— Steph! – gritei correndo em direção a minha amiga. Que continuava batendo muito forte em Caroline. Não sei como a garota ainda estava consciente.
Quando puxei a ruiva de cima de Caroline, ela me olhou com fúria nos olhos, mas depois sua expressão se tornou assustada.
— Mel, o que você... – a interrompi.
— Stephanie, eu quero uma explicação.
Os lindos olhos verdes de Steph estavam opacos agora. Seu rosto estava enxarcado de lágrimas e seus olhos vermelhos.
Ela continuou me encarando sem falar uma só palavra. Sua boca de abriu diversas vezes tentando falar, mas as palavras não saiam. Eu estava começando a ficar assustada, nunca vi Steph chorando desse jeito.
Olhei para Caroline, e ela continuava no chão, nem se deu ao trabalho de levantar. Abraçava os joelhos e chorava compulsivamente. Aquilo sim era novidade. Nunca tinha visto ela tão frágil desse jeito. Ela geralmente era puro gelo, nunca demonstrava sentir.
— Melanie... – Steph me chamou. Mas pelo meu nome, e não pelo apelido. Droga.
— Fala
Todos ao nosso redor olhavam, sem dizer uma só palavra.
— Caroline viu Philip beijando você – ela começou, sua voz falhava.
— Aquilo foi contra a minha vontade – me expliquei.
Ela me olhou capisbaixa.
— Ela ligou pros seus pais. Disse que você estava aqui – não estava entendendo nada.
— Eles estavam a caminho.... O carro. Eles bateram, eu sinto muito.— Eu não sei do que está falando Stephanie. Não.
Fui me afastando aos poucos, tudo estava mais lento de repente. Aquelas pessoas me olhando, com pena. Estavam com pena de mim. Aquelas palavras martelavam na minha cabeça. Carro. Bateram. Sinto muito.
De repente já estava correndo para a pista, minhas lágrimas embaraçavam minha visão. Minhas pernas fraquejavam, mas não ia parar. Pedia baixinho, por favor não seja verdade, por favor, eu não tenho mais ninguém. Tinha poucas pessoas perto agora, as que estavam aqui com certeza foram ver a briga. Vi três corpos cobertos por sacos plásticos no chão, alguns policiais conversavam ao meu lado. Passei por baixo do isolamento, sem me importar com mais nada. Levantei o primeiro saco. Um homem totalmente irreconhecível. Eu não o conhecia. Era tudo um enorme engano, Steph estava bêbada. Meus pais não estavam aqui. Mas ainda sobraram dois corpos. Me agarrei a um pequeno fio de esperança que restou em mim e levantei o segundo saco.
Nunca em um milhão de anos estaria preparada para o que eu vi ali. Nem em outras vidas.
Minha mãe. Deitada, seu rosto sem cor, havia sangue na sua cabeça e seus membros estavam em posições estranhas, quebrados. O ar me faltou, não conseguia respirar. Puxei com força mas nada veio. Não não não. Puxei o segundo saco já sabendo o que encontraria. Meu pai. Meu estômago se embrulhou e senti meus joelhos em contato com chão. Estava acabada. Tudo o que eu queria naquele momento, era morrer também. Meus pais morreram por minha culpa, eu havia os matado. Aquele sangue estava nas minhas mãos, de mais ninguém. Minha visão ficou desfocada, e meu corpo foi de encontro ao chão. A ultima coisa que ouvi antes de tudo ficar escuro foram gritos.
"Tirem a garota dali." "São os pais dela." "Chamem um medico."

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I Wanna Be Yours.
RandomQuando todos que você conhece, todos que ama morrem antes de você. Como seguir em frente?