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— Vamos turma ultima prova do período. Esta faltando 10 minutos — Escuto a professora de fisiologia falando na hora que eu estava levantando para entregar a minha prova. Entrego a prova nas mãos da professora e saio da sala.

— Que prova foi essa Isabela? — Pergunto para minha amiga encostada na parede da sala — Não quero nem ver a nota que eu vou tirar nisso.

— Se você que é a 'nerd' da nossa turma está com medo da nota, imagina sua amiga que não estudou nada, pois foi para a farra noite passada — Revirei os olhos, ela sabia que eu nunca aprovava quando ela fazia isso.

— Não acredito que você foi para festa ontem a noite e não estudou para essa prova, você sabe que a Clara sempre pega pesado na última prova dela — Saímos andando em direção a lanchonete da faculdade, já era quase hora do almoço e não havia comido nada — Você não pode fazer uma coisa dessa.

— Sem bronca Edy, sei muito bem que dei mancada, mas não dar para mudar, vamos aproveitar nossas férias que estão apenas começando- Revirei os olhos, pois eu sabia que ela ia me arrastar para todas as festas que ela conseguir ir. Ela pediu um sanduiche bem gorduroso e eu fiquei no meu sanduiche natural - Não sei porque sou sua amiga.

— Nem eu sei porque somos amigas, não temos nada em comum.

— Você não conseguiria viver sem sua amiga doida aqui — Sorri, realmente a Bela era minha confidente, irmã de outra mãe, ela era a pessoa que eu mais confiava nesse mundo todo, nunca iria conseguir viver sem minha melhor amiga.

— Chega dessa melação, sabe que te amo, não preciso ficar falando — Sentamos em uma mesa no meio de refeitório. A Bela como sempre ficou resmungando um monte de coisa, mas não estava prestando a atenção nela. Meus olhos foi em direção a porta de entrada do salão, lá estava o Henry, o cara mais lindo da faculdade, pelo menos para mim.

— Olhando de novo para o Henry? Porque não vai até ele? Melhor do que ficar babando por ele sempre a distância — Desviei o olhar rapidamente, senti meu rosto corando, porém, tentei disfarçar o máximo que pude.

— Não viaja Isabela, não estava olhando para ninguém, estava olhando para a porta quando ele chegou, apenas coincidência, nada de mais.

— Sei a coincidência que foi, seus olhando procurando por ele no meio desses alunos que estavam entrando. Sei que você gosta dele, não sei porque não vai até ele, tem medo de quê?

— Não tenho medo de nada, não vou até ele por que não me atrai, não gosto dele. Se gostasse já teria feito algo a respeito, chega desse assunto okay? — Dei uma mordida no meu lanche torcendo para ela esquecer esse assunto.

— Você pode falar o que quiser, mas você não consegue mentir para mim, te conheço bem de mais.

— Você esta insuportável — Me levanto — Te vejo mais tarde, quando você parar de querer adivinhar o que eu sinto — Saio do refeitório e vou até o estacionamento. Meu carro estava estacionado de baixo da marquise, peguei à chave na minha bolsa e destranquei meu jeep branco, entrei e bati a porta.

Não queria admitir para minha amiga que ela estava certa, que eu estava completamente apaixonada pelo idiota do Henry, pois não havia motivos algum para gostar dele, pois ele era um babaca filhinho da mamãe. Sempre escondi tudo que sentia, nunca iria admitir que a Isabela estava certa, mas para ela nunca consegui mentir.

Virei a esquina da minha casa dez minutos após ter saído do estacionamento da faculdade, parei em frente a minha garagem, que logo foi aberta pelo motorista que estava olhando pela câmera. Dei a partida no carro de novo e entrei, estacionei do lado do carro conversível do meu pai, estranhei meu pai em casa uma hora dessa. Desliguei o carro e sai dele.

— Boa tarde Severino, meu pai está em casa? Ele nunca fica em casa uma hora dessa.

