20 de dezembro
Hoje, depois de passar o dia a comprar prendas de natal e a passear por Lisboa – coisa que me encheu a alma e finalmente me distraiu nestes tempos –, fui ao Starbucks.
Tens noção que ainda me lembro da quantidade de vezes que me falaste do quão adoravas o Starbucks? Contaste-me que, para além de Lisboa ser lindíssima, vir ao Starbucks deixava-te sempre feliz; não conseguias evitar não vir ao Starbucks.
Sabes a única coisa que eu desejava? Que tivesses vindo comigo. Que tivéssemos discutido quem ia pagar os dois chocolates quentes pois és demasiado cavalheiro para deixar que eu o faça. Depois tínhamos nos sentado; e presenciavas a primeira vez que aquele cacau escaldante tocou os meus lábios. A maneira como o líquido ardeu a minha garganta, e o quão me ri da situação enquanto colocava um pacote de açúcar dentro do pequeno copo vermelho de cartão que me faz sentir mais em casa do que qualquer outra coisa me faz.
Depois fui andar de patins no gelo. A certa altura dei por mim na pista sem os meus amigos que me convidaram a vir com eles; a patinar sozinha. Senti me bem – provavelmente mais pelo facto de não ter caído uma única vez – ; mas não podia ignorar o quão sozinha me sentia.
Não física, mas psicologicamente.
E, mais uma vez, só desejava ter-te ali. A imagem de te ter de ajudar a patinar e do quão envergonhado te sentirias, não saia da minha cabeça.
Já nem me lembro da tua gargalhada; mas sei que, naquele momento, era a única melodia que o meu corpo queria acompanhar. Porque és tu. Ó se és...
O rapaz de olhos cor de caramelo não engana ninguém.
Muito menos o meu coração.