Capítulo 1

244 19 2
                                    


Se havia algo que Park Chanyeol detestava, eram jovens inconsequentes. Nunca fora do tipo de adolescente que saia para festas e só voltava no outro dia de manhã. Preferia os livros, histórias. A arte da palavra. Sua eterna paixão, as diversas formas de texto, poemas, poesias, cartas... Ah cartas, adorava escrever cartas e abusar de seu coreano formal, talvez fosse muito antiquado, talvez fosse só diferente.

Mas sua paixão era muito maior e foi essa paixão que o levou a se formar em Literatura na faculdade. Se formou muito cedo. Aos 21 anos já estava dando aulas e cursava doutorado. Assim que se formou conseguiu um emprego de professor em uma escola no centro de Seoul, uma escola cheia de adolescentes. E já fazia 2 anos.

Como em todos os dias Chanyeol se levantou lavou o rosto e dirigiu-se até a cozinha. Ligou a cafeteira e abriu a geladeira buscando algo para comer. Optou apenas por um café. Passou pelo corredor e buscou suas cartas, recebeu uma de sua irmã que morava na Inglaterra, um ótimo lugar, julgava Chanyeol, lugar de pessoas cultas, educadas. Já se visualizou mil vezes sentado em um coffe shop. tomando um chá da tarde, acompanhado de um ótimo livro, Hamlet por exemplo. Era um grande admirador de Shakepeare.

Sua irmã dizia estar com saudade e que a pequena Anne havia dito a primeira palavra. Chanyeol ainda não conhecia a sobrinha, se sentiu realizado quando descobrira que o nome da garotinha era Anne. Sua irmã tirara o nome do livro "O diário de Anne Frank", ainda se lembrava de quando havia a presenteado com o livro e como ela se apaixonara pela triste história. Um sorriso doce surgiu em seus lábios.Ao que ouviu o apito indicando o café pronto, andou sem pressa até o armário, buscou uma xícara e serviu-se com o líquido preto fumegante, o cheiro da cafeína e a sensação quente dele descendo pela sua garganta relaxava suas têmporas.

Em meio as cartas recebeu um convite para uma palestra em uma das faculdades mais prestigiadas de Seoul. Tinha tantos trabalhos da faculdade pra fazer e os da escola para corrigir. Achou mais viável esperar mais um pouco antes de responder. Assim que terminou de tomar café, repousou a xícara na pia e seguiu para quarto, para tomar um banho. Acordava mais cedo que o necessário apenas para poder incluir seus banhos demorados em seu cronograma.

Os vidros do box e o espelho já estavam embaçados e seus dedos enrugados quando, então, saiu do banheiro sentindo sua pele se arrepiar ao que o clima frio lá fora entrava apela janela que havia esquecido aberta. Cruzou o quarto em direção a janela fechando e travando. Vestiu-se com sua calça preta jeans, sua camisa social branca, passou em volta do pescoço o cachecol azul marinho e pôs um sobretudo preto, arrumou os cabelos em um topete bem alinhado, buscou sua pasta preta em cima da escrivaninha, onde havia deixado arquivos, trabalho e um livro que havia confiscado de seu aluno, ele lia durante a aula, poderia relevar se fosse algo relacionado ao que falava ou algo digno de se chamado de Literatura. Mas era um livro grosso, onde na capa havia um monstro verde, algo medonho, e em maiúsculo escrito "MOSTROS DO SUBMUNDO".

Se perguntava como conseguiam ler algo assim. Jogou o livro dentro da pasta, pegou suas chaves e andou até a porta, trancando-a. A rotina era algo incontestável em sua vida, toda manhã que saia de casa, respirava o ar gelado e olhava o céu. Todo dia caminhava até o ponto de ônibus e se permitia comprar um capuccino na cafeteria ali perto. E todos os dias as 6:47 o ônibus 288 parava e ele subia, passava seu cartão e se dirigia ao fundo do ônibus, onde se sentava no último banco. Encostava a cabeça no vidro e fechava os olhos esperando o andar suave do veículo. O som do motor acelerando fez Chanyeol suspirar relaxando, com um ar de "finalmente". Porém um ruído alto se fez presente, o ônibus havia freado bruscamente fazendo Chanyeol se balançar no banco, franziu o cenho mau-humorado, arrumou sua postura no banco, com a pasta firme em seu colo. Procurou com o olhar a causa daquele incômodo, as postas se abriram e um ser totalmente encapuzado entrou.

ButterflyOnde histórias criam vida. Descubra agora