Estávamos sentados na varanda da casa do lago, em uma espreguiçadeira observando o vento tocar as folhas de outorno e as águas não muito distantes fazerem seu rumo.
Charlie estava abraçado a mim, me protegendo do frio, passando para meu corpo o calor do seu. Tudo ia bem, nosso amor estava mais forte do que nunca, nossas férias haviam chegado e ali em nossa casa do lago podíamos viver nossos momentos em paz.
Mas sabemos de uma coisa, nada na vida é perfeito. Como e quando dizer ao seu noivo que estar prestes a morrer, que o câncer a atingiu em cheio e que por mais que o ame não passará por nenhum tratamento, não lutara pela própria vida?
Sim, escolhi deixar que a maldição do câncer me levasse, porque eu não aguentaria passar por todo um processo de quimioterapia, o sofrimento interno seria pior do que qualquer doença.
Olhar os olhos de Charlie e ver pena, dor e sofrimento? Não, eu não suportaria. Pode falar que é egoísmo de minha parte, mas já parou para pensar que estou evitando sofrimento futuro, como dizem "cortar o mal pela raiz".- Por quanto tempo vou te amar? - Charlie perguntou com um sorriso em seus lábios, brincando com meus cachos loiros nos dedos.
-Enquanto as estrelas estiverem em cima de você e por muito mais tempo, se eu puder. - Respondi forçando um sorriso carregado de dor.
Ele beijou o alto de minha cabeça e aconcheguei a mesma em seu peitoral.
De algum modo ele parecia saber de tudo, mas mesmo assim não dizia nada. De qualquer forma o momento não era chegado.