A pequena Vitória estava desolada. Tão acostumada a fingir-se de durona, não conseguia atuar aquele papel perto da amiga Amanda. Não conseguia esconder o quanto era difícil esquecer Enzo. Mesmo que seu sentimento por ele não fosse mais tão intenso, e aos poucos se tornava mais fraco a cada dia que passava, não deixara de lembrar nenhum segundo daquele dia que era o aniversário dele. O primeiro que não comemorariam juntos.
Vitória se sentia deslocada. Queria estar com Enzo naquele dia, mas sabia muito bem que ele não sentia a mínima falta dela.
Amanda tentava animá-la de alguma forma, e numa tentativa de fazê-la esfriar a cabeça, chamou a amiga para passear um pouco pela praça que ficava próxima a sua casa.
— Vamos, Vitória! Você precisa tomar um ar, ver rua, se esquecer dessas tristezas. — disse Amanda. E assim convencera a amiga a sair um pouco.
Sentaram-se naquela praça pequena, completamente solitárias. Ótimo momento para conversarem sem interrupções. Porém, quando Vitória já estava quase se entediando, um garoto de skate lhes fez uma pergunta:
— Posso me juntar a vocês? — o garoto parecia ter aparecido do nada. Era branquinho, cabeludo e tinha uma carinha de bebê.
As garotas se entreolharam, achando o pedido um pouco estranho, mas logo consentiram.
O garoto conversava e parecia animado na presença das meninas, mas apesar de ser muito bonito, não atraía Vitória. Essa normalmente se interessava por homens de gênio forte e era o que tornava seus relacionamentos problemáticos, especialmente com Enzo.
As horas foram passando e Amanda percebera que Vitória realmente estava se distraindo e até aparentava não mais estar tão triste. Algum tempo depois, alguns amigos do skatista chegaram para fazer-lhes companhia. Mas um deles chamou a atenção de Vitória. Este era alto e bem magro. Branco de uma cor amarela e usava uma barba que realmente era um charme. Usava uma blusa branca da banda Ramones e tinha um jeito bem decidido de falar, como se colocasse todo o seu conhecimento em cada palavra que saía de sua boca.
Percebendo o interesse repentino da amiga, Amanda logo foi puxando papo com o garoto que esbarrou o olhar no de Vitória, que corou e desviou os olhos . Vitória não quis puxar assunto, porém retribuiu o olhar com intensidade proporcional ao que recebia do garoto.
Só pôde saber que seu nome era David. David falava bem. Parecia ser uns anos mais velho e gostava das mesmas músicas que Vitória. Era um belo acalento para o coração partido da garota ganhar atenção dos olhos de um homem que parecia ser tão interessante.
Vitória se sentiu ameaçada quando um outro garoto chegou ao grupo. Esse ela conhecia. Com ele já havia tido problemas e não queria repetir logo naquele dia tão difícil para ela. Antes mesmo que alguém pudesse se manifestar, Vitória saiu puxando Amanda pelo braço, dizendo que explicava no caminho. Ainda pôde ouvir a voz de David pedindo para que voltassem logo.
Vitória, sem sombra de dúvida gostara muito daquele rapaz. Tanto que na noite que se sucedeu, sonhou com ele. E já na manhã seguinte, aquele sorriso fora seu primeiro pensamento do dia. Só podia ter ficado impressionada com sua inteligência, ela pensava. Sabia que estava um pouco atraída por ele, talvez por tê-lo conhecido num dia frágil. Mas pra que pensar nisso, se provavelmente ela nunca mais o veria? Talvez tudo que queria era se interessar por outra pessoa e esquecer logo seu ex, que também não saia da sua cabeça.
Já no colégio, Vitória se enchia de ira a cada provocação de Enzo. Como era possível aquela pessoa que lhe jurava amor eterno, agora estar se esforçando tanto para fazer da vida dela um inferno? Ou ele mudou de ideia rápido demais ou era tudo mentira. Um amor de faz-de-conta, uma história de princesa onde no final o príncipe vira sapo. Vitória estava mesmo se sentindo amaldiçoada por uma bruxa má.
Suportou todas aquelas horas dentro daquela escola chata, e tentava se animar lembrando que enfim seria seu último ano. Não havia muito o que reclamar da vida. Era melhor que fosse logo ao banheiro trocar de roupa, pois depois da aula iria direto para o trabalho.
Saiu do banheiro as pressas rumo a escadaria para o céu, aquela que levava para fora da escola.
Durante a tarde, pensou várias vezes sobre o garoto que conhecera no dia anterior. Ele era bem bonito mesmo! Aquela noite de quinta-feira entraria para história se ela não tivesse tão para baixo. Era preciso curar suas feridas primeiro antes de tentar qualquer coisa com outro alguém.
Pode ser que eu o encontre numa fila de cinema
Numa esquina, ou numa mesa de bar
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
E eu vou tratá-lo bem pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
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O Sorriso Mais Lindo
RomanceVitória não estava num dia muito bom quando conheceu David. Mas como o Sol ilumina a lua, David deu sentido para a vida da garota. O que poderia acontecer para separar os dois? Às vezes, a vida toma rumos que nós nunca vamos entender. Venha se apai...