Capítulo III O "Alô" da mudança

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Ally e Rufs tinham acabado de sair. Eles estavam aqui para arquitetar os últimos detalhes da festa. Depois de muita conversa e brigas. Decidimos que o tema seria a fantasia, estilo sobrenatural.

Agora, tudo já estava resolvido. Só teríamos de esperar até o dia de Sábado.

— Venha aqui cunhada, quero lhe mostrar umas fotos. Talvez sirva para sua festa — Thaís me chamou.

Caminhei vagarosamente até ela.
— Sim?— sentei no sofá ao seu lado e olhei para a tela do tablet.
— Olhe que vestido lindo! Quando o vi, lembrei imediatamente de você. — tomei o tablet dela e olhei o vestido.

Ele era negro, muito negro. Suas mangas iam até o cotovelo e tinha um decote bastante generoso, em formato de coração. Era bem justo até a cintura. De lá, era circular com pregas e bem cheio. Era perfeito. Sem contar no detalhe na barra, o acabamento era feito de pequenos triângulos com detalhes prateados. Um pouco exagerado. Porém, perfeito para a ocasião.

Eu estava pensando em algo bem mais bruxo ou vampiresco. Um vestido preto esteve sempre em minha mente. Meu apreço por essa cor era bem visível. Quase tudo meu era escuro. Nada de cores extravagante. Não sou do tipo que curte arco-iris. 

— Gostei, tem como comprar? — perguntei a Thaís, devolvendo seu tablet.

Ela sorriu radiante e disse empolgada:

- Ora, claro que tem! Eu já fiz a reserva. Humm... Temos que comprar uma bota com saltos magníficas... E claro, acessórios. Espera, você já se decidiu? Ainda vai ser baile sobrenatural? Qual ser do além você será? — ela continuou assim, até que decidimos que vampiro era mais trevoso e daria para brincar muito mais.
— Então, Thaís, lentes e presas?
— Lógico, que vamp você seria sem suas armas?
- Verdade! - gargalhei feliz. Bom, no fim, ela era divertida. Ou talvez, era só o clima favorecendo. Segunda alternativa bem mais possível.
— Certo, quando vamos comprar o que falta?
— Amanhã? Quero terminar um livro, vou a praia no crepúsculo e sair a noite. — sua expressão mudou. Ela fecho os olhos lentamente e os abriu vagarosamente. Suspirou e fez que sim com a cabeça. Sorrindo caminhou até o corredor, assim, se perdendo de minha vista.

Às vezes acho ela solitária, meu irmão passa o dia no trabalho, ela sai às vezes, tem poucos amigos. Geralmente, passa o dia inteiro em casa, sozinha. Amanhã ficarei o dia inteiro com ela. Hoje não.

Subi para o quarto e comecei a ler. Entretanto, não consegui concentrar-me no enredo. Estava pensando na festa. Na escola. Em coisas das quais não lembrava há tempos. Como quando eu era criança, e morava com meus pais. Em uma noite de Halloween, eu estava caminhando pelas ruas do bairro Seehofstraße em Berlin, e dois caras mais velhos me encurralaram. Eles eram altos e fortes. E eu era só uma criança de treze anos, que parecia ter dez. Um deles me acertou com um soco no maxilar. Eu desmaiei como qualquer outro que recebesse o mesmo.

Quando acordei, eu estava em casa, não na minha casa. Assim que vislumbrei o espaço e vi que não era conhecido, corri na busca de uma saída. Um garoto entrou na minha frente e me abraçou, sim, do nada. Eu tentei com todas as minhas forças afastá-lo, mas mesmo pequeno, ele era muito forte.

Eu gritava para me soltar, pedia socorro. E ele não me soltava. Até que eu me acalmei em seus braços, e o abracei de volta. Ele me soltou e sorriu, eu chorei silenciosamente. Ele me puxou pela mão até uma sala. Meu maxilar doía, e meus olhos ardiam.

O menino me entregou um telefone e eu liguei para meus pais. Um casal, que eram seus avós me contaram que seu neto havia me encontrado adormecida na grama em frente de sua casa e me colocou para dentro. Meus pais chegaram desesperados e me levaram para casa, desde desse dia, eu me tornei amiga do garoto.

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⏰ Última atualização: Mar 18, 2016 ⏰

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Sara: Entre Eu E VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora