Vida Dupla

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Tudo demorou para passar. Eu queria ter Felipe ao meu lado. Eu precisava disso.
De manhã acordei cedo, não consegui dormir quase toda noite. Quando me olhei no espelho, levei um susto. Meus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto lamentar, isso sem tirar as olheiras. Não sei o que seria de mim sem as maquiagens, foi uma das melhores coisas que já inventaram.
Tomei banho e passei uma boa maquiagem no rosto, apenas para tampar o estrago de meu rosto.
Pedi que minha empregada trouxesse o café em meu quarto. Só que não foi ela que trouxe e sim minha mãe.
- Está tudo bem? - ela perguntou.
- Mais ou menos. - menti. Na verdade estava tudo péssimo.
Ela colocou a bandeira na mesa de meu quarto e sentou na beira da cama, me fazendo cafuné.
- Eu sei que tudo pode estar difícil, Lívia. Sei que Felipe é seu amigo e que vai sentir falta dele, mas não pode ter contato NUNCA mais com essa gente. Não sabemos o que eles são capaz de fazer. Eles querem seu mal, lembre disso. - ela falou me encarando.
- Mas vocês eram tão unidos... - tentei falar.
- Eles querem seu mal, lembre disso. - repetiu ela caminhando até a porta. - Eu e seu pai somos os únicos que querem seu bem. Apenas nós dois. - falou fechando a porta.
Peguei meu café e tomei rapidamente. Decidi dar uma volta pelo castelo.
Estava no corredor, não havia ninguém, nenhum guarda. Ainda bem, eu precisava de paz.
Enquanto caminhava vi que apenas uma porta estava aberta, mas decidi ignorar, quando... uma mão me puxou para dentro, eu ia gritar, mas colocaram a mão em minha boca. Fecharam a porta e vi quer era.
- Calma, sou eu. - disse Felipe me abraçando.
- Que susto! Que bom que está aqui! - falei devolvendo o abraço, quando me lembrei do que minha mãe havia falado.
- Não podemos ter contato. Minha mãe não deixa, ela me falou que querem meu mal. - falei me afastando.
- Você acreditou? - perguntou.
- Não sei. - falei encarando o chão.
- Eu nunca iria querer seu mal. Eu te amo, Lívia. - disse me puxando, fazendo nossos lábios se tocarem.
- Eu também. - falei.
Ele me fez ficar entre ele e a parede, me beijando ferozmente. Suas mãos seguravam a minha e cada vez eu ficava mais presa entre ele e a parece. Eu estava gostando daquilo. Nos beijamos por alguns minutos. Coloquei minhas pernas nele, fazendo eu ficar em seu colo.
- Não podemos ficar aqui por muito tempo. - falou ele interrompendo, mas ainda me segurando. - Quero te mostrar uma coisa.
Ele me carregou até a outra parede, onde bateu duas vezes na parede, que girou, dando origem a outro lugar. Fiquei surpresa por aquilo estar acontecendo.
Era um jardim, um jardim secreto. Como eu não sabia daquilo?
- Como você sabia que existia isso? Nem eu sabi! - falei ainda surpresa.
- Quando eu ficava hospedado no palácio, durante a noite eu saía e fuçava tudo aqui, até que descobri esse jardim. - disse ele sorrindo.
O Jardim era lindo, com flores de todos os tipos, pássaros cantando e grandes árvores.
Nos sentamos em um banco e ele novamente começou a me beijar. Quando escutamos um barulho.
Ele me puxou para atrás de um árvore grande e ficamos vendo quem estava ali. Me assustei quando vi quem era.
Ela estava ali procurando algo por todos os lados. Minha mãe estava ali.
- Alguém aqui? - disse ela gritando.
Não falamos nada. Quando Felipe tampou minha boca e sussurou:
- Prenda a respiração, para ela não ouvir.
Obedeci.
Ela chegou perto da árvore e perguntou novamente. Quando ela virou de costas corremos para nos esconder em outra árvore, só que quando eu estava correndo, fiz um pouco de barulho, fazendo ela se virar.
- Quem está aqui? - perguntou impaciente.
Não respondemos, a sorte foi que ela não havia nos visto.
- Acho que foi engano, algum guarda deve ter deixado o esconderijo aberto - falou baixo.
Depois de mais alguns minutos ela pegou uma flor e saiu dali.
- Uffa, que sorte! - suspirou Felipe aliviado.
- Você ficou louco? Estávamos correndo perigo. Se ela te visse comigo, ela te mataria e eu não conseguiria viver sem você! - falei nervosa, me levantando.
Ele me puxou e me beijou, um beijo calmo.
- Temos que voltar! - falei me soltando dele.
- Está nervosa? - perguntou ele.
- Não! Eu só não suportaria viver sem você! - falei novamente.
- Que meiga! - falou sorrindo. - Também acho melhor voltarmos.
Quando chegamos ao mesmo local em que tínhamos entrado, estava fechado.
- Estamos presos. - falou Felipe. - Sua mãe deve ter fechado achando que não tinha ninguém e que um guarda deixou aberto, então ela fechou.
- E agora? - perguntei preocupada.
- Teremos que esperar até alguém aparecer. Mesmo correndo risco. - ele tentava disfarçar, mas notei o tom de preocupação em sua voz.

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