Capítulo único

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Young Hearts


— Já disse que não vou para esse baile ridículo, Malia! — entrei furiosa dentro de meu quarto do apartamento em que eu dividia com uma de minhas melhores amigas que fiz desde que entrei na UCLA, há quase dois anos.

— Por Deus, Naomi! — disse ela me seguindo, colocando as mãos na cintura, como sempre fazia ao tentar me convencer de algo ou para me dar bronca e uma lição de moral daquelas — Para uma estudande de cinema você esta mais para Harriet Finston! — Harriet é uma das pessoas mais esquisitas da UCLA, ela é estudante de direito e uma completa nerd. Eu era contra qualquer tipo de comentário ofensivo, por isso sempre defendia a pobre garota.

—  Não fale assim dela! — defendi a menina que nem estava ali para se defender, alías, ela nunca saia das salas de aula, ou da biblioteca. — Ela é centrada demais, apenas! Isto não lhe dá o direito de tentar humilhar ela!

—  Não estou humilhando, apenas falando verdades — Malia revirou os olhos, impaciente — E você vai ao baile de natal, Naomi, querendo ou não.

—  Eu. Não. Vou. — respondi entredentes entrando no banheiro e batendo a porta com força, me arrependendo depois, pois se eu quebrasse a porta mais uma vez, eu teria que me virar para conseguir concertar. Me arrependo amargamente por ter quebrado a fechadura e não te-la concertado, agora fiquei sem trancar aquele maldito bloco de madeira.

— O BAILE É DAQUI HÁ DOIS DIAS, NAOMI, FODA-SE SE VOCÊ NÃO QUER IR, VOCÊ VAI, POIS É NATAL E TEMOS QUE COMEMORAR O NASCIMENTO DO NOSSO CRIADOR E...

— E APROVEITAR JÁ QUE NÃO IREMOS PARA CASA ESTE ANO! — terminei a frase dela impacientemente. Já havia decorado aquela frase ridícula. Malia havia falado aquilo pelo menos umas quinze vezes só hoje. E umas duzentas só esta semana

— E PRINCIPALMENTE, PORQUE É O SEU ANIVERSARIO! — dizemos juntas este pedaço.

— Eu cansei de você, sabia? — Malia grunhiu, provavemente jogando a cabeça para trás. — Você está insuportável, sério! Desde que Cody...

—  Cala a boca, Malia, sério! — tentei controlar a voz, para não demonstrar o quanto eu estava arrasada por causa disto.

— Amiga... Por favor, não me diga que está chorando de novo... Me desculpa, eu...

Não respondi, apenas fiquei encostada na porta, a segurando para que Malia não a abrisse. Não era a toa que eu estava fazendo artes cenícas. Estava na típica cena em que a mocinha escorregava lentamente pela porta, até sua bunda encontrar o chão, para que segurasse a cabeça com as mãos e esperasse as lágrimas decerem descompassadamente.

Lembrar de Cody doía muito.

Acho que não foi um bom começo, e eu juro que quando não estou na tpm/milhares de problemas — e um em específico era o motivo da confusão —  sou uma pessoa legal. Tenho 20 anos e curso artes cenícas na UCLA, estou no segundo ano e sou uma das melhores alunas da minha turma. Sou meio brasileira, digo, meu pai é brasileiro e minha mãe é britânica. Não fui para casa pelo fato de ter provas na semana de natal, seria impossível eu ir para o Brasil em cima da hora, já que meus queridos pais resolveram morar lá. Assim como meus amigos e praticamente metade da UCLA, passaremos o natal aqui e como todo ano tem a data mais especial do ano, resolveram preparar um baile de Natal, para os estudantes que ficariam no campus da faculdade. Por motivos de morarem longe, assim como eu.

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