Certezas.

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Estava frio.

O Inverno daquele ano estava sendo rigoroso demais. Através das janelas dos edifícios podiam se ver crianças brincando com a pura neve que caía dos céus, mas sendo alertados pelos pais preocupados para tomarem cuidado. Os pequenos não os ouviam. Estavam mais preocupados em atirar bolas de neve uns aos outros ou somente criar o famoso boneco de neve.

Algumas pessoas mais velhas passeavam cautelosas. Sabiam que aquele Inverno podia atacar mais as suas doenças, porém, não poderiam deixar de fazer a sua vida e se manterem enclausurados dentro de casa durante aqueles meses de frio intenso.

Os sem abrigos, coitados, tentavam se aquecer com as fogueiras improvisadas dentro dos prédios não finalizados enquanto esperavam que algum Deus humano os viesse salvar dali. E realmente, ele tinha ouvido as prezes silenciosas daqueles humanos.

Kyungsoo gostava de fazer o bem e ajudar os mais necessitados. Devido à bela conta recheada que tinha, não se importava de gastar aqueles preciosos milhões em causas humanitárias. O mesmo já tinha financiado várias ONG e mais uma dezena de causas da sua cidade.

Com as carrinhas cheias que trazia consigo, entregava com a ajuda de voluntários, algumas mantas quentes para aqueles que não tinham o poder de comprar. Tentava dar em conta que sobrevivessem àquele rigoroso tempo que no momento, não estava tão mau. Junto com as mantas, sacos de comida eram entregues. Alguns pães, sopa, um pouco de arroz com batata e carne e uma garrafa de chã quente e água. No fundo, haviam algumas notas para necessidades.

Todos tinham medo de Kyungsoo. Talvez pelo o mesmo ser bastante quieto e falar somente quando era necessário. Para não falar sobre o seu rosto. O mesmo muitas vezes era comparado com uma coruja. Os olhos grande olhavam atentamente tudo e parecia que julgava as pessoas pelo olhar. Os lábios carnudos em forma de coração muitas vezes proferiam palavras rudes e grossas, chegando mesmo a presenciar pessoas chorando ao ouvir tais sons emitidos por ele.

Mas ninguém conseguia adivinhar o quão puro era o coração dele. O quão amigável, bondoso, carinhoso, amoroso e mais uma infinidade de qualidades que o grande coração da pequena coruja possuía. Kyungsoo era beirado à perfeição. Porém, e devido ás pregas que a vida dá, trancou todas as suas qualidades a sete chaves e mostrou um outro lado seu que tinha aprendido com o seu pai. Um famoso homem de negócios que precisava de ser firme, forte, frio e cauteloso para conseguir fazer um bom contrato. E como filho deste, o pequeno Soo aprendeu tais técnicas para um dia, poder gerir a empresa criada pelo seu bisavô como seu pai fazia. E apesar de achar que só deveria usar tal personagem quando gerasse a empresa, infelizmente isso não acontecia. Somente uma pessoa conseguia retirar o seu melhor lado.

Jongin.

Pensou naquele moreno que por vezes, lhe tirava noites de sono. Eles não conversavam muito sobre si. Conversavam sobre coisas banais, como ia o "negócio" de Jongin, sua faculdade. Conversavam sobre as projeções que Kyungsoo tinha e seus sonhos para o mundo ser um lugar bem mais agradável de se viver, mais harmonioso. Mais alegre e colorido.

Tinha procurado Jongin através de um amigo seu. Um grande amigo de infância. Estava naqueles dias estressados que só lhe apetecia se trancar no quarto e chorar todas as lágrimas ainda restantes, enquanto atirava objectos que não tinham culpa contra a parede e ficava se perguntando o motivo de Deus lhe ter mandado ao mundo. O motivo de existir. O motivo de ainda respirar. O motivo de não conseguir retirar a sua própria vida. E por causa disso, e sabendo de tal coisa, Baekhyun passou o contacto daquele garoto de cor de canela.

