Ao entrar na dispensa não consigo enxergar nada pouca luz do dia consegue penetrar para lá, só consigo sentir a mão tremula e fria de Maria sobre meu ombro um pouco dolorido.
Consigo achar uma chave de luz e ao acender me deparo com um homem curvado e de costas pra mim não o reconheço logo de primeira mas quando meus olhos se acostumam a luz eu o reconheço; é o senhor Tobias meu vizinho.
Solto a arma e vou em sua direção pra tentar entender, neste momento eu não sinto Maria vindo atrás de mim mas não dei atenção à isso. "Sr. Tobias! O senhor esta bem?" Ao terminar de falar isso ponho minha mão sobre seu ombro, e é quando a ficha cai de verdade.
Não era mais o Sr. Tobias que estava ali, na verdade era ele, mas não era!
Recolho minha mão rapidamente quando sinto ele se erguendo e se virando pra mim, seus olhos eram negros e ele estava coberto de sangue e começou a vir em minha direção. Eu me recolhendo rapidamente sem conseguir falar nada e tropeço na madeira velha da despensa e caio...
Quando vejo o Sr. Tobias vindo até mim fecho o meus olhos e naquele momento sinto que não ia mais sobreviver. É quando eu escuto o barulho da arma disparando 3 vezes, e sinto o peso do corpo dele sobre o meu.
Abro os meus olhos e vejo que estou coberto pelo sangue dele e ele esta debruçado sobre mim. Quando consigo sair e me ergue. Vejo de onde veio os disparos, Maria estava com a arma em mãos e chorava muito, corro em sua direção pego a arma de suas mãos e a abraço como nunca tinha abraçado antes alguém na vida.
E ficamos ali... parado por um tempo (acho que uns 15 minutos) até que me veio um relance sobre o que estava acontecendo, solto Maria devagar e olhando nos seus olhos digo num tom suave "não era mais o Sr. Tobias, Maria. Você fez o que devia fazer." Ela me olha como quem quer concordar e acena com a cabeça.
Voltando à casa para pegar qualquer coisa que nos ajude na viajem me deparo com algo que me matou emocionalmente.
A imagem de minha mãe lá coberta de sangue com os olhos negros vagando pela casa era algo que eu jamais poderia imaginar, eu sabia que ela não poderia estar viva pela carta do meu pai. Mas avia uma faísca de esperança em mim.
Eu sabia o que deveria fazer em respeito a isso e acho que Maria percebeu meu fardo e minha falta de reação em questão a isso e diz "deixe que eu faço isso, Fábio. Você não deve passar por isso." Mas algo em mim dizia que sim, eu deveria passar por aquilo.
"Me deixe sozinho, preciso fazer isso." Ao ouvir isso Maria dá a volta na casa e me deixa lá na porta dos fundos fixado olhando para a imagem que me atormentava, penso em não fazer isso e simplesmente ir embora sei que Maria não julgaria, mas em pensar em deixar minha mãe naquele estado ficava atormentado.
Ergo a arma e miro exatamente na cabeça, eu sabia que tinha que ser na cabeça eu assistia muita serie e jogava muitos jogos de zumbies.
Aperto o gatilho no momento em que fecho os olhos e ouço o seu corpo bater sobre o chão de madeira velha...