava em casa, almoçava na maioria das vezes, pão. Mechia no facebook, instagram e olhava o meu Whatsapp, raramente tinha algo para mim, apenas via a conversa dos grupos.
Pegava os meus fones, ia para o quarto dos meus pais, colocava minhas músicas no mais auto volume possível, e ficava lá, a tarde inteira, eu criava sonhos, com famosos,sonhos idiotas e que nunca aconteceriam. Na maioria das vezes pegava no sono. Essa era a minha vida.
As vezes a tristeza me dá a mão, e eu deixo ela me levar, não que ela seja minha melhor amiga, é que ela tem umas coisas pra me ensinar.
A vida é sofrida mas eu não não vou chorar.
Minha playsit era lotada, tinha tudo de djs, claro, um rock não faltava, era questão do meu sonho.
Oh lagrimas bem conservadas, ela chorava por dentro. Meus pais me viam deitada o dia todo, vendo a vida passar, oh eu chorava por eles, por ter de me aceitar, me ver morrer em segredo, e sem poder argumentar.
Se alguém perguntar por mim, diga que estou ótima.

Talvez AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora