Dead Or Alive

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Acordei com a luz do sol entrando pela janela isso podia ser o prenúncio de um ótimo dia, mas graças a forte dor de cabeça causada pela bebida, o desconforto nas costas por não ter dormido na cama e as lembranças do dia anterior aquilo só serviu para aumentar minha raiva.

- Ótimo idéia Lia, dormir em uma poltrona é uma ótima idéia, da próxima vez porque não dorme na banheira mesmo, vai que você se afoga.

Me levantei a procura de um remédio e depois coloquei um vestido. Estava indo em direção a cozinha para comer algo quando a campainha tocou. Desconfiada fui atender a porta.

- Bia!?

- Oi

Abri mais a porta num convite mudo para que ela entrasse, Beatrice entendendo o recado andou casa adentro e sentou-se em um dos sofás.

- Você não atende minhas ligações, fiquei preocupada e vim ver como está. Na verdade Margô e Jadi também queriam vir mas pedi que ficassem. - Impressão minha ou ela estava sendo formal demais.

- Foi sem querer, nem sei onde meu celular está, do jeito que sou devo ter deixado debaixo de alguma coisa que abafou o som. - Dei um sorriso amarelo e meio desconfortável.

- Você está bem? Ontem foi... você sabe meio... agitado.

- Eu estou bem, desculpa ter causado aquela cena - Olhei para o chão eu não queria encarar sua cara, se o fizesse ela perceberia que havia algo a mais, talvez ela percebesse uma mágoa, uma pontada de tristeza, eu não queria deixar nada disso transparecer.

- Não foi culpa sua.

Ficamos um tempo quietas cada uma perdida em seus próprios pensamentos. Quem olhasse acharia que éramos duas completas estranhas. Bia parecia meio aflita como se procurasse um modo de dizer algo. Possivelmente estava curiosa sobre a noite anterior só não sabia como perguntar.

- Se você está bem eu já vou, se precisar de algo é só me ligar.

Bia se levanta e caminhamos juntas até a porta ela me dá um abraço, se despede e vai. Eu queria para-lá, abraça-la e dizer que eu não estava bem, que eu nunca estive bem ou simplesmente chorar, mas alguma coisa dentro de mim dizia que ela não ia entender que eu estava sendo uma idiota que sofria por pouco, então eu a deixei ir, antes de entrar no elevador ela olhou para trás, lhe dei um sorriso bem convincente e a vi ir embora.

Assim que fechei a porta as lágrimas caíram, aquelas lágrimas que segurei por meses a custa de falsas felicidades e de pensamentos que me faziam acreditar que eu estava sozinha por escolha, por que eu era mais feliz assim. Não havia ninguém ali então não era vergonhoso expor meus monstros. Chorei, mas chorei de verdade não me reprimi, deixei as lágrimas rolarem na esperança de que elas levassem junto minhas dores.

                                                                                              --

Lá estava eu de novo, na beirada daquele arranha-céu olhando para baixo e vendo pouco por conta da altura. Por incrível que pareça eu não estava com medo, pelo contrário eu sentia uma serenidade acolhedora que eu não sabia de onde vinha. Com um sorriso olhei para cima e avistei o céu tão bonito, estava acinzentado talvez a chuva não tardasse a chegar, voltei novamente os olhos para baixo e senti meu corpo cair naturalmente, a queda era brusca nem um pouco sutil, mas eu me sentia bem até segundos antes de chegar ao chão quando um desespero gigantesco tomou conta de mim.

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Acordei assustada com a respiração descompassado mas, ao mesmo tempo com um grande alívio. Ultimamente esse sonho havia se tornado cada vez mais recorrente. Caminhei em direção ao banheiro ainda tremendo, lavei o rosto várias vezes com o intuito de me acalmar, porém não funcionou muito bem. Saindo de lá constatei que ainda eram três horas da madrugada de segunda, me sentei no chão ao lado da escada e aos poucos comecei a me acalmar. Eu ainda estava com sono mas não iria dormir tão cedo, por mais que nunca tenha tido o mesmo sonho em uma mesma noite tinha medo de me deitar. Fiquei ali encolhida ate as cinco quando o sol começou a invadir o flat e eu decidi fazer algo, ficar ali quieta não mudaria nada, as vezes eu era totalmente patética.

Me levantei e desci em direção a cozinha, aquilo sim me acalmaria, peguei um pequeno caderno de capa azul com flores douradas, que mais parecia um diário mas era meu velho caderno de receitas, desde os treze anos eu cultivava ali minhas receitas preferidas, comecei a folheá-lo a procura de algo para fazer. Comecei com um tres leches e quando vi eu tinha uma torta de chocolate com caramelo salgado outra de frutas vermelhas e algumas panna cottas com geleia de amora que eu acabara de colocar na geladeira.

- Acho que me empolguei um pouquinho. Que se dane - Tirei o avental e corri para o banho, se não fosse rápida chegaria atrasada no colégio.

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 Minha primeira aula era de História corri para dentro da sala, por pouco não cheguei tarde. Me sentei ao lado de Amélia que conversava sorridente com um nerd, certamente era sobre algum trabalho que ela queria que ele fizesse.

- Você não toma jeito!

- O que eu posso fazer ele insistiu tanto que tive que deixa-lo fazer meu trabalho de química - Amélia fez uma cara de falsa samaritana. Aquela garota não prestava!

Comecei  a arrumar minhas coisas em cima da mesa quando Amy me cutucou.

- Olha aquilo - Ela apontava cuidadosamente para a porta, por onde passava um garoto alto com cabelos castanhos e olhos de mesma cor. Um pedaço de mal caminho.

Como a aula estava prestes a começar grande parte das carteiras estavam ocupadas, exceto a que estava ao meu lado, e foi nela que ele escolheu sentar. Lhe lancei um olhar que o media de cima abaixo.

- Hey - O comprimente com um sorriso de lado.

- Oi - Me respondeu com o mesmo sorriso, e que sorriso. Me virei para Amy ainda com um sorriso no rosto.

- Você não ia dar uma festa na próxima semana - Perguntei para ela.

- E

- Já sei com quem vou - Olhei novamente para ele mas desta vez por cima dos ombros.

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⏰ Última atualização: Apr 15, 2016 ⏰

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