Prólogo

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Foi lá onde tudo começou. No mar, nas ondas.
Me retorcia de dor em casa, e meu irmão me deixava sem saber o significado da palavra TRANQUILIDADE.

-Mãeeee, a Laura me bateu! -Gritava Henrique.

-Eu nem encostei em você pirralho! -Me defendo.

-Mãeee, a Laura tá me chamando de pirralho!

-Laura, não chame seu irmão de pirralho, e Henrique por favor vá se sentar! -Diz minha mãe, segurando um cesto de roupas sujas nos braços.

-Mãeeee, a Laura não quer deixar eu assistir televisão!

-Eu tava assistindo primeiro, seu gnomo de jardim! Por que você não me deixa em paz? -Pergunto

-Porque eu sou seu irmão mais novo. E é meu dever enfernizar a sua vida! -Ele diz baixinho.

-Mãeee, posso dar uma volta ? Se não eu vou acabar esganando esse gnomo de jardim!

-Vai Laura, vai! - Diz Rose              ( minha mãe) frustrada.

(....)

Fui andando até a praia
. Ela estava calma, mansa, assim como um leão domado. Me aproximei e sentir a areia molhada em meus pés. Continuei a andar em direção a onde teria maior profundidade de água, e a menor proporção de terra, porém me lembrei que não podia me molhar totalmente, e resolvir parar. Parar e pensar. Pensei em como ultimamente os meus pensamentos andavam bagunçados, e aquela voz .... Aquela voz que não me deixa em paz. Sempre me enxendo. É uma voz fria, e ao mesmo tempo suave, que aparentemente é masculina, e sempre diz coisas como:

Venha até mim!

E deixa esse enigma no ar de "de quem será esta voz? " As vezes eu penso que estou enlouquecendo .... Pirando por completo..... E essa voz, só fala comigo quando estou no
mar, com os pés cravados na areia molhada , perdida totalmente em meus pensamentos, perdida observando a velocidade em que as ondas se encontram com a areia formando a mais perfeita
derrapagem existente.

O que me é estranho, é que essa voz ainda não veio me enxer. Estou com os pés cravados na areia (como de costume) e deixando com que as pequenas ondas façam eu me mover de lugar. Porém, ouço um barulho, um barulho estrondoso, e o mar fica agitado, totalmente agitado.

-Será que eu vou morrer? -Penso.

-Oh! Se você morresse, que fosse deste jeito, já que morrer no lugar em que você ama é um sonho vestido de pesadelo. - Era aquela voz! Só que agora, ela está falando bem mais do quê um simples "Venha até mim".

Ouço passos de alguém sem paciência. Seguido de reclamações sobre como odeia andar na água.

- Nossa! Isto é exaustivo, o que eles pensam que eu sou? Jesus? Para andar em cima da água? -Olho para trás assustada.

-Nossa! Você é, você é....

-Sim, eu sou um satíro. Já se assustou bastante com minhas pernas de bode? -Irôniza

-Desculpa, eu ... Eu... Eu estou sem palavras. -Sinto tudo girando, vejo tudo embaçado,sinto que estou perdendo os sentidos.

(....)

-On....Onde estou?

Ondas - Livro I 》Portal DimensionalWhere stories live. Discover now