A festa e o anjo da guarda

194 19 17
                                    

Selena narrando:

Por que raios eu tinha aceitado vir nessa festa mesmo? Eu devia estar chapada quando aceitei o "lindo" convite de minhas "melhores amigas". Cá estou eu, sentada em um sofá com um copo de uma bebida que eu não me dei ao trabalho de saber o nome, e olhando o tumulto a minha frente, ao que as pessoas davam o nome de pista de dança. E pensar que eu poderia estar no meu quarto, ouvindo música alta e com o computador ligado.

Não podemos ter de tudo nessa vida.

Bieber estava perdido em algum canto se esfregando com alguma garota, pelo menos a ultima vez que o vi ele estava. O que mais me irritava é que eu já não suportava aquela musica eletrônica que fazia meus ouvidos zunirem e aquele bando de gente falando. Tudo o que eu queria era ir pra casa, tipo, agora.

Eis o problema, na metade da festa, Niall, Taylor, Demi e Austin foram embora, me mandando uma mensagem avisando que, para meu completo desagrado, eu teria que voltar com ele. Por que diabos ele tinha que estar sempre no meio?

De repente, eu o vi, correndo desembestado para fora. Não, ele não me deixaria sem carona. Me espremi com facilidade pelas pessoas que dançavam, por conta da minha altura e finalmente cheguei a frente da casa, o vi escorado no caro, pálido e eu quase fiquei com pena, ou não.

-Pensando em me deixar sozinha, Bieber? - Disse ao me escorar no carro ao lado dele.

-Cara, você não pode ser legal pelo menos uma vez na vida? Não ta vendo que eu estou passando mau? - Ele disse fazendo uma careta e apertando a barriga. Ok, ele parecia estar falando a verdade.

-O que você ta sentindo?

-Sei lá, eu acho que foi uma bebida estúpida que a Ash me ofereceu...

-E desde quando se aceita bebidas vinda da Ashley? Até parece que não sabe a fama de drogada que ela tem... - Eu disse revirando os olhos, era tão óbvio!

-Eu devo ter me esquecido momentaneamente... - ele disse corando, isso não deve ser bom.

-Ó, as coisas evoluíram, vocês transaram, acertei?

Tomei o silencio do maníaco sexual como um sim.

-Ok, é melhor nós irmos pra casa

-Melhor ideia da noite, vamos - já estava prestes a entrar no passageiro

-Espera ai, Gomez, você vai ter que dirigir

-Eu... o que?

-Dirigir, até parece que nunca dirigiu na vida - ele disse apanhando as chaves em seu bolso

-Ah, qual é, você nem ta tão mau assim... - ele me olhou pidão - ok, me passa as chaves logo

Tudo o que mais gostaria ter ater de dirigir. Até parece. Desde aquele incidente, o fato de encostar em um volante já me perturba. Eu sempre dirigi bem, até aquele dia. Parece que revivo tudo, apenas por sentar no banco do motorista. Respirei fundo. Infelizmente, o senhor doente percebeu.

-Qual o problema? - ele disse encostando a cabeça, fechando os olhos

-Você, sempre você é o problema

Coloquei as chaves na ignição, reparando o chaveiro, uma bola de sinuca preta com o numero 8. Por que eu achava isso tão típico?. Dei partida no carro, finalmente o colocando pra andar, uma sensação nauseante me preencheu e acho que fiquei tão pálida quanto Justin, que resmungava ao meu lado, estava.

Finalmente consegui passar do 30km/h ou Bieber suspeitaria do meu pequeno receio. Coisa que eu espero que nunca aconteça. Não que criar mais laços afetivos com ele do que o necessário. Dizer "olá" cordialmente para ele todos os dias já estava de bom tamanho.

Não vou me sentir nenhum pouco culpada. Na verdade, se eu não precisasse lembrar de sua existência, também não importava.

-Minha cabeça dói, para o carro

Freei com tudo, pelo jeito que o senhor doente falava parecia grave. Retomei o volante e estacionei em um acostamento. Até que não estava indo tão mal. Justin abriu a porta do passageiro que estava ao lado do acostamento, um barranco enorme. Ouvi uns barulhos e me arrependi amargamente de ter sido curiosa de ter olhado. Ele estava vomitando.

Voltei para o volante e fiquei batucando nele, ou eu mesma vomitaria vendo aquilo.

-Tudo bem? - Perguntei quando ele voltou

Voltou a encostar a cabeça, o braço por cima dos olhos, ele estava mais e mais pálido.

-Não, parece que um caminhão passou por cima de mim

-Exagerado, daqui a pouco a gente chega em casa

Segui com o carro e Justin continuava a reclamar das dores do corpo, ânsia de vômito e frio. Por que homens ficam desse jeito com esses simples sintomas? Me pergunto porque as mulheres são o sexo frágil. Ok, chega disso.

Chegamos no prédio e fomos até o elevador Bieber arrastando os pés e pedindo para que eu o carregasse. Patético. Apertei o décimo andar e nós subimos.

Como se não bastasse além de meu colega de escola e meu vizinho, a peste ainda morava no mesmo andar que eu. O que eu fiz pra merecer isso?

Ele abriu a porta do apartamento 10A e me convidou pra entrar, assim eu fiz. No mínimo tinha que ser solidária e o ajudar pelo menos a se recuperar um pouco depois de ele ter me dado carona. Seu apartamento era do tamanho do meu, a única diferença é que o meu era um duplex. Assim que entramos, ele correu para o sofá e se jogou nele, se cobrindo com um cobertor que estava ali. Como uma criancinha.

-E seus pais? - perguntei

-Raramente estão em casa - ele disse baixinho, sua voz um pouco abafada por conta do cobertor.

-Eu acho melhor eu ir pra casa

-Antes, vê se eu to com febre

Aquilo nem soou como um pedido, tava mais pra uma afirmação de que eu teria que fazer isso. Revirei os olhos e fui até ele, meio a contragosto, arrastando os pés, coloquei minha mão sobre sua testa e, realmente, ele estava com uns 10 graus acima do normal.

-Ta

Eu falei vagamente e ele se levantou, arrastando os pés, aparentemente indo para a cozinha, ouvi alguns barulhos de armários sendo abertos e uma torneira sendo ligada. Aparentemente ela ia tomar um remédio . Passo indicava que ele estava voltando, mas parou no banheiro, que ficava visível de onde eu estava. Ele voltou minutos depois.

-Bom, ja fiz minha boa ação diária. Tchau, Bieber.

Fui em direção a porta quando senti seu braço me segurando e me virando de frente pra ele

-Fica

Ele pediu com os lábios tão próximos de minha boca que senti seu hálito em mim. Cheirava a nicotina e pasta de dente de menta. Minhas pernas fraquejaram. O que diabos estava acontecendo comigo?

Our Little Secret  > JelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora