Anjo Do Amor

Capítulo 3

  Eu não entendi muito bem o motivo pelo qual me mandaram aquela mensagem. Adivinhem o que dizia a mensagem! Sim, o mais óbvio possível. "Oi!" (O que parecia bem vago, um "Oi" com apenas um "i". Jesus, quanta desanimação.)  Eu demorei um minuto inteiro pensando se devia ou não responder aquela mensagem. Afinal de contas, eu não conhecia aquele número, podia ser um psicopata, um estrangulador ou até mesmo o Chuck, tudo é possível né? Então corri até a Marina. Sempre contei tudo a Marina. Ela é a minha "porta-voz" preferida. Sempre leva o que eu conto aos meus pais. Óbvio,  que quando eu peço.
_ MARINA?
_ O que foi, Melissa? _ E ela vira imediatamente pra mim. _ O mundo está acabando e você veio me avisar?
_ Não, Marina. É que...
_ Fale logo, menina. Você sabe que eu não me aguento de curiosidade.
  Isso eu sabia que era verdade, a Marina nunca suportou a curiosidade. Por mais que a gente mantesse um relacionamento de amigas ao invés de "babá e a criancinha" eu decidi não falar aquilo para ela. Que com certeza falaria tudo para minha mãe. 
Marina: "Dona Fernanda, acho que precisamos conversar!"
Minha mãe: "Somente Fernanda, Marina."
Marina: "Acho que um preso ou qualquer outra coisa perigosa, conseguiu o número da sua filha".
  Já imaginava a cena na minha cabeça. Minha mãe surtaria. E se fosse, apenas um colega que havia trocado de número? Não, não. Eu não podia dizer nada pra Marina. Mas antes de pensar na resposta da mensagem, tinha que pensar algo pra mudar o "rumo" daquela conversa com a Marina.
_ Eu estou precisando ir no shopping. Será que podemos ir qualquer dia?
_ Fale a verdade pra mim, Melissa. Eu sei que você detesta ir ao shopping.
  Gente, fala sério! Eu não sei mesmo mentir. Onde já se viu? Eu falar que quero fazer algo que eu nem gosto? Realmente eu detestava fazer compras. Fazer o quê?  Sou diferente das outras meninas. Prefiro ficar debaixo da  Kate, (nome que dei a árvore do jardim, quando pequena) lendo um bom livro. Paloma me condenava por isso. "Você tem que se divertir, a história de outras pessoas não tem graça. E nem a sua. Precisamos animar sua vida para que você não precise buscar refúgio nos livros" ela sempre falava exatamente assim.
_ É, Marina. Mas desta vez preciso mesmo de roupas. _ Depois de meio segundo respondi à Marina. Acredito que minha resposta a convenceu.
_ Tudo bem, vamos amanhã assim que você chegar da aula.
_ Parece justo.
  Então saí em disparada ao jardim. Era incrível como eu gostava da Kate. Fui logo digitando um outro "Oi". Daí surge o problema e a indecisão. 
"Oii" Não, muita animação.
"OI" Não. Eu não vou gritar com a pessoa logo na primeira mensagem.
"Oi :p" Caraca, seja quem for vai me achar uma babaca.
  Resolvi mandar da mesma forma como recebi a mensagem. "Oi" sem ponto de exclamação, para não parecer inveja.
  Depois disso, esperei uma mensagem de volta. Mas nada.
Olhava tanto para o celular, como jamais tinha visto.
  Já era quase noite. Então resolvi tomar um banho, e ir jantar. Quem quer que fosse não merecia toda a minha atenção assim. E sem contar, que no dia seguinte eu tinha aula, precisava me preparar psicologicamente para a aula do senhor Henson, que nunca foram muito interessantes.
  A Creusa nossa cozinheira não tinha ido lá para casa aquele dia, pelo o que ouvi da conversa da Marina ao telefone, o filho da Creusa estava doente. Então a Marina teve que preparar o jantar. É bom observar que a Marina, sempre foi otima babá, mas nunca uma boa cozinheira, até eu conseguia fazer uma comida melhor que a dela. E tenho que confessar que não sou muito boa com isso.
  Porém nem meus pais, nem eu costumávamos reclamar da comida dela. Sabíamos que ela fazia o possível.
  Ainda depois de todo esse tempo, nada de mensagem. Então, como não tinha mais nada legal para fazer, decidi deitar e ouvir uma música,  antes de pegar no sono. Minha mãe veio me dar "boa noite" e perguntou se estava tudo bem! Ela sempre fazia isso. Então acenei a cabeça dizendo que sim. Ela me deu um beijo e saiu.
  Pronto. Fim de papo. Dormi como uma pedra.