Nunca tinha conhecido alguém assim. Jongin era incrivelmente lindo. Lindo e agradável de ficar. Tinha amado a primeira transa que ambos tinham tido e por causa disso, todas as semanas o contactava para terem mais encontros. E com isso, ambos foram ficando mais próximos. E aquele envolvimento ficava cada vez mais perigoso. Mas Kyungsoo tinha uma certeza.

Ele queria Jongin. Somente para si.

Abanou algumas vezes a cabeça. Tinha se distraído com tais pensamentos sobre aquele garoto que até tinha se esquecido do que estava fazendo. Se perguntou durante quanto tempo ficou pensando sobre ele. As carrinhas já estavam esvaziadas e não tinha mais nada que fazer ali. Antes de partir somente ouviu os agradecimentos de todos que estavam perto dele e com isso, sorriu. Não era bom com esse tipo de coisas, então preferia somente sorrir ao invés de falar algo. Em questão ao voluntários, Kyungsoo iria tratar disso depois. Agora iria num outro lugar.

Seus pés se moveram sozinhos em direção ao café perto daquele local em que estava. O poucos raios de sol já começava se escondendo por detrás as nuvens e podia já se ver a lua a saudar aquela cidade, juntamente com as estrelas que mesmo no Inverno, estava dando para vê-las.

Kyungsoo amava as estrelas. Para si, as estrelas eram as coisas mais belas do mundo, depois de Jongin. Jongin tinha um brilho natural como elas. Ofuscava o brilho dos demais. Parecia que a cada dia que passava, o seu brilho aumentava cada vez mais, fazendo com que Kyungsoo não o conseguisse enxergar direito.

Sorriu com tal pensamento.


Soo parecia uma adolescente completamente apaixonada esperando que o "senpai" a notasse. E será que não era o mesmo caso? Ficou pensando nisso pelo caminho e quando se deu conta, já estava à frente da porta da cafetaria. A empurrou e ouviu a famosa sineta na porta, indicando que alguém tinha chegado. Ficou feliz por ver que não tinha praticamente ninguém, talvez devido ao horário. Percorreu os olhos pelo lugar. Não que já não tinha ido lá, na verdade já. Mas sempre gostava de admirar o local. Apesar de ser simples, ao mesmo tempo era sofisticado e acolhedor. Algumas obras de artes estavam penduradas na parede juntamente com algumas pequenas esculturas. Kyungsoo era igualmente um amante de arte. Mas, apesar de estar admirando pela milésima vez o lugar, também estava procurando quem esperava encontrar.

Acabou por se sentar numa mesa afastada das demais perto da janela. Por ser um garoto solitário, esse era o seu sítio predileto. Tirou a vestimenta pesada que trazia consigo devido ao frio. Afinal, ali estava com uma temperatura boa devido ao aquecedor. Batia o pé freneticamente contra o chão. Será que Jongin não está cá? Mas ainda é o horário do expediente dele., pensava Kyungsoo.

-Hyung! O que lhe traz por cá?- ouviu aquela voz atrás de si e logo moveu seu rosto para o local onde vinha a voz.

E lá estava ele.

-Não pode me fazer companhia Jonginnie? Amaria a ter enquanto tomo um café.- perguntou. Na verdade, Kyungsoo estava implorando para que Jongin respondesse que sim. Queria ter a companhia do seu moreno. Afinal, tinha ido lá por causa do mesmo. Sentiu suores frios percorrerem sua espinha ao ver o moreno olhar em redor da cafetaria.

Suspirou aliviado.

E ao ver o sorriso de Jongin diretamente para si confirmando, o fez sorrir também.

Estava feliz.

Finalmente poderia conversar com o garoto fora daquele quarto luxuoso e o conhecer mais sobre o mesmo. Queria o conhecer como ninguém. Queria saber as suas manias, seus gostos musicais, teatrais, literatura. Queria saber mais sobre a história deste.

E no meio de risadas, animação e nostalgia, Kyungsoo se soltava e falava sobre si. Admirava o seu amante e a cada segundo, se entregava a ele mais um pouco do que antes. E com isso, Kyungsoo confirmou a certeza que tinha.


Ele iria fazer de tudo, mas de tudo para Jongin ser seu.


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⏰ Última atualização: Dec 21, 2015 ⏰

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