— Boa tarde senhorita Edy, ele está sim, chegou tem uns 20 minutos, procurando pela senhorita.

— Vou até o escritório dele, muito obrigada por me avisar — Sai da garagem, subi as escadas que ligava ate a sala no primeiro andar da casa. Eu precisava de um banho urgente depois iria ver o que o doutor Sérgio queria comigo. Subi as escadas que levava até o meu quarto, o tom preto do mármore se destacava no branco das paredes.

Entrei no meu quarto, e fechei a porta atrás de mim. Tirei minha blusa e joguei no cesto que estava no banheiro, tampei o ralo da banheira e abri as torneiras para enche-la. Fui até o meu espelho, meu rosto estava vermelho devido ao sol intenso que fazia em Belo Horizonte, ou eu acreditava que isso seria o motivo, não parava de pensar no que a Isabela tinha me falado mais cedo, sabia que esse assunto me fazia ficar nervosa, não gostava de demostrar o que sentia, nem mesmo para ela, e ela me falar algo que nunca falei me deixou constrangida. Me virei e percebi que a banheira já estava cheia, desliguei o registro e me despi, entrei logo depois, como o meu corpo precisava daquela água quente.

Escuto intensas batidas na porta do meu quarto, percebo haver algum tempo que estava na banheira, pois meus dedos estavam todos enrugados. Sai da banheira e peguei minha toalha pendurada no boxe do banheiro, me enrolei nela e fui atender.

— Seu pai está te chamando, a cara dele não esta boa menina, vai logo antes que ele venha até aqui — Suspirei, estava com um mau pressentimento, meu pai nunca me procurava, quando ele fazia era porque estava acontecendo algo, e sempre era serio.

— Pode deixar Maria, já vou descer — Ela fez uma cara que sabia que eu não iria descer — Não se preocupe só vou trocar de roupa, ou quer que eu desça desse jeito?

— Te dou cinco minutos para estar no escritório do seu pai, não faça eu vir aqui novamente — Bati continência para ela, a Maria bufou e saiu. Fui até o meu guarda-roupa, peguei um vestido florido que batia na metade da minha coxa de alça, calcei meu chinelo e desci. A sensação ruim voltou. De novo.

— Posso entrar? — Perguntei colocando minha cabeça em uma fresta da porta que eu tinha aberto — Ou está muito ocupado? Como sempre está?

— Pode entrar Edlyn, estava realmente esperando por você — Escuto a voz rouca do meu pai vindo do fundo da sala — Preciso conversar algo serio com você, senta aqui.

— Já esperava ser algo sério, meu querido pai me chama apenas quando é algo sério — Disse entrando na sala.

— Sem brincadeiras Edlyn — Ele tirou os óculos e o colocou em cima da mesa — Nem sei por onde começar a falar com você.

— Que tal do começo? Seria uma boa opção.

— Já falei para parar de fazer brincadeiras, há alguns meses entrei em um negócio que prometia me dar o dobro do que investi.

— Sei que negócio você entrou, seriam apostas esse seu suposto negocio?

— Deixa eu acabar de falar. Alguns dias atrás eles me ligaram falando que o negócio não deu certo, e que mesmo assim teria que pagar o restante do valor para cobrir alguns investimentos que eles já haviam feito. Eu não tinha o dinheiro todo liquido, tive que pedir um empréstimo para cobrir, eles pegaram meu escritório e esta casa como garantia.

— Como assim? Essa casa vale milhões e seu escritório nem se fala. Você tem filial em todo o Brasil — Ele deu um longo suspiro — Você colocou todos os escritórios como garantia? — Ele balançou a cabeça confirmando — Como assim pai? Você vai perder tudo?

— Vou

— Como deixou isso acontecer? Como vai resolver isso?

— Já tenho um jeito de resolver tudo isso.

— Como?

— Um amigo meu vai emprestar o dinheiro, mas com uma condição.

— Qual seria essa condição?

— Casando você com o filho dele.

O Casamento ForçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora