Uma Noite em Vegas - CONTOS

- Aquela Noite em Vegas -

Acomodei melhor a cabeça no travesseiro, quase inconscientemente. Estava com dor de cabeça - ressaca, provavelmente - e sentia os músculos do corpo doerem, mas apesar disso eu me sentia ótimo. Arrisquei abrir os olhos de leve, não querendo acordar, e encarei um teto cor de creme. Virei o rosto para o lado da minha mesinha cabeceira e vi as roupas que usava ontem jogadas pelo quarto, fato que registrei com um sorriso no rosto. Eu já tinha reparado que estava nu. Vegas era incrível. Aquele era o quê, o terceiro, quarto dia que passávamos de folga na cidade? Ainda não havia enjoado das festas, apesar de ser mais caseiro do que Mitch e Chad. Mas não havia como não gostar de Las Vegas, isso eu tinha que admitir. Só a sensação de estar me sentindo ótimo naquele momento era suficiente. Sentia-me tão bem que soltei um suspiro, fechando os olhos, e voltei a ressonar suavemente, sem saber que aquele seria o início de um dos dias mais loucos da minha vida.

Mal havia fechado os olhos, um rugido soou do meu lado e eu voltei a abri-los no susto, procurando a fonte do barulho. Minha mente mal havia registrado uma garota nua quando ela puxou boa parte dos lençóis pra ela, quase me deixando nu. Reagindo meio retardadamente por conta do sono, puxei as cobertas para me cobrir também, sem nem notar que estava no canto da cama e, com o esforço, capotando pra trás e levando provavelmente todos os lençóis da cama comigo. Enquanto eu me remexia tentando sair do embolorado, percebi ela correndo, e não podia deixar que ela escapasse, então gritei:

- Quem é você? - se ela fosse uma fã daquelas barraqueiras, isso seria um grande problema.

Finalmente livrei minha cabeça e a encarei, desconfiado, enquanto ela se vestia em um roupão colocado em uma das cadeiras chiques do quarto. Eu não tinha reparado direito antes, mas esse quarto parecia um pouco mais chique do que o que eu me lembrava que tinha reservado com o resto da banda. Antes que eu pudesse repensar sobre isso, a garota avançou sobre um cinzeiro e segurou-o com uma mão, enquanto com a outra - a esquerda - apontava pra mim e dizia "Eu que devia perguntar isso!" Eu deveria responder logo, mas assim que ela estendeu a mão eu percebi um brilho em seu dedo e notei o detalhe: uma aliança. Além de ser uma fã louca, ela devia ser casada, o que ia me trazer quinhentos e noventa e nove problemas. Arregalei os olhos e, por motivos de lerdeza (sono), repeti meu pensamento:

- Você é casada?! - apontei para ela também, com minha mão esquerda já que sou canhoto e a mão direita segurava os lençóis sobre meu corpo. Para a minha surpresa, ela arregalou os olhos e depois fez uma cara irritada, rebatendo:

- Como é que você pode falar uma coisa tão acusadoramente, quando você também é?! Sua mulher deve vir atrás de mim com uma faca se descobrir que dormi com você! - ela falou, e seu rosto se avermelhou quando disse as últimas palavras, de forma que ela pareceu (só por um segundinho) muito fofa. Analisei-a um pouco mais e corei, levantando-me.

- Como assim? Olhando pra você, seu marido deve ser um cara muito protetor! Eu nunca mais vou poder sair na rua! - passei a mão pelo cabelo, pensando na merda que fiz. Dormir com a esposa de um cara! E se ele fosse ricaço e famoso? Eu estaria ferrado, muito ferrado. Depois dos problemas que Mitch e Chad tinham trazido à banda, Bill e todo o resto da equipe confiaram em mim pra manter as aparências da banda e todos lutamos juntos para não cairmos de tal forma. Se saísse na mídia que eu dormi com uma mulher casada - e pior, se eu a tivesse engravidado! - isso tudo estaria arruinado.

A garota de grandes olhos castanhos claro e cabelos longos e desgrenhados, num tom bonito de castanho claro, estava prestes a soltar alguma resposta bem cruel quando parou no meio do caminho, como se sua mente clareasse. Ela então falou a coisa mais surpreendente até aquele momento.

- Mas eu não tenho marido. - franziu a testa, estranhando a aliança em sua mão. Eu já ia me irritar novamente, perguntando o que diabos ela queria dizer com aquilo quando claramente tinha uma aliança de casada em seu dedo, quando eu vi.