between realms

*1*

17 de abril

"Querido Diário, decidi que já é hora de começar a escrever, eu lembro como se fosse ontem o dia que minha mãe me deu meu diário e meu pai me deu minha correntinha com pingente de borboleta.
Ele sempre disse que as borboletas são mini fadas que trazem luz para a escuridão, e eu sempre amei as borboletas.
Mas meu pai se foi, e eu nunca mais vi uma borboleta pelo reino, é como se elas se sustentassem pela energia dele, e quando ele se foi não havia mais nada que as motivaram a ficar.
Amanhã será meu aniversário de 16 anos, e o dia que minha vida vai mudar. Não sei o que vai acontecer depois, se irei completar as fases ou ao menos como elas são. Só sei que queria que meu pai estivesse comigo para me ajudar a enfrentar tudo isso, para me dar forças, para me tornar a melhor rainha do agrupamento de reinos Orion.
Mas como ainda não sou a rainha e não tenho o peso de 8 reinos sobre as costas, preciso aproveitar meu tempo como "menina livre", e nada melhor que passar os dias com meus amigos do vilarejo Jake e Jessica.
Minha mãe não quer que eu os convide para minha festa amanha, mas é claro que não deixarei meus melhores amigos de fora.
É minha festa. Meus convidados.
Festa. Não sei se fico empolgada ou com medo. A partir de depois de amanhã vou começar meu treinamento com feitiços e como controlar o poder que nasceu comigo assim como em meu pai.
Esse poder é destinado apenas ao verdadeiro rei ou rainha, - pelo jeito eu não sou falsificada.
Eu venho treinando um pouco escondida - se minha mãe descobre... uma semana trancada no quarto no mínimo - com um livro que achei na biblioteca do meu pai.
Hoje tem jogo de basquete entre nosso reino contra o reino de Hestordean, eles nunca perderam um jogo, eu prometi à Jake que iria ver-lo jogar... mas era para ele e Jess virem me encontrar na entrada do castelo e até agora eles não chegaram...mas eu sei que..."

Ouço a porta bater e a cabeça de Julian, nosso mordomo aparece entre a fresta.
-Senhorita Mia, encomodo? - ele diz
-Não, não eu só estava escrevendo um pouco, precisa de alguma coisa?
-Não senhorita, só vim lhe avisar que seus amigos estão à espera da senhorita lá fora.
-Ah claro, diga a eles que já estou indo, e obrigado Julian - digo em um sorriso simpático.
Julian acena com a cabeça e sai. Fecho meu diário, tiro o vestido que estava vestido e coloco uma calça jeans e uma blusa simples, pego minha jaqueta e saio em devagar para que minha mãe não me veja saindo do quarto.
É bem... ela não sabia que eu estava saindo, se soubesse eu não estaria nem de calça - ela diz que calças são para homens e não para uma princesa futura rainha - ela mandaria queimar como ja fez varias vezes, mas sempre peço à Jess trazer do vilarejo para mim e escondo em um fundo falso na minha comoda. Usando roupas normais eu me sinto mais... normal.

Jake me espera no portão apoiado na grande grade de ferro, com um sorriso branco perfeito.
-Aah até que enfim a donzela acordou. Pensei que teria que pegar meu cavalo viajar por horas e horas para despertar a princesa com um beijo de amor verdadeiro.
-Haha engraçadinho... desculpe decepciona-lo oh grande príncipe dos cavalos, mas eu já estou comprometida.
O que era verdade. É comum os lordes e duques, ou reis de outros reinos, oferecerem seus filhos e filhas para casar com alguém de certa superioridade, ou para aumentar a fortuna ou para ter a coroa.
Eu, por exemplo. Nosso reino não pode ter apenas uma rainha - tirando minha mãe claro mas pelo motivo da morte de meu pai ela teve a escolha de não precisar se casar novamente - entao serei obrigada a casar-se com Dylan Cavhang, filho do rei de Toreend, um reino muito rico que a pouco tempo estava em guerra.
Como meu pai o ajudou a vencer, ele literalmente deu seu filho para que se casasse comigo. Meu pai aceitou, eu não discuti na época porque era muito pequena, mas agora que entendo estou fazendo de tudo para esse casamento não acontecer. Não quero casar com um ser que não conheço.
-Aha pensei que iriamos acabar perdendo o jogo! - Jess aparece por trás me abraçando.
-Bom perde nós vamos, mas eu queria pelo menos chegar no ginásio - brinca Jake.
-Então vamos, mas Jake sinto muito por seu time ser tão ruim... - rio e dou um tapinha em seu ombro.
-Eu sei... Não sei como não fui para um time melhor, meu talento está sendo escondido por causa daquele time ruim - falou Jake com um certo drama na voz.
-Convencido? - olho para Jess
-Naaao imagina, totalmente sincero...

Descemos de apé até o ginásio, o motorista do palácio já desistiu de pedir se eu queria que ele me levasse à algum lugar.
Ele sabe que teimar comigo é guerra perdida.
Andamos conversando até o ginásio.