Londres, dezembro de 1823
- Sei que a vida não tem sido fácil com você, mais está na hora de recomeçar meu amor.
A frase que a vó disse uma vez penetrou em seus pensamentos novamente, acontecia sempre, talvez porque era o que a fortalecia. Fechou os olhos para afastar as lágrimas, não derramaria mais uma lágrima por ele, mais nenhuma!
Levantou-se e olhou para fora, Londres estava coberta de neve, era bonita, Diana amava a neve e o inverno, e era bom poder admirar essa beleza que a natureza trazia.
- Está ocupada querida? - uma batida soou na porta acompanhada por uma voz doce.
Diana sorriu.
- Não, pode entrar vovó – abraçou com ternura a senhora que entrou com passos leves e rápidos.
- Quando vai sair desse quarto? Sabe que não pode ficar assim. - a senhora disse com preocupação alisando o braço de Diana com carinho.
- Não demorarei a sair... quero retomar minha vida vovó - Diana disse com hesitação, no fundo queria isso, e pensou sobre isso várias semanas, finalmente havia conseguido se convencer a voltar a vida que tinha antes, ao mundo de brilho da sociedade e nos bailes que mesmo se não fossem de máscaras eles faziam uso dela, mesmo que essas "máscaras" não fosse algo material.
- A sociedade não sabe de tudo o que aconteceu querida, graças a Deus, assim não terão a oportunidade de fazer mexericos. A parte que eles conhecem é que você é viuvá, e só. - Lady Felicity, duquesa de Penwood, foi de encontro a cadeira em frente a cama da neta e sentou-se com um suspiro.
- E que fugi para me casar. - disse, com frustração.
- Oh querida, eles não podem falar disso o tempo todo, faz dois anos, você era muito jovem meu amor, sei que podem falar, não posso negar que tenho certeza que vão falar, mas você é minha neta, não ousarão dizer na sua frente - Felicity sorriu para a neta.
- Talvez não... - sorriu com incerteza, no fundo já sentindo os olhares maldosos e os sussurros indiscretos voltados para ela.
- Uma viúva com dezenove anos, é uma viúva muito nova, você vai encontrar alguém a quem amar e assim poderá encontrar a felicidade que tanto deseja. E finalmente se libertar desse sofrimento - a duquesa levantou energética - agora você irá comigo comprar uns vestidos. Sei que adora a neve, vamos, se troque. Voltarei daqui a alguns minutos.
E assim Felicity saiu sem dar a chance de Diana responder.
Diana sorriu, ela iria sair, retomaria a sua vida, ao seu lugar na sociedade, era uma condessa por direito mesmo não querendo... ela era. Lembranças de Robert vieram a sua mente e Diana arrepiou-se, sentimentos ruins a invadiram. Tentou afastá-los, até quando aquele homem tiraria a sua felicidade? Pegou um vestido de musselina verde-esmeralda que tanto gostava e então se dirigiu ao espelho, seus longos cachos loiros estavam em um coque no topo de sua cabeça, alguns cachos caiam delicadamente pelo pescoço alvo. Constatou que não precisaria fazer um novo penteado, como sempre a sua criada de quarto, Júlia, bateu à porta querendo ajudá-la a se vestir e mais uma vez Diana recusou, as vezes ela deixava quando já havia colocado a combinação, mas na maioria das vezes preferia se trocar sozinha. Colocou o vestido em cima da enorme cama e tirou o vestido cor de palha que estava vestindo, e então passou a mão pela enorme cicatriz fina que ia de a uns centímetros do umbigo até embaixo de seu seio direito, a cicatriz tinha um palmo de comprimento, e Diana sentiu repulsa mais uma vez, tinha vergonha que alguém visse e pior que ficassem com pena dela, Robert conseguiu marcá-la para sempre e toda vez que se lembrava da cicatriz se arrependia de um dia ter fugido com aquele homem, mais não podia mudar o passado, sentiu lágrimas nos olhos, mas mais uma vez não as deixou cair, vestiu o vestido e se olhou mais uma vez no espelho, era de fato muito bela, com olhos de um tom azul-escuro e lábios perfeitos, era o que a sua avó dizia. Mas do que adiantava ser bela se jamais poderia ser feliz? Queria mais do que tudo ser feia a dois anos atrás, pois teria certeza que Robert jamais olharia para ela e sua vida não estaria arruinada. Suspirou e tentou pensar em coisas boas, como na neve fraca que caia, e o dia que passaria com a avó, e então desceu as escadas atrás da doce senhora.
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Em Busca de um Verdadeiro Amor
RomanceLondres 1823 Quando o sofrimento é grande e a desilusão maior ainda, só o poder de um grande amor será capaz de curar a dor e fazer o coração ser capaz de amar novamente. Diana Duval, condessa de Stewkesbury, é condenada por um passado cruel, procu...