Capítulo I

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Eram 10horas da manhã quando acordei. O Liam já tinha saído para o trabalho. Era quarta-feira. Como sempre quando acordo fico mais 5 ou 10 minutos na cama a admirar o teto, uma parede branca que não tem nada de interessante, mas ficava lá a olhar para ela e a relembrar-me dos momentos que passei na infância com o Liam. Aquelas brincadeiras no parque. Sempre fomos crianças que não se juntava às outras para jogar à apanhada ou às escondidas. Preferíamos jogar os dois, embora parece aborrecido ainda era mais divertido estarmos apenas os dois juntos. Lembrei-me de quando eu estava a andar de baloiço e o Liam estava a empurrar-me e a dado momento caí do baloiço, tinha escorregado. A minha sorte foi que não ia muito depressas nem muito alto. O Liam ao início ficou preocupado comigo e veio ver como é que eu estava, mas logo a seguir comecei a rir-me e ele também começou a rir. Parecíamos dois maluquinhos a rir. Nessa altura devíamos de ter cerca de 5 ou 6 anos. Lembrei-me também que no mesmo dia o Liam subiu a uma árvore, mas ao descer ele também tinha caído. Ele tinha alguns arranhões nas pernas e nos cotovelos. Ajudei-o a levantar-se e levei-o a casa, para a mãe dele tratar das feridas. Karen, preocupada, perguntou-me o que se tinha passado, contei-lhe tudo com a minha voz trémula e inocente de criança, eu tinha receio da reação da mãe do Liam, porém ela não ralhou com o Liam, apenas curou das feridas dele. No final, ele foi sentar-se no sofá e fui com ele. Lembro-me tão bem das palavras que ele me disse naquele dia: ”Somos tão amigos que até caímos os dois e como a minha mãe diz que vou ter de ser cavalheiro no futuro, tu não te aleijaste e eu fiz enormes feridas”. E logo a seguir abraçou-me. Fazíamos isso sempre que nos víamos e estivéssemos juntos, andávamos sempre a abraçar-nos.

         Depois desta recordação, dei por mim com um enorme sorriso na cara. Esta amizade já durava há 16 anos. Conheci o Liam quando tinha 3 anos e ele 4 anos. Conhecemo-nos no parque enquanto eu estava com as minha amiguinhas e o vi lá rodeado de uns rapazes da nossa idade naquela altura e estavam todos a gozar com ele e fui lá ajudá-lo com as minha amigas. Pedi a todos que se fossem embora e o deixassem em paz. Quando era pequena tinha muito pretendentes e a maioria dos rapazes daquele grupo gostavam de mim, então foram-se embora e nunca mais voltaram a chatear o Liam. Perguntei ao Liam se queria ficar connosco e ele aceitou. Pouco tempo depois de nos conhecermos afastei-me das minhas amigas e passava o tempo todo com o Liam. Estas lembranças faziam-me sorrir, porque afinal sempre passei ótimos momentos com o Liam.

         Levantei-me e fui tomar o pequeno-almoço. Era mais um dia que estaria em casa a ler os jornais do dia e no computador à procura de um emprego. Não podia sair, visto que chovia a potes. Então ficava em casa. O Liam, chegaria por volta das 17h30 e 18horas. Almoçaria sozinha e assim foi. Passou-se o meu dia à procura de emprego, mas nada, não encontrei nada.

         - Boa tarde, fofa! – Liam chegou-se a mim e deu-me um beijo na bochecha e retribui e abracei-o.- Encontraste alguma coisa hoje?

         - Não ainda não encontrei nada. – Sentia-me muito mal por não estar a ajudar o Liam nos pagamentos do apartamento.- Desculpa*sussurrei*.

         - Não faz mal, vais ver que vais conseguir encontrar um emprego. Eu recebo o suficiente por enquanto. Não te preocupes.

         - Mas eu sinto-me mal por não te estar a ajudar. Sinto-me mesmo mal.- Disse-lhe enquanto olhava para ele olhos nos olhos. Nesse momento ele abraçou-me, outra vez, e sussurrou:

         .- Não te preocupes, vais encontrar um emprego.- Desfez-se do abraço e mostrando aquele enorme e lindo sorriso, disse.- Que tal irmos preparar o jantar para depois vermos um filme?

         - Ok, mas não quero voltar o ver Toy Story. Eu escolho o filme.

         - Mas, porquê? Eu adoro o Toy Story e ainda não o vimos tantas vezes!

         - Ainda ontem há noite o vimos e ainda só vamos a meio da semana e já o vimos quatro vezes.

         - Pronto, ganhaste. Escolhe tu então o filme.- Disse enquanto fazia beicinho como em criança. Achou-o tão fofo e tão engraçado quando faz o beicinho que comecei a rir.

         No fim do jantar, enquanto Liam arrumava a loiça e fazia as pipocas eu escolhia o filme e preparava tudo para a sessão de cinema. Escolhi “América Proibida” um filme lindo sobre racismo. Sempre adorei este filme.

         - As pipocas estão prontas!- gritou ele da cozinha.

         - O filme também está pronto.- Respondi.

 Sentamo-nos no sofá a ver o filme e a comer pipocas. Encostei-me no ombro do Liam, ele repousou a sua cabeça na minha e pouco depois reparei que tinha adormecido. Acordei-o e ajudei-o a ir para a cama. E fui-me deitar.

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