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O vento arrastava-se fria e desconfortavelmente pelas ruas nova iorquinas naquela noite escura de outono. Poucas nuvens preenchiam a tela escura e cobriam parcialmente a Lua, diminuindo a luminosidade desta proveniente. Somente a luz fornecida pelos candeeiros de rua iluminava as ruas movimentadas naquela sexta feira fria.

O casal, perfeitamente vestido contra o frio de outono, caminhava pelo passeio em direção ao restaurante, de braços entrelaçados, para mais um dos jantares organizados pelo prestigiado Mark Miller, dono e atual diretor da Akri Company.

Normalmente, somente os funcionários da empresa compareciam aos jantares, mas, neste dia, segundo ordens superiores, os companheiros e companheiras dos funcionários deveriam comparecer igualmente àquele que seria o mais importante do jantares.

Uma brisa beijou o corpo da elegante mulher vestida de negro, levando-a a aproximar o corpo do do marido. Este, por sua vez, cessou a caminhada e prostrou-se diante da amada, arrancando um olhar questionador da mesma. Ofereceu-lhe um sorriso carinhoso e despiu o seu blazer, colocando-o a envolver-lhe os ombros.

— Devias ter trazido um casaco mais quente, amor.

— Nunca pensei que estivesse tanto frio. — encolheu os ombros a loira — Vais ficar com frio, Arthur. Não devias ter-me emprestado o teu casaco.

— Não estou com frio, não te preocupes. — depositou-lhe um suave beijo na testa — Vamos? Estamos mesmo a chegar.

O moreno capturou a mão delicada da esposa e entrelaçou os dedos, iniciando, novamente, a marcha.

Um gargalhada preencheu o ar após a mulher resmungar sobre o facto de Arthur ter deixado o automóvel longe do restaurante. "Foi para estar mais tempo agarrado a ti.", respondera o ser masculino num tom de brincadeira, mesmo que a amada soubesse que era verdade.

Eram quase frequentes os momentos em que Eisinger formulava planos para estar próximo da sua alma gémea e enchê-la de mimos. O moreno adorava demonstrar todo o amor que sentia e que crescia a cada dia passado ao seu lado. Não se arrependia de forma alguma de ter lutado contra a família preconceituosa de Kira para poder ter o que tinha com ela atualmente, pois este sabia que a Miller era a mulher da sua vida, a mulher que ele sonhara para si. Desde o primeiro contato visual, numa das ruas de Los Angeles, Arthur soubera que a bela nova iorquina era a tal. Somente um sorriso fora o suficiente para ter seu coração arrebatado.

À entrada do restaurante, um jovem vestido adequadamente lutava contra o tédio, tentando manter o sorriso amigável desenhado nos seus finos lábios. No entanto, todas as suas tentativas falhavam.

Com certeza, confirmar reservas num restaurante de Nova Iorque não era o seu trabalho de sonho, nem, ao menos, era divertido, mas, se queria terminar o seu tão ambicionado curso de Jornalismo, teria de fazer todos os sacrifícios, mesmo que implicasse não se divertir com os seus amigos.

Assim que percebeu o casal atravessar as portas do estabelecimento, recompôs a postura e rasgou o mais falso sorriso simpático que fora capaz, mesmo tendo ciência de que o seu verdadeiro estado emocional era suficientemente evidente nos seus traços.

— Boa noite! Os vossos nomes, por favor. — pediu educadamente, dividindo a atenção entre o computado e o casal.

— Arthur e Kira Eisinger.

Após confirmar a reserva, James, como indicava a plaquinha prateada em sua vestimenta, chamou um dos seus colegas e incumbiu-o de encaminhar os clientes até à sala destinada. Com um sorriso amigável a derreter-lhe no rosto, desejou-lhes um ótimo jantar e permaneceu a vê-los afastarem-se, desejando que o seu turno terminasse imediatamente.

Spy || L.